O eu e o outro e o que conta como humano: o desejo pelo reconhecimento e pela eliminação das diferenças
DOI:
10.31560/2595-3206.2020.12.10845Resumo
O presente ensaio faz um exercício de reflexão sobre a construção das identidades e diferenças, problematizando como o eu se constrói a partir de um outro e o que ocorre quando no processo de formação do sujeito há um desejo não de reconhecimento, mas de eliminação do outro. Em seguida, apresenta brevemente as noções de estigma, anormalidade e a noção de abjeção como forma de compreender os processos de negação e não reconhecimento de sujeitos, bem como aborda a luta por reconhecimento empreendida por sujeitos historicamente construídos como outros. Por fim, é feita uma reflexão sobre as políticas de eliminação do outro, trazendo o conceito de necrobiopoder para argumentar de que o Estado e a sociedade põe em ação técnicas de fazer viver, fazer morrer e fazer matar a própria população, essas duas últimas, em especial, direcionadas a sujeitos tidos como subalternos, abjetos, estigmatizados, monstros e anormais. Os debates suscitados apontam para a necessidade de questionar sobre qual o lugar que a diferença e o(s) outro(s) ocupam nas relações sociais e o que conta ou pode contar como humano em nossa sociedade.Referências
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