Uma constelação de saberes

As cidades invisíveis, de Italo Calvino

Autores

  • Maria Elisa Rodrigues Moreira polifoniapa@gmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso

Resumo

Neste artigo, procuro apontar alguns dos caminhos pelos quais o livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino, publicado em 1972, continua a mobilizar leituras diversas. Para tanto, utilizo como operadores teórico-metodológicos três noções contemporâneas — complexidade, ecologia de saberes e inespecificidade — que possibilitam observar como o texto calviniano se constitui como uma constelação de saberes. Analiso, nesse processo, a estrutura rigorosa de construção do livro, as estratégias de classificação e ordenação que o norteiam, um dos diálogos entre as personagens Marco Polo e Kublai Khan e duas descrições de cidades feitas por Marco Polo, esses últimos tomados como exemplares para a reflexão sobre o conjunto da narrativa. Ao fim do percurso pelo atlas construído em As cidades invisíveis, concluo que longe de se esgotar, apesar de seus quase cinquenta anos, o livro é ainda prenhe de potencialidade, apresentando-se como fomentador da reflexão crítica sobre os saberes associados ao literário, em suas múltiplas perspectivas.

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Publicado

2021-12-01

Como Citar

RODRIGUES MOREIRA, M. E. . Uma constelação de saberes: As cidades invisíveis, de Italo Calvino. Polifonia, [S. l.], v. 28, n. 51, p. 46–65, 2021. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/13197. Acesso em: 28 mar. 2024.