Esta é uma versão desatualizada publicada em 2021-07-14. Leia a versão mais recente.

USO DE PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS EM COMUNIDADES DA FLONA TAPAJÓS

Autores

  • Danielly Caroline Miléo Gonçalves daniellycmg@gmail.com
    Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0521-115X
  • João Ricardo Vasconcellos Gama jrvgama@gmail.com
    Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3629-3437
  • Jéssica Ariana de Jesus Corrêa jehssicorrea@yahoo.com.br
    Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2691-6020
  • Raimundo Cosme de Oliveira Junior cosme@cpatu.embrapa.br
    Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Belém, PA, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2735-1746

DOI:

10.31413/nativa.v9i3.11598

Palavras-chave:

artesanato, biojóias, população tradicional, Amazônia.

Resumo

O objetivo deste artigo é caracterizar o uso dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) pelas populações ribeirinhas em comunidades na Flona Tapajós, compreendendo as questões relacionadas às principais espécies coletadas, seus usos e atribuição de valor aos produtos confeccionados. Foi realizado um Diagnóstico Rápido Rural (DRR) com os coletores de PFNMs, e entrevistas com um total de 10 artesãos. As espécies mais citadas foram: morototó, tento vermelho, tento amarelo, saboneteira, açaí, jutaí e lágrima de nossa senhora que são utilizadas na produção de artesanatos e biojóias; também se utiliza as fibras (buriti, tucumã e curuá) e as madeiras (coração de negro, itaúba, cedro, arara castanha e molongó). As biojóias variam de valor entre R$2,00 a R$20,00 e as peças ornamentais de madeira de R$10,00 a R$300,00. As principais vantagens de trabalhar com PFNM apontadas na entrevista são a facilidade de coletar sementes, o fato de ter demanda e gerar renda aos artesãos envolvidos. As dificuldades mencionadas são a coleta das sementes do morototó e paricá e o acesso as árvores na floresta. Jamaraquá, Maguari e São Domingos são exemplos bem-sucedidos de que os produtos oriundos da floresta têm mercado consolidado e são representação cultural e social dos povos da floresta.

Palavras-chave: artesanato; biojóias; população tradicional; Amazônia.

 

Use of non-wooden forest products in the National Forest of Tapajós communities

 

ABSTRACT: The aim of this article is to characterize the use of non-timber forest products (NTFP) by riverine populations in communities in Flona Tapajós, including issues related to the main species collected, their uses and attribution of value to the manufactured products. the use of non-timber forest products (NTFP) by riverine populations in communities in Flona Tapajós, including issues related to the main species collected, their uses and attribution of value to the products made. A rapid rural appraisal (RRA) was conducted with community NTFP collectors, followed by interviews with the artisans, including a total of 10 people. The most cited species in the RRA were morototó, bead tree, tento amarelo, wingleaf soapberry, açaí palm, jutaí, and Job’s tears, which are used to produce handicrafts and bio-jewels. In addition, buriti, tucumã, and curuá fiber and lapachillo, itaúba, cedar, arara castanha, and molongó wood were used. The price of bio-jewels varies from BRL 2 to 20, and of the wood ornamental pieces from BRL 10 to 300. The main advantages of working with NTFP highlighted in the interviews were that seed collection is easy, that there is demand, and that income is generated for community members. The difficulties mentioned were the collection and processing of morototó and paricá seed, and access to trees. Jamaraquá, Maguari, and São Domingos are successful examples of forest products that consolidated the market and are cultural and social representation of the forest peoples.

Keywords: handicrafts; bio-jewels; traditional population; Amazon.

Biografia do Autor

Jéssica Ariana de Jesus Corrêa, Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil.

Programa de Pós-graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento

Raimundo Cosme de Oliveira Junior , Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Belém, PA, Brasil.

 Embrapa Amazônia Oriental, Supervisor NAPT Médio Amazonas,

Referências

AHENKAN, A.; BOON, E. Assessing the impact of forest policies and strategies on promoting the development of non-timber forest products in Ghana. Journal of Biodiversity, v. 1, n. 2, p. 85-102, 2010.

ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; MORAES, G.; LEONARDO, J.; SPAROVEK, G. Koppen’s climate classification map for Brasil. Meteorologische Zeitschrift, Berlin, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013. DOI: 10.1127/0941-2948/2013/0507

AMARAL, P.; AMARAL NETO, M.; NAVA, F. R.; FERNANDEZ, K. Manejo Florestal Comunitário na Amazônia Brasileira: avanços e perspectivas para a conservação florestal. Brasília: Serviço Florestal Brasileiro-SFB, 2007, 20p. Disponível em: http://www.florestal.gov.br/documentos/publicacoes/1685-manejo-florestal-comunitario-na-amazonia-brasileira/file. Acesso em: jun.2019.

