BORGES, A ESCRITA CRIATIVA E O ESTATUTO DO LEITOR EM PSICANÁLISE
Resumo
O presente artigo tem como temática uma aproximação entre a literatura e a psicanálise e como objetivo destacar a escrita criativa e o estatuto do leitor na psicanálise. A partir da leitura de textos freudianos e artigos de autores da psicanálise contemporânea partimos da asserção de que a construção da obra literária é criação, produto novo e original que se realiza graças ao trabalho do autor de elaboração e/ou perlaboração em torno daquilo que lhe escapa, o inconsciente, mas que está presente o tempo todo. Tomando o conto de Jorge Luis Borges, “A Biblioteca de Babel”, formulamos a hipótese de que o estatuto do leitor frente à obra literária também é criativo, porquanto a leitura oferece a possibilidade, desde uma outra posição, a da exterioridade, de instaurar a constituição de uma lacuna em cujo intervalo o sujeito se insere.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura, psicanálise, criação literária
BORGES, CREATIVE WRITING AND THE READER’S STATUTE IN PSYCHOANALYSIS
ABSTRACT: This article intends to be an approach between literature and psychoanalysis and its aim is to highlight creative writing and the reader’s statute in psychoanalysis. Based on Freudian texts and articles by contemporary psychoanalytic authors as well, we start from the assertion that the construction of the literary text is a creation, i.e., a new and original product made thanks to the author’s work, combining elaboration and/or perlaboration of what is not conscious but is all the time present. Taking into account Borges’s literary work named “The Library of Babel”, we formulate the hypothesis that the reader’s statute face the literary essay is also creative because of the possibility, from another position, that is the one of externality, to restore the constitution of a gap in whose interval the subject is inscribed.
KeyWords: Literature, psychoanalysis, creative literary work