‘Nós se damos bem’

um estudo variacionista sobre a reflexivização com dados do português do Brasil

Autores

DOI:

10.59917/rpolifonia.v30i57.16904

Resumo

Neste artigo, trazemos um estudo variacionista sobre o comportamento do pronome reflexivo ‘se’, não só para discutir a noção de reflexivização mas também para descrever os ambientes sintáticos de seu apagamento. Constituímos a amostra de nossa pesquisa com dados do projeto Varsul do estado do Paraná para estudar, à luz de grupos de fatores linguísticos e sociais, a presença de ‘se’ ou a sua ausência. Constatamos, dentre os resultados de nosso trabalho, que a ausência de ‘se’, nosso objeto de estudo, corresponde a 45% de um total de 3829 dados e que o vazio (ou a não lexicalização do anafórico reflexivo) expressa tão somente uma das variantes de nosso estudo, pois que outra, como em ‘Nós se damos bem’, passa a ilustrar uma das tentativas de o pronome ‘se’ manter-se em uso na língua portuguesa do Brasil.

Referências

ABAURRE, Maria B.M. & GALVES, Charlotte. Os clíticos no português brasileiro: elementos para uma abordagem sintático-fonológica. In: CASTILHO, Ataliba Teixeira de. & BASÍLIO, Margarida (Orgs.). Gramática do Português Falado. Campinas, SP: Editora da Unicamp, v. 4, 1996, p. 273-319.

BANDEIRA, Grace dos A. F. O apagamento de SE nas funções sujeito e objeto: um estudo variacionista com dados do Varsul do Paraná. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo: Nacional, 1966.

__________________. Moderna gramática portuguesa. 37ª edição. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004.

CYRINO, Sônia Maria Lazzarini. Para a História do português brasileiro: observação sobre a presença de complementos verbais nulos e a ausência de clíticos de 3ª pessoa. Hand-out de trabalho apresentado no XV Encontro da ANPOLL, 6 de junho, Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ: 2000.

D’ALBUQUERQUE, A. A perda dos clíticos em um dialeto mineiro. Revista Tempo Brasileiro, 78/79 (Sociolingüística e ensino do vernáculo): 97-121, 1988.

DUARTE, M. Eugênia L. Clítico acusativo, pronome lexical e categoria vazia no português do Brasil. In: TARALLO, F. (Org.) Fotografias Sociolinguísticas. Campinas: Pontes, 1989, p. 19-34.

FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Editora Ática, 1991.

GALVES, Charlotte C. O enfraquecimento da concordância no português brasileiro. In: ROBERTS, Ian & KATO, Mary A. Português Brasileiro: uma viagem diacrônica. 2. ed., Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996, p. 387-408.

GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur. Português ginasial: gramática e exercícios. 11. ed. rev., São Paulo: Saraiva, 1964.

HOPPER, Paul J. & TRAUGOTT, Elizabeth Closs. Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

ILARI, Rodolfo. Lingüística Românica. São Paulo: Ática, 1992.

ILARI, Rodolfo; FRANCHI, Carlos & NEVES, Maria H. M. Os pronomes pessoais do português falado: roteiro para a análise. In: CASTILHO, Ataliba Teixeira de. & BASÍLIO, Margarida (Orgs.). Gramática do Português Falado. v. IV: Estudos Descritivos. Campinas, SP: Editora da Unicamp; São Paulo: FAPESP, 1996, p. 79-166.

LABOV, W. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: Universityof Pennsylvania Press, 1972.

LEMLE, Miriam. Pronomes, Anáforas, Zero: observações sobre uma mudança lingüística. D.E.L.T.A. Vol 1, nº 1 e 2, 1985, p. 121-124.

LIMA, Bruno Fernandes Zenóbio de. O percurso diacrônico das construções com o pronome se na Língua Portuguesa como um processo de gramaticalização. Tese (Doutorado em Letras) -Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2006.

MADUREIRA, Evelyne Dogliani. Variação nas construções pronominais dos verbos psicológicos: uma decorrência de diferentes percursos históricos. In: COHEN, M. A. & RAMOS, J. (Orgs.) Dialeto mineiro e outras falas. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2002, p. 109-130.

MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Tradição gramatical e gramática tradicional. São Paulo: Contexto, 1989.

MATTOSO CÂMARA JR., J. Dicionário de Filologia e Gramática. 2. ed. refundida. Rio de Janeiro: Ozon editor, 1964.

MENON, Odete Pereira da Silva. Analyse sociolinguistique de l’indétermination du sujet dans le portugais parlé au Brésil, a partir dês données du NURC/SP. Tese de doutorado, Université de Paris VII, Paris, 1994.

MIOTO, Carlos; SILVA, Maria Cristina Figueiredo & VASCONCELOS, Ruth Elisabeth. Novo manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2004.

MONTEIRO, José Lemos. Pronomes pessoais: subsídios para uma gramática do português do Brasil. Fortaleza: Edições UFC, 1994.

NARO, Anthony Julius. Modelos quantitativos e tratamento estatístico. In: MOLLICA, M.; BRAGA, M. (Orgs). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 15-25.

NUNES, Jairo. Ainda o famigerado SE. D.E.L.T.A. (11): 2, 1995, p. 201-240.

OLIVEIRA E SOUSA, Eurípedes Olímpio de. Noções de Gramática e de Língua Portuguesa. Curitiba: Impressora Paranaense, 1953.

PERINI, Mário A. Gramática descritiva do português. 4. ed., São Paulo: Ática, 2003.

RIBEIRO, João. Grammatica Portugueza. 19. ed., Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1920.

ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia. Editores, 1976.

SAID ALI, M. Dificuldades da Língua Portuguêsa. 5. ed., Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1957.

SILVIO ELIA, Edmundo. Ensaios de Filologia e Lingüística. Rio de Janeiro: Grifo, 1976.

TARALLO, Fernando Luiz. A pesquisa sócio-lingüística. 7. ed., São Paulo: Ática, 2005.

VEADO, Rosa Maria Assis. Comportamento lingüístico do dialeto rural. Belo Horizonte: UFMG/PROED, 1982.

Downloads

Publicado

2024-05-14

Como Citar

DOS ANJOS FREIRE BANDEIRA, G. . ‘Nós se damos bem’: um estudo variacionista sobre a reflexivização com dados do português do Brasil. Polifonia, [S. l.], v. 30, n. 57, p. 7–20, 2024. DOI: 10.59917/rpolifonia.v30i57.16904. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/16904. Acesso em: 16 out. 2024.

Edição

Seção

Estudos Linguísticos