Trabalho e diversidade sexual e de gênero: dilemas entre a inserção econômica e social no mercado de trabalho e as estratégias de sobrevivência da população LGBT
DOI:
10.31560/2595-3206.2020.10.10443Resumo
O presente artigo tem como proposta refletir sobre as formas de inserção econômica e social no mercado de trabalho e as estratégias de sobrevivência da população (LGBT) lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no capitalismo contemporâneo. O objetivo é compreender como e em quais condições a população LGBT tem sido inserida no mercado de trabalho e as estratégias de sobrevivência encontradas por essa população para garantir a sua reprodução social quando não estão inseridas. Metodologicamente, as reflexões aqui apontadas partem de um relato de experiência, na prerrogativa da sistematização da prática, da atuação do Serviço Social no (CECH) Centro Estadual de Combate à Homofobia do Estado de Pernambuco. Teoricamente, nos ancoramos na Teoria Social Crítica nos estudos sobre o Trabalho, em interlocução com as produções acadêmico-científicas sobre a temática de gênero e sexualidade. Como resultados, compreendemos que as formas de inserção no mundo do trabalho dos sujeitos que, em razão de assumirem suas identidades de gênero ou orientação sexual, são historicamente oprimidos, como uma das estratégias do capital em recriar as modalidades da divisão sexual do trabalho e ampliar as suas possibilidades de extração da mais-valia. Nessa mesma direção, apreendemos que, em uma sociabilidade que reforça valores individualistas, esses mesmos sujeitos, no anseio de garantir a sua reprodução social, procuram, de forma particular, estratégias de sobrevivência de modo a suprir suas necessidades básicas vitais.
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