MANUEL PUIG, KITSCH, COLAGEM
Palavras-chave:
Manuel Puig, kitsch, colagemResumo
Este artigo tem como propósito trazer uma breve leitura sobre as relações entre a literatura de Manuel Puig e as estratégias artísticas da colagem. A partir do conceito de colagem como uma técnica de ressignificação de diversos objetos, a princípio, estranhos entre si, e da desierarquização entre esses objetos quando se recombinam em um outro produto artístico, nota-se como, nos romances A traição de Rita Hayworth, Boquitas pintadas, The Buenos Aires Affair e O beijo da mulher aranha o escritor argentino provoca efeitos de colagem em diversos níveis, principalmente no modo como seu texto evidencia intromissões variadas marcadas por signos gráficos e também ao trazer, de forma reestilizada, diversos referenciais textuais de consumo massivo, como o cinema, o tango, o bolero e as revistas femininas de moda, por exemplo. Além de provocar uma operação de desterritorialização da literatura e dos mass media, na qual a relação entre esses dois polos se dá mediante um diálogo e não na absorção ou no apagamento de ambos, a colagem é também um efeito que nos remete aos gestos estéticos associados ao kitsch. No entanto, em vez da visão comum de que se trata de um fenômeno estético que abarca o banal, o frívolo, o dispensável, o kitsch torna-se também espaço com dimensões estéticas e políticas de reafirmação dos produtos dentro das concepções cada vez mais moventes da arte.