Propriedade intelectual e inovações tecnológicas na indústria de sementes: discussões sobre os conflitos judiciais entre a Monsanto e os agricultores brasileiros

Autores

  • Vinícius Eduardo Ferrari vinicius.ferrari@gmail.com
    Docente e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), Centro de Economia e Administração, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sustentabilidade. E-mail: vinicius.ferrari@puc-campinas.edu.br
  • Marina Natsumi Pacheco natsumipacheco@gmail.com
    Aluna de Iniciação Científica da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Bolsista FAPIC/Reitoria. E-mail: natsumipacheco@gmail.com

DOI:

10.19093/res9024

Palavras-chave:

organismos geneticamente modificados, patentes, royalties

Resumo

A agricultura brasileira foi palco de inúmeras inovações nas últimas décadas. Dentre esses avanços, os organismos geneticamente modificados (OGMs) tem contribuído fortemente para os ganhos de produtividade no campo. No entanto, a relevância do Brasil no cultivo de OGMs contrasta com a sua dependência tecnológica. As principais biotecnologia de plantas foram patenteadas por empresas estrangeiras, o que implica na exigência de royalties pelo seu uso. Contudo, os agricultores brasileiros têm questionando na Justiça a validade das patentes da Monsanto, a principal fornecedora de OGMs. O principal objetivo deste artigo consiste em analisar as estratégias adotadas pela empresa para assegurar o seu direito à cobrança de royalties no Brasil. O estudo constatou que os OGMs são produtos complexos que mobilizam várias tecnologias protegidas por mais de uma patente. Consequentemente, por mais que os sojicultores consigam derrubar as patentes de genes questionadas na Justiça, ainda assim terão de pagar royalties sobre as demais ferramentas biotecnológicas que contribuíram para o desenvolvimento das sementes transgênicas. Assim, a Monsanto criou cercas de patentes praticamente invioláveis para proteger os seus principais produtos comercializados no Brasil.

Biografia do Autor

Vinícius Eduardo Ferrari, Docente e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), Centro de Economia e Administração, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sustentabilidade. E-mail: vinicius.ferrari@puc-campinas.edu.br

Docente e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), Centro de Economia e Administração, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sustentabilidade. E-mail: vinicius.ferrari@puc-campinas.edu.br

Marina Natsumi Pacheco, Aluna de Iniciação Científica da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Bolsista FAPIC/Reitoria. E-mail: natsumipacheco@gmail.com

Aluna de Iniciação Científica da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas). Bolsista FAPIC/Reitoria.Graduanda do Curso de Relações Internacionais da Puc-Campinas

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Publicado

2020-01-29

Como Citar

Ferrari, V. E., & Pacheco, M. N. (2020). Propriedade intelectual e inovações tecnológicas na indústria de sementes: discussões sobre os conflitos judiciais entre a Monsanto e os agricultores brasileiros. Revista De Estudos Sociais, 21(43), 89–103. https://doi.org/10.19093/res9024

Edição

Seção

Artigos