Notas para uma micropolítica da língua: modelizações ideológicas nas semioses da linguagem
Palavras-chave:
micropolítica, ideologia, modelização, subjetividade, semióticaResumo
Neste artigo apresentamos os primeiros movimentos de uma pesquisa a partir do conceito de Semiótica Crítica, em suas implicações linguísticas e políticas. Nosso objetivo é problematizar a colocação de Gilles Deleuze e Félix Guattari de que a linguagem é caso de política antes de ser caso de linguística. Para tal, procedemos a uma revisão bibliográfica e leitura crítica, retomando a ideia de micropolítica, em relação a uma concepção de linguagem (e de comunicação) não como transmissão, mas como produção: de signos e de ordens. Seguindo ainda Deleuze e Guattari, somos levados a tensionar essa micropolítica da linguagem à luz da noção de ideologia. Revisamos assim teorias da ideologia que estabeleceram relação com o pensamento semiótico, como os Aparelhos Ideológico de Estado, de Louis Althusser, e o marxismo de Mikhail Bakhtin. Essas visões são contrapostas às próprias críticas de Deleuze e Guattari, que advogam a adoção do conceito de subjetividade como operador desse nó micropolítico. Concluímos aqui, com e contra Deleuze e Guattari, por uma pertinência semiótica da ideologia como interpelação, com uma capacidade modelizante aos atos de comunicação, em sua potência de atuar já na infraestrutura do socius, compreendida sob a ideia de valor-signo.
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