Narrar e ressignificar: quando não há como desassociar as questões de gênero/sexualidade de raça
DOI:
10.31560/2595-3206.2021.13.11429Resumo
Esse texto tem por objetivo discorrer sobre o recorte de uma pesquisa realizada no âmbito da formação continuada de professores que buscou pensar os processos de produção de conhecimentos e significações sobre gênero e sexualidades tecidas a partir de apropriações de narrativas audiovisuais e articulações teóricas em espaçostempos[1] de formação continuada de docentes. Trata-se do recorte de uma investigação que foi desenvolvida como uma pesquisa-formação-intervenção, tendo como campo de estudo o grupo de professores e professoras de uma escola pública de ensino fundamental da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro. A proposta foi investigar fragmentos da tessitura das redes de saberesfazeres sobre gênero e sexualidades criadas com usos de narrativas audiovisuais articulando com os contextos dentrofora dos cotidianos escolares, porém, buscando percebê-las e problematizá-las no momento em que estão sendo entrelaçadas e transformadas nos cotidianos da formação continuada. Para este texto, destaco os atravessamentos com as questões de raça que emergiram nas discussões, nos mostrando a impossibilidade de desassociar as opressões e discriminações que se intersecionam em contextos diversos, e a escola não fica fora disso. Para vivenciar fragmentos dessas redes, nos espaçostempos dos cotidianos escolares, organizamos a proposta da pesquisa-formação-intervenção propondo exibição de filmes com o intuito de disparar conversas relacionadas ao tema proposto. Essa pesquisa se insere na tendência de pesquisas em educação conhecida como nos/dos/com os cotidianos e, assim, entende que as praticantes pesquisadas são, acima de tudo, sujeitos e coautoras do estudo desenvolvido. Com este trabalho apostamos nas conversas e reflexões coletivas que foram lançadas fazendo-se presentes na busca de serem instituídas relações mais justas, combatentes dos processos de violência e exclusões motivados por diferenças, sejam elas de gênero e sexualidades e da produção do desejo de perceber a diferença como potência nos cotidianos das escolas.
Palavras – Chave: Currículos em redes. Gênero e sexualidades. Formação continuada de professores. Raça
[1] Esse modo de escrita surge da necessidade, entendida pelo grupo de pesquisa, de superar as dicotomias impostas pelo modo hegemônico de fazer ciência. Palavras como espaçostempos, saberesfazeres, práticateoriaprática, aprenderensinar surgiram juntos em itálico por acreditarmos na indissociabilidade desses termos.
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