EFEITO DO USO DO SOLO NA INTENSIDADE DA DESOVA DE PEIXES NA BACIA DO ALTO PARAGUAI, BRASIL

Autores

  • Tatiane Pires de Sousa tatipiressousa@gmail.com
  • Andréa Bialetzki bialetzki@nupelia.uem.br
  • Luzia da Silva Lourenço bioluzia@gmail.com
  • Poliana Lins polianagasl@gmail.com
  • Lucia Mateus lafmateus@gmail.com

Resumo

A dinâmica reprodutiva das assembleias de peixes em sistemas fluviais é influenciada por fatores abióticos, os quais sofrem efeitos dos padrões de uso e cobertura do solo nas bacias hidrográficas. Neste estudo investigamos como fatores ambientais e o uso do solo influenciam a intensidade de desova de peixes na porção norte da Bacia do Alto Paraguai, Brasil. Foram realizadas coletas de ictioplâncton em dez pontos de amostragem, alocados nos rios Paraguai, Sepotuba, Formoso, Juba, Cabaçal, Jauru e Vermelho, entre 2017 e 2019, abrangendo diferentes tipos de cobertura do solo (vegetação natural, pastagem e agricultura). As variáveis físico-químicas da água (temperatura, pH, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e transparência) foram monitoradas mensalmente. A modelagem estatística demonstrou que o uso do solo afeta, significativamente, os atributos físico-químicos da água e, consequentemente, a intensidade de desova. As análises revelaram que áreas com maior cobertura de vegetação natural apresentaram pH mais neutro/alcalino, maior condutividade elétrica e maiores densidades de ovos de peixes, enquanto áreas dominadas por pastagens apresentaram menor atividade reprodutiva, indicando que o aumento da área de pastagem no entorno dos rios reduz a intensidade de desova. Os resultados apontaram que a desova ocorre principalmente durante a estação chuvosa (novembro a janeiro), sendo favorecida por condições ambientais propicias em locais com vegetação ripária preservada. Por outro lado, a presença de barragens e a conversão de áreas nativas em pastagens comprometem a conectividade fluvial e a qualidade da água, impactando, negativamente, o recrutamento da ictiofauna. Os resultados do estudo reforçam a importância da gestão ambiental no uso do solo e da manutenção da vegetação ripária para conservar a dinâmica reprodutiva dos peixes e a biodiversidade aquática regional.

Biografia do Autor

  • Tatiane Pires de Sousa

    Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa 2367, 78060-900 Cuiabá, MT, Brasil. (TPS) 

  • Andréa Bialetzki

    Doutora em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais - UEM, Professora Associada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Maringá, Laboratório de Ictioplâncton, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (NUPÉLIA). 

  • Luzia da Silva Lourenço

    Doutora em Ciências Biológicas, área de concentração: Zoologia – UNESP/Rio Claro, Professora na Universidade Federal de Rondônia, campus de Rolim de Moura. 

  • Poliana Lins

    Doutora em Ecologia e Conservação da Biodiversidade – UFMT/Cuiabá-MT, Analista Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). 

  • Lucia Mateus

    Doutora em Zoologia – UNESP/Rio Claro. Professora Titular do Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros (LEMARPE). 

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Publicado

2025-12-17