RETROCESSOS DA POLÍTICA BRASILEIRA DE ENFRENTAMENTO AO TRABALHO ESCRAVO E RESISTÊNCIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56267/rdtps.v11i20.17698


Palavras-chave:

Trabalho escravo contemporâneo, Política de enfrentamento ao trabalho escravo, Resistência à violação de direitos

Resumo

Inserido no debate da sociologia dos processos históricos de Norbert Elias e, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, o artigo buscará responder por que, a despeito do enfraquecimento da política de seu combate, houve, recentemente, o aumento de denúncias e resgates de trabalhadores submetidos a trabalho escravo. Para tanto, são elencadas, primeiramente, as medidas de combate ao trabalho escravo adotadas pelo Brasil desde a década de 1990. Depois, são analisadas as continuidades e descontinuidades dessas medidas a fim de se verificar, entre avanços e retrocessos, os pontos de maior inflexão da política de combate ao trabalho escravo no Brasil dos últimos anos, mormente entre os anos de 2019 e 2022, bem como os focos de resistência que se estabeleceram contra o desmonte dessa política. Se, por um lado, o arrefecimento da garantia de direitos trabalhistas, o esforço para naturalizar as condições precárias de trabalho e a permanência das profundas desigualdades sociais geradoras de extrema vulnerabilidade social facilitaram, ainda mais, o uso de mão de obra escravizada, por outro lado, resistiu o contínuo trabalho dos envolvidos com a política de combate ao trabalho escravo que, a despeito dos crescentes obstáculos, fomentaram denúncias, fiscalizaram o quanto foi possível e se depararam com um número ainda maior de trabalhadores a serem resgatados.

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Biografia do Autor

  • Baruana Calado dos Santos, Universidade do Estado de Minas Gerais

    Professora na Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Ituiutaba, no Curso de Direito, na área Ciências Sociais Aplicadas ao Direito. Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Bacharela em Direito pela UEL. Licenciada em Ciências Sociais pela UEL.

  • Marcia Leonora Santos Regis Orlandini, Universidade Federal de Uberlândia

    Professora Associada na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia, na área Direito do Trabalho. Coordenadora da Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e do Programa Multidisciplinar Mais Humanos. Doutora em Derecho, Ciencia Política y Criminología pela Universidade de Valencia. Mestra em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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Publicado

2025-03-26

Como Citar

RETROCESSOS DA POLÍTICA BRASILEIRA DE ENFRENTAMENTO AO TRABALHO ESCRAVO E RESISTÊNCIAS. REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL, [S. l.], v. 11, n. 20, p. 1–24, 2025. DOI: 10.56267/rdtps.v11i20.17698. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/17698. Acesso em: 30 mar. 2025.