Uma análise das unidades fraseológicas em Terras do sem fim, romance de Jorge Amado
Palavras-chave:
Unidades fraseológicas, Terras do sem fim, Jorge AmadoResumo
Objetivamos com o presente trabalho apresentar e analisar algumas das unidades fraseológicas constantes no romance Terras do sem fim ([1943]1987), do escritor baiano Jorge Amado. Tomamos como aporte teórico-metodológico a Fraseologia, a partir dos pressupostos apresentados por Pottier (1977, 1968), Corpas Pastor (1996) e Tristá (1988). O romance Terras do sem fim, cuja primeira edição data de 1943, retrata a história da luta de homens, vindos de várias partes do país, pela fixação e expansão das terras com qualidade para o plantio do cacau localizadas no sul do estado da Bahia. Com isso, houve o desenvolvimento da região de Ilhéus, aportando aí os mais diferentes tipos humanos, atraídos pelas histórias de terras férteis e dinheiro em abundância. A trama se passa no início do século XX. As unidades fraseológicas (doravante UF) apresentadas no romance representam a riqueza lexical, demonstrando a interação cultural homem-meio. Unidades fraseológicas como: “curto de arame”, “lugar de futuro”, “cu do mundo”, “terra atrasada”, “mulher da vida” são expressões que revelam essa interação, haja vista o olhar dos personagens sobre o mundo circundante. Deste modo, Jorge Amado traz à tona unidades fraseológicas que mostram a criatividade dos falantes da região retratada na obra e sua relação com o meio e a cultura, sendo, portanto, um tesouro vocabular pleno de marcas socioculturais. Diante do exposto, pretendemos analisar aqui as unidades fraseológicas relacionadas aos campos semânticos “terra”, “prostituição” e “dificuldades financeiras”.
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