ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA, DIREITOS HUMANOS E AUTORITARISMO DIGITAL

UMA ANÁLISE DO CASO DOS UIGURES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56267/rdtps.v11i20.17765


Palavras-chave:

Escravidão contemporânea, Uigures, Discriminação étnica, Autoritarismo digital

Resumo

A vulnerabilização e a discriminação são fatores de risco para a escravização de pessoas em todo o mundo. Na Ásia Oriental, há uma estreita ligação entre as observações feitas a respeito da violação de direitos humanos na província chinesa de Xinjiang contra os uigures (minoria étnica naquele país) e os conceitos de escravidão contemporânea. Relacionado ao tema, encontra-se a noção de autoritarismo digital e o uso de novas tecnologias no arsenal repressivo chinês. O objetivo do presente artigo é analisar a exploração laboral da minoria muçulmana uigur na China e suas possíveis repercussões nas cadeias de produção a nível global. A partir de um estudo bibliográfico e do direito internacional sobre a escravidão contemporânea, a pesquisa se aprofunda no estudo dos uigures com base nas observações de campo realizadas por analistas e jornalistas internacionais, de relatórios de direitos humanos, da literatura especializada existente sobre o assunto, de depoimentos de membros da comunidade uigur. Desde 2016, autoridades chinesas vêm aprofundando constantemente a discriminação contra a população predominantemente muçulmana uigur. Atualmente, a China é considerada um dos países mais avançados em termos de repressão digital. A escravização é uma das formas pelas quais o Partido Comunista Chinês discrimina os uigures. 

Downloads

Biografia do Autor

  • Jules Ponthieu, Universidad de Salamanca

    Doutorando em Ciência Política pela Universidad de Salamanca. Mestre em Estudos Globais pela Universidad de Salamanca. Mestre e Cientista Político pela Science Po Lille.

  • Lucas Isaac Soares Mesquita, Universidad de Salamanca

    Doutor em Direito do Trabalho pela Universidad de Salamanca, Mestre e Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas.

  • Ángela Suarez Collado, Universidad de Salamanca

    Professora Associada do departamento de Ciência Política e Administração Pública da Universidad de Salamanca. Formada em Ciências Políticas e Sociologia pela Universidade de Granada, tem mestrado em Estudos Internacionais do Mediterrâneo e doutorado em Estudos Árabes e Islâmicos pela Universidade Autônoma de Madri. Pós-doutora no Käte Hamburger Kolleg-Centre for Global Cooperation Research (Alemanha).

Referências

BALES, K. O impacto da escravidão nas mudanças climáticas. In L. SAKAMOTO (org.). Escravidão contemporânea. São Paulo: Contexto, 2020.

BHOOLA, U. Los nuevos retos para la erradicación de las formas contemporáneas de esclavitud. In E. P. ALONSO (dir.). El derecho ante las formas contemporáneas de esclavitud. Valencia: Tirant lo Blanch, 2017.

BRONSTEIN, A. Erradicación del trabajo forzoso: perspectivas desde Ginebra, Estrasburgo y San José. Revista de Derecho Aplicado LLM UC, Santiago, n. 4, dec. 2019.

BUCKLEY, C.; MOZUR, P.; RAMZY, A. How China turned a city into a prision. The New York Times, 04 abr. 2019. Disponível em: https://www.nytimes.com/interactive/2019/04/04/world/asia/xinjiang-china-surveillance-prison.html. Acesso em: 15 set. 2023.

CAVALCANTI, T. M. Sub-humanos: o capitalismo e a metamorfose da escravidão. São Paulo: Boitempo, 2021.

CARIOU, A. Xinjiang: une nouvelle politique de développement pour une stabilité durable? Outre-Terre, 48, pp. 305-312.

CASTETS, R. Opposition politique, nationalisme et islam chez les Ouïghours du Xinjiang. Paris: Les Etudes du CERI, 2006.

CUNHA, L. L. N.; PONTHIEU, J.; MESQUITA, L. I. S. Sex, money and modern slavery: trafficking of travestis and transwomen from Brazil to Europe for sexual exploitation. Ameryka Łacińska, Varsóvia, n. 3, pp. 75-100, 2022.

DEFRANOUX, L. “Casser la société oüighoure» par le travail et le déplacement forcés. Libération, 05 mar. 2021. Disponível em: https://t.ly/V-0jg. Acesso em: 08 mar. 2021.

DEFRANOUX, L. Oüighours: esclavage moderne dans les champs de coton chinois. Libération, 14 dez. 2020. Disponível em: https://t.ly/SNvO. Acesso em: 08 mar. 2021.

DOTTRIDGRE, M. A história da proibição da escravidão. In L. SAKAMOTO (org.). Escravidão contemporânea. São Paulo: Contexto, 2020.

FELDSTEIN, S. The rise of digital repression. London: Oxford University Press, 2021.

FERNÁNDEZ, J. A. N. La sobreexplotación del trabajo en la agricultura. El caso de los trabajadores de la Hacienda Brasil Verde. In E. P. ALONSO; S. O. ENCABO (dirs.). Formas contemporáneas de esclavitud y derechos humanos en clave de globalización, género y trata de personas. Valencia: Tirant lo Blanch, 2020.

