ABORDAGEM SOBRE ANIMAIS “NÃO CARISMÁTICOS” EM LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autores

  • Eduarda Bernabé de Mello eduarda.bm@hotmail.com
  • Fabrícia Gonçalves Lacerda fabricia.lacerda@ufes.br

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar quais aspectos sobre anuros, gambás, morcegos e serpentes têm sido abordados por livros didáticos de Ciências dos anos finais do Ensino Fundamental e se as obras têm enfatizado os aspectos positivos sobre esses animais. As coleções didáticas avaliadas foram: Companhia de Ciências (VELLOSO et al., 2018a, 2018b, 2018c e 2018d), Inovar Ciências da Natureza (AUDINO; LOPES, 2018a, 2018b, 2018c e 2018d) e Teláris Ciências (PACCA; GEWANDSZNAJDER, 2018a, 2018b, 2018c e 2018d). Dentre os aspectos positivos mais abordados sobre os anuros, destaca-se a participação destes em cadeias e teias alimentares. Tal informação foi relatada por Velloso et al. (2018a), Audino e Lopes (2019b) e Pacca e Gewandsznajder (2018a). Atividades antrópicas foram apontadas como interferências negativas aos anuros pelos autores Velloso et al. (2018a), Audino e Lopes (2018a, 2018b) e Pacca e Gewandsznajder (2018b). Quanto aos gambás, a obra de Audino e Lopes (2018c) foi a que trouxe mais informações, na qual foi mencionada a importância ecológica, o comportamento, a utilização desses na alimentação humana e a influência antrópica que esses animais sofrem. No caso dos morcegos, todas as coleções didáticas os relacionaram à polinização. Implicações sanitárias associadas ao            problema da transmissão da raiva pelos morcegos foram ressaltadas por Audino e Lopes (2018b) e por Pacca e Gewandsznajder (2018b), sendo que os últimos autores mencionaram que somente morcegos hematófagos contaminados são responsáveis pela transmissão de tal doença. Em se tratando das serpentes, os aspectos ecológicos apresentados foram relacionados à presença desses animais em cadeias e teias alimentares. A obra de Velloso et al. (2018b) abordou que as serpentes não peçonhentas, apesar de não conseguirem injetar seu veneno em outro animal, podem provocar acidentes. A necessidade de utilizar o soro antiofídico em casos de acidentes foi citada em todas as coleções. Contudo, apenas Audino e Lopes (2018a, 2018b) e Pacca e Gewandsznajder (2018b) apontaram a necessidade das serpentes para a fabricação de soros antiofídicos. Quanto às ilustrações, os livros não divulgaram figuras dos gambás e houve apenas uma ilustração representando o morcego por completo, porém a mesma não o destacou. Já os anuros e as serpentes foram ilustrados em todas as coleções. Constatou-se que informações importantes sobre os animais avaliados no presente estudo foram omitidas nas três coleções. Ademais, os autores não procuraram desmistificar as crendices que reforçam a aversão associada a esses animais. Portanto, faz-se necessária uma abordagem mais apelativa à sensibilização e conscientização das pessoas quanto à importância desses animais “indesejáveis” de modo que esta supere todo o preconceito que envolve os anuros, os gambás, os morcegos, as serpentes, dentre outros animais “não carismáticos”.

Biografia do Autor

Eduarda Bernabé de Mello

Graduada em Ciências Biológicas Licenciatura pela Universidade Federal do Espírito Santos (UFES), campus Alegre, Espírito Santo

Fabrícia Gonçalves Lacerda

Doutora em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais. Docente Associada III da Universidade Federal do Espírito Santo, campus Alegre, Espírito Santo

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Publicado

2024-03-24