ANDRADE, F. A. V.; LIMA, V. T. de. Artesão e o artesanato em madeira no Município de Parintins – AM sob a ótica da sustentabilidade. Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, Málaga, p.1-6, 2016.

BRASIL. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Brasília: DOU de 19/07/ 2000.

CALDERON, R. A. Mercado de Produtos Florestais Não Madeireiros na Amazônia brasileira. 84f. 2013. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2013.

CAMPOS, J. de A.; FONSECA, S. R. P. da; MENESES, M. C. de; HAMADA, M. O. de S. Etnobotânica de produtos florestais não madeireiros em Comunidade da Reserva Extrativista Verde para Sempre, Porto de Moz, Pará. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 11, n. 21, p. 1059-1067, 2015.

CARVALHO, J. M. de. Ritual da tucandeira da etnia Sateré-Mawé: língua, memória e tradição cultural. 153f. 2015. Dissertação (Mestrado em Letras e Artes) – Universidade Estadual do Amazonas, 2015.

CHAMBERS, R. Rural Development: Putting the last first. London and New York: Routledge, 2013. 198p.

CROMBERG, M.; GRECO, T. M. Estratégias de Adaptação das comunidades na Floresta Nacional do Tapajós. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, p. 1-19, 2008. Disponível em: https://projects.ncsu.edu/project/amazonia/brazil_proj/Result/Greco_Cromberg_tapajos.pdf

ELIAS, G. A.; SANTOS, R. dos. Produtos florestais não madeireiros e valor potencial de exploração sustentável da Floresta Atlântica no sul de Santa Catarina. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 1, p. 249-262, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.5902/1980509821117

GAMA, J. R. V.; VIEIRA, D. S.; SANTOS, S. S. dos; SANTOS, M. R. G. Potencial de produção dos seringais de Jamaraquá, estado do Pará. Advances in Forestry Science, Cuiabá, v. 4, n. 1, p. 77-82, 2017. DOI: 10.34062/afs.v4i1.4152

GONÇALVES, D. C. M.; CORRÊA, J. J.; GAMA, J. R. V.; OLIVEIRA JÚNIOR, R. C. Análise da vegetação secundária em unidades de conservação: o uso de recursos florestais por comunidades tradicionais. Nature and Conservation, Aracajú, v. 12, n. 1, p. 1-9, 2019. DOI: https://doi.org/10.6008/CBPC2318-2881.2019.001.0001

GONDIM, N. D. Diagnóstico preliminar do perfil do comércio virtual de biojóias. In: Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em estudos de economia e mercado florestal, II, 2015. 74p. Disponível em: https://www.florestal.gov.br/documentos/informacoes-florestais/premio-sfb/ii-premio/monografias-ii-premio/graduando-1/576-ganhador-1-lugar-graduando-monografia/file

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A Floresta Nacional do Tapajós, 2017. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/flonatapajos/.

IMPERADOR, A. M.; WADT, L. H. O. Certificação de produtos florestais não madeireiros na perspectiva mercadológica de associações extrativistas no Estado do Acre. Holos, Natal, v. 30, n. 1, p. 126-135, 2014.

ITTO - International Tropical Timber Organization. Projeto ITTO PD 68/89 REV 1 (F): Manejo da Floresta Nacional do Tapajós para a produção sustentada de madeira industrial. Santarém, IBAMA/ITTO, 2004. 580p.

LOPES, J. R.; SCHIERHOLT, A. F. P. Produção de biojóias no Norte do Brasil: Análise dos impactos institucionais, ambientais e de mercado em redes de sustentabilidade locais. Revista InterEspaço, Grajaú, v. 4, n. 14, p. 155-173, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2446-6549.v4n12p155-173

MENTON, M. C. Effects of logging on non-timber forest product extraction in the Brazilian Amazon: community perceptions of change. International Forestry Review, v. 5, n. 2, p. 97-105, 2003.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 28 ed. Petrópolis: Vozes, 2009. 80p.

MOREIRA, J. C.; BURNS, R. Turismo, manejo de uso público e a percepção dos visitantes: coleta de dados na Floresta Nacional do Tapajós (Pará). In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, VIII, 2015. Conference Paper... Curitiba: Fundação Grupo Boticário, 2015. 9p.

