Avaliação da acurácia do mapeamento de rios de primeira ordem em cartas topográficas no Sudoeste do Paraná
Palavras-chave:
Rede de drenagem;, Tipologia de fluxo;, Qualidade dos dados geoespaciais, Acurácia de completude, Acurácia temáticaResumo
O mapeamento da rede de drenagem apresenta limitações metodológicas que restringem o seu uso em estudos ambientais, comprometendo os trabalhos nele alicerçados. Dessa forma, o trabalho buscou avaliar a acurácia do mapeamento dos rios de primeira ordem nas cartas topográficas de Francisco Beltrão, do Rio Santana, de Marmeleiro e de Renascença, ambas na escala 1:25.000 e localizadas no sudoeste estado do Paraná (SO/PR). Para isso, foram verificadas em campo, durante o período de estiagem, a presença e a tipologia de fluxo de 80 rios de primeira ordem e comparados com os registros nas cartas topográficas. Para a acurácia de completude, verificou-se apenas erros de omissão: dos 40 rios permanentes avaliados, apenas 2 (5%) que apresentaram extensão acima de 250 metros não estavam mapeados e dos 40 rios temporários, a omissão de rios acima de 250 metros subiu para 6 (15%). Nesse caso, demonstra que as técnicas utilizadas no mapeamento de rios de primeira ordem foram mais eficazes para os permanentes. Em relação à acurácia temática, todos os 21 rios mapeados como temporários (52,5%), foram atribuídos corretamente a tipologia de fluxo e, dos 36 rios mapeados e identificados em campo como permanentes (90%), apenas 1 rio tinha o seu fluxo identificado corretamente. Foi verificada uma acurácia global de 46,25% e que os problemas relatados nas bases cartográficas utilizadas por diversos autores, também ocorreram nas cartas topográficas estudadas. Os resultados da pesquisa servem de alerta para que trabalhos futuros realizem a sua validação antes da sua utilização, independentemente da escala de trabalho.
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