Reformas institucionais e financiamento de longo prazo na economia brasileira: o debate sobre o PAEG

Autores

  • Vinícius Eduardo Ferrari vinicius.ferrari@puc-campinas.edu.br
    Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC)

DOI:

10.19093/res5545

Resumo

O presente artigo visa reconstituir o debate entre economistas acerca da incapacidade do PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) em conformar uma base sólida de financiamento de longo prazo privada e nacional para a economia brasileira após o Golpe Militar de 1964. A ideia, portanto, é contrastar duas interpretações divergentes a respeito do fracasso do projeto dos bancos de investimento que visava prover novas fontes de financiamento para os investimento produtivos das empresas brasileiras.Conclui-se que, para os gestores do PAEG, a continuidade da inflação, o estatismo do mercado financeiro e a escassez de poupança impossibilitaram a expansão dos fundos privados de longo prazo. Por sua vez, os críticos do PAEG ressaltam que poupança não constitui pré-condição para a expansão do crédito. Assim, o fracasso da tentativa de dinamização dos empréstimos de longo prazo decorre de alguns traços estruturais do desenvolvimento capitalista brasileiro (tais como a baixa propensão das empresas privadas nacionais e estrangeiras ao uso de recursos de terceiros para financiar o investimento) e da opção política do Governo Castello Branco pela aliança com o capital financeiro internacional.

Biografia do Autor

Vinícius Eduardo Ferrari, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC)

Professor e pesquisador do Centro de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp

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Publicado

2018-02-01

Como Citar

Ferrari, V. E. (2018). Reformas institucionais e financiamento de longo prazo na economia brasileira: o debate sobre o PAEG. Revista De Estudos Sociais, 19(39), 36–52. https://doi.org/10.19093/res5545

Edição

Seção

Artigos