Movimento feminista lésbico e negro e a desconstrução da hegemonia do conhecimento na universidade
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Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar argumentos que buscam favorecer reflexões e valorizar o movimento feminista lésbico e “Negro” na produção de conhecimentos dissidentes, não hegemônicos sobre gênero, sexualidade, entrelaçamentos de marcadores sociais da diferença, na universidade, considerando desafios da sensibilização pedagógica e acadêmica por professoras(es) na desconstrução de (pre)conceitos e superação das dicotomias gênero e sexo, rompendo com binômios tradicionais. Entendemos que o feminismo é um movimento que traz em sua trajetória, uma história de resistência e, a cada dia, surgem novas perspectivas quando se pensa em respeito aos direitos da mulher, igualdade de gênero, hierarquias e assimetrias reproduzidas pela sociedade. Nesse contexto, os estudos feministas lésbicos e Negros têm se multiplicado, diversificado e, cada vez mais, se legitimado como campo de conhecimento e discussão sobre problemáticas femininas na universidade. Mas, apesar de avanços, ainda há um longo caminho para reclamar o caráter hegemônico do conhecimento e sua desconstrução no ensino, pesquisa e formação. A universidade é uma instituição social, lugar de construção do conhecimento, formação de professoras (es) e alunas (os) e, nesse campo, se destaca como espaço de potencialidades e conflitos, mas também, apropriado para refletir sobre sensibilização, formação a respeito da diversidade e mostra seus desafios à transformação social, mas também, é reconhecida como espaço contraditório (CHAUI, 2003). Todavia, é igualmente nesse espaço que se tem produzido um relevante movimento de transformação social, marcado pela busca crescente de formação de professoras (es) e alunas (os) nas temáticas de gênero, sexualidade, raça/etnia dentre outras. Portanto, um lugar apropriado para buscar embasamento para estudar, entender, repensar epistemologias feministas, romper com o silêncio e buscar estratégias no combate às violências homofóbicas e heterossexistas. Nela, é possível ensinar pessoas, possibilitar a revisão de conceitos, empoderar e fortalecer movimentos de resistência contra discriminações, gêneros hegemônicos. Com apoio teórico de hooks (2019), Lorde (2019), Rich (2010), é possível observar diferentes formas de saberes e práticas docentes sobre essas questões e, por isso, é importante analisar discursos para evitar (pre) conceitos e o uso de categorias coloniais, autoritárias, patriarcais, racistas e heteronormativas historicamente naturalizadas (FRANÇA, PADILLA, 2013). Estes movimentos exigem reconhecimento não apenas da mulher como sujeito da história, mas produtora de ciência/conhecimento na perspectiva autônoma e crítica. Nos últimos anos, a literatura (MACIEL, 2018) sobre o tema tem demonstrado que docentes têm grande importância para a desconstrução de padrões eurocêntricos e heterossexuais presentes na universidade. Afinal, sua atuação docente, política e autônoma pode ser uma ferramenta importante para analisar, de forma crítica, marcadores sociais de opressão que existem em diversas esferas sociais, o que mostra a relevância do movimento feminista lésbico e Negro para a desnaturalização do privilégio epistêmico que inviabiliza conhecimentos que não são eurocentrados e hegemônicos. Por fim, esperamos contribuir com a literatura já existente sobre o tema, trazendo novas discussões sobre a atuação do professor na (des) construção de (pre) conceitos de gênero, a compreensão sobre opressões do corpo feminino, lésbico e negro e da necessidade de buscar estratégias para provocar mudanças de padrões acadêmicos hegemônicos por entrecruzamentos críticos e epistêmicos.
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