PAES-DE-SOUSA, M.; SILVA, T. N. da; PEDROZO, E. A.; SOUZA FILHO T. A. de. O Produto Florestal Não Madeirável (PFNM) amazônico açaí nativo: proposição de uma organização social baseada na lógica de cadeia e rede para potencializar a exploração local. Revista de Administração e Negócios da Amazônia, Porto Velho, v. 3, n. 2, p. 44-57, 2011.

PEREIRA, C. M. de S.; ASSIS, W. S. de; SÁ, T. D. de A. Extrativismo de produtos florestais não madeireiros na Amazônia: Conjuntura, políticas públicas e experiências. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, Belém, v. 13, n. 23, p. 53-78, jul./dez. 2016.

SANTOS, K. M. P. dos; SILVA, R. J. N. da. O uso dos recursos naturais do cerrado para produção artesanal: um estudo de caso entre os índios Krahô. Revista Nera, Presidente Prudente, v. 33, n. 1, p. 20-46, 2016. DOI: https://doi.org/10.47946/rnera.v0i33.3109

SANTOS, M. F.; COSTA, D. L.; GAMA, J. R. V.; SOUSA, I. R. L.; FREITAS, B. B. Produção de biojóias e geração de renda de artesãs na comunidade Jamaraquá, Belterra, Pará. Cadernos de Agroecologia, v. 13, n. 1, p. 6-11, 2018. Disponível em: http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/index.php/cadernos/article/view/524/883

SANTOS, R. da S.; COELHO-FERREIRA, M. Estudo etnobotânico de Mauritia flexuosa L. f. (Arecaceae) em comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, Pará, Brasil. Acta Amazonica, Manaus, v. 42, n. 1, p. 1 – 10, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0044-59672012000100001

SARLO, H. B. Influência das fases da lua, da época de cortes e das espécies de bambussobre o ataque de Dinoderus minutus (Fabr.) (Coleoptera: Bostrichidae). 63f. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2000.

SARMENTO, F. Design para a sustentabilidade na Floresta Nacional do Tapajós. In: Seminário de Pesquisas Científicas da Floresta Nacional do Tapajós, II. Anais... Santarém: ICMBio, 2014. p. 111-126. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/flonatapajos/images/stories/destaques/anais_II_seminario_de_pesquisas.pdf

SEBRAE_Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Manejo sustentável da matéria-prima para o artesanato. Boletim de resposta técnica, 2014. 7p.

SHACKLETON, S.; PAUMGARTEN, F.; KASSA, H.; HUSSELMAN, M.; ZIDA, M. Opportunities for enhancing poor women’s socio-economic empowerment in the value chains of three African non-timber forest products (NTFPs). International Forestry Review, v. 13, n. 2, p.136–151, 2011.

SHANLEY, P.; PIERCE, A. R.; LAIRD, S. A.; BIMMQÜIST, C. L.; GUARIGUATA, M. R. From lifelines to livelihoods: non-timber forest products into the twenty-first century. In: Tropical Forestry Handbook, 2015. p. 1-50. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-642-41554-8_209-1

SILVA, L. V. M. da. A produção de artesanatos pela Avive como uma proposta de design sustentável. 2011. 124. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM, 2011.

SILVA, M. de A.; NEVES, R. J.; NEVES, S. M. A. da S. Possibilidades de incorporação do processamento do cumbaru do assentamento Facão, Furna São José, na cadeia produtiva do turismo rural: estudo de caso na fronteira Brasil/Bolívia. Interações, Campo Grande, v. 17, n. 4, p. 591-605, out./dez. 2016.

SILVA, R. E. da; BONFIM, F. da; GARCIA, M. N. Coletoras de sementes do Tapajós: mulheres, saberes práticos, relações de gênero e a floresta saberes práticos, relações de gênero e a floresta. Revista Vivência, Natal, v. 43, p. 85-95, 2014.

SILVA, R. E. da; SOUZA, R. R.; BONFIM, F. S. A extração do látex e a coleta de sementes em comunidades da FLONA Tapajós: bases empíricas para discussão da racionalidade ambiental. Gaia Scientia, João Pessoa, Edição Especial, v. 10, n. 1, p. 126-132, 2016.

ZEA, E. S. 'Waiwai' Povos Indígenas do Brasil. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006. Disponível em: < https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Waiwai>. Acesso em: 24 de agosto de 2018.

Downloads

Publicado

2021-07-14

Versões

Como Citar

Miléo Gonçalves, D. C., Vasconcellos Gama, J. R. ., Corrêa, J. A. de J., & de Oliveira Junior , R. C. . (2021). USO DE PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS EM COMUNIDADES DA FLONA TAPAJÓS. Nativa, 9(3). https://doi.org/10.31413/nativa.v9i3.11598

Edição

Seção

Ciências Ambientais / Environmental Sciences