INTERSECCIONALIDADE E ESPAÇO URBANO: FAZER-CIDADE DAS TRABALHADORAS AMBULANTES E SEXUAIS NAS PRÁTICAS DE RUA

Autores

  • Aleida Fontoura Batistoti Universidade Federal da Bahia
  • Gabriela Pinto de Moura Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

interseccionalidade, cidade, práticas de rua.

Resumo

Neste artigo, articulamos interseccionalidade e espaço urbano à luz do fazer-cidade por mulheres negras e pobres que realizam o trabalho ambulante e/ou a prostituição de rua, com o intuito de analisar os atravessamentos das ordens de gênero, raça, classe e sexualidade em suas práticas de rua. Concluímos que, a despeito das vulnerabilidades às quais estão expostas, as trabalhadoras se agenciam, constroem redes de sociabilidade e táticas de disputa e resistência, consolidando a rua como também feminina e negra.

Biografia do Autor

Aleida Fontoura Batistoti, Universidade Federal da Bahia

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica Dom Bosco (2017). Especialista em Assistência Técnica, Habitação e Direito à Cidade na Universidade Federal da Bahia. (2018) Atualmente é Mestranda no programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal da Bahia Desenvolve pesquisa com o grupo de estudo Urbanidades Liminares coordenado pela professora Thais Troncon Rosa, e investiga as produções de cidade por mulheres ambulantes em Salvador lattes: http://lattes.cnpq.br/5111531657907041

Gabriela Pinto de Moura, Universidade Federal da Bahia

Arquiteta e urbanista pela UFES e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo/UFBA lattes: http://lattes.cnpq.br/0940423235565387

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Publicado

2021-07-21

Como Citar

Batistoti, A. F., & Moura, G. P. de. (2021). INTERSECCIONALIDADE E ESPAÇO URBANO: FAZER-CIDADE DAS TRABALHADORAS AMBULANTES E SEXUAIