AFASTE DE MIM ESSE CALE-SE

REALIDADES DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO NO ENOTURISMO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56267/rdtps.v11i20.17703


Palavras-chave:

Enoturismo, Trabalho escravo contemporâneo, Discursos

Resumo

O presente texto analisa o caso de 207 trabalhadores resgatados de condições análogas à escravização. Tendo sido realizado o resgate de trabalhadores que prestavam serviços a empresas que se valem do enoturismo para incrementar suas receitas, objetivou-se descrever tal caso, entendendo o papel histórico do fenômeno turístico no silenciamento sobre as condições de trabalho atreladas a esse mercado. Foi utilizada pesquisa bibliográfica e documental para a (1) descrição do caso de trabalho escravo contemporâneo nas vinícolas gaúchas e (2) análise dos Termos de Ajustamento de Conduta celebrados entre o Ministério Público do Trabalho e as empresas envolvidas e (3) análise dos pronunciamentos das partes interessadas. Os resultados demonstram que a atividade turística tem sido utilizada não apenas como instrumento de exploração do trabalho, mas também de ocultação dessa situação.

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Biografia do Autor

  • Angela Teberga de Paula, Universidade de Brasília - UnB

    Professora no Centro de Excelência em Turismo/Universidade de Brasília. Doutora em Turismo e Hospitalidade. Líder do grupo Labor Movens - Condições de Trabalho no Turismo (CNPq).

  • Bianca Paes Garcia dos Santos, Centro Paula Souza

    Professora na Faculdade de Tecnologia de São Roque/Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Mestra em Turismo. Membro do grupo Labor Movens - Condições de Trabalho no Turismo (CNPq).

  • Thiago Sebastiano de Melo, Universidade de Brasília - UnB

    Professor no Centro de Excelência em Turismo/Universidade de Brasília. Doutor em Geografia. Co-líder do grupo Labor Movens - Condições de Trabalho no Turismo (CNPq).

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Publicado

2025-03-26

Como Citar

AFASTE DE MIM ESSE CALE-SE: REALIDADES DO TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO NO ENOTURISMO. REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL, [S. l.], v. 11, n. 20, p. 1–21, 2025. DOI: 10.56267/rdtps.v11i20.17703. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/17703. Acesso em: 21 abr. 2025.