REPRESENTAÇÕES SOCIODISCURSIVAS DO CORPO POLÍTICO TRAVESTIGÊNERE EM PRÁTICAS MIDIÁTICAS DIGITAIS BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.59917/6d6pht91Palavras-chave:
Discurso Midiático, Corpo/discurso transvestigênere, RecontextualizaçãoResumo
Neste artigo, analisaremos as representações sociodiscursivas da ativista transvestigênere Luana Muniz em práticas midiáticas digitais brasileiras. Com base na teoria-metodológica da análise de discurso crítica faircloughiana, nosso objetivo é investigar as representações do corpo/discurso político transvestigênere nas práticas midiáticas, a partir do processo de recontextualização de um evento social. Compõem o corpus, 46 notícias publicadas entre 15 de dezembro de 2015 e 6 de maio de 2017. Como ferramentas analíticas, mobilizamos as categorias linguístico-discursivas: recontextualização, representação dos agentes sociais e intertextualidade; as categorias sociais: corpo e identidade de gênero; e as categorias midiáticas: midiatização e visibilidade. A partir da análise, constatamos que, no processo de recontextualização, as práticas midiáticas escolhem incluir/excluir elementos do evento social primário de acordo com os propósitos comunicativos e com os discursos particulares das Instituições às quais estão associadas. O corpo/discurso transvestigênere de Luana Muniz é representado a partir da relação social com um corpo/discurso cisheteronormativo. Apesar do capital de visibilidade conquistado por Luana na Lapa, o corpo/discurso transvestigênere é discursivamente invisibilizado, por escolhas como, por exemplo, a não inclusão da voz e da trajetória de vida da ativista.
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