GOLDMAN, D. Esclavos siglo XXI: maquiladores, explotación sexual y otras formas de servidumbre. México, D.F.: L. D. Books, 2014.

Krajka, D. (2009.) Xinjiang: l’énergie attise le conflit. L’Usine Nouvelle, 8 jul. 2009. Disponível em: https://www.usinenouvelle.com/article/xinjiang-l-energie-attise-le-conflit.N114175. Acesso em: 21 set. 2021.

LEFILLIÂTRE, J., “Oüighours: dans le prêt-à-porter, du coton made in ‘travail forcé’”, Libération, 14 dez. 2020. Disponível em: https://www.liberation.fr/planete/2020/12/14/ouighours-dans-le-pret-a-porter-du-coton-made-in-travail-force_1808659/. Acesso em: 08 mar. 2021.

MESQUITA, L. I. S. Escravidão contemporânea: definições, evolução hermenêutica e sua reprodução. In A. N. SILVA; A. UGÁ NETO; R. N. SANTIAGO. Temas de crítica ao Direito, vol II. Maceió: Edufal, 2023a.

MESQUITA, L. I. S. Trabajo esclavo contemporáneo de migrantes en Brasil: un análisis del papel de la gobernanza internacional. In W. SANGUINETI RAYMOND (dir.); K. C. SEGA; A. P. LEDESMA; L. I. S. MESQUITA (coords.). Nuevas tecnologias, derechos humanos y negociación colectiva. Valencia: Tirant lo Blanch, 2023b.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO; WALK FREE FOUNDATION; ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL PARA AS MIGRAÇÕES. Global estimates of modern slavery. Geneva: 2017.

ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS. Formas contemporáneas de la esclavitud que afectan a las personas pertenecientes a comunidades étnicas, religiosas y lingüísticas minoritarias. Informe del Relator Especial sobre las formas contemporáneas de la esclavitud, incluidas sus causas y consecuencias. Ginebra: ONU, 2020.

SUZUKI, N. (org.). Trabalho escravo e gênero: quem são as mulheres escravizadas no Brasil? São Paulo: Repórter Brasil, 2020.

TAYLOR, M. China’s digital authoritarianism: a governance perspective. New York: Palgrave Macmillan, 2022.

TREBINJAC, S. Chine et Oüigours: un colonialismo interne civilicide. L’Homme, n. 3, pp. 191-204, 2020. Disponível em: https://journals.openedition.org/lhomme/38328. Acesso em: 30 abr. 2023.

UNITED NATIONS. China: UN experts deeply concerned by alleged detention, forced labour of Uyghurs. Naciones Unidas Derechos Humanos Oficina del Alto Comisionado. Disponível em: https://t.ly/LLiwk. Acesso em: 10 maio 2021.

UNITED NATIONS. OHCHR Assessment of human rights concerns in the Xinjiang Uyghur Autonomous Region, People’s Republic of China. United Nations Human Rights: Officer of the High Commissioner. 31 August 2022. Disponível em: https://l1nq.com/g1ibQ. Acesso em: 10 maio 2021.

VALE, H. F. do. Brazil’s digital politics and the crisis of democracy (2013-2018). In K. JERMSITTIPARSRT (org.). Election and democracy in the digital age – status, challenges, and trends. Londres: IntechOpen, 2022.

WAINSCOTT, K. Global digital policy snapshot. Countering the rise of digital authoritarianism: China, AI and human rights. Stanford – Global Digital Policy Incubator. Disponível em: https://cyber.fsi.stanford.edu/gdpi/content/global-digital-policy-snapshot. Acesso em: 10 set. 2023.

WALK FREE FOUNDATION. Global findings. Global Slavery Index, Walk Free Foundation. Disponível em: https://www.walkfree.org/global-slavery-index/findings/global-findings/. Acesso em: 30 set. 2023.

WANG, M. How mass surveillance works in Xinjiang, China. Human Rights Watch, 2 maio 2019. Disponível em: https://www.hrw.org/video-photos/interactive/2019/05/02/china-how-mass-surveillance-works-xinjiang. Acesso em: 15 set. 2023.

ZENZ, A. Coercive Labor in Xinjiang: Labor Transfer and the Mobilization of Ethnic Minorities to Pick Cotton. Washington: Center for Global Policy, 2020.

ZENZ, A. Coercitive labour in the cotton harvest in the Xinjiang Uyghur autonomous region and Uzbekistan: a comparative analysis of state sponsored forced labour. Journal of Communist and Post-Communist Studies, may 2023.

Downloads

Publicado

2025-03-26

Como Citar

ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA, DIREITOS HUMANOS E AUTORITARISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE DO CASO DOS UIGURES. REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL, [S. l.], v. 11, n. 20, p. 1–28, 2025. DOI: 10.56267/rdtps.v11i20.17765. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/17765. Acesso em: 30 mar. 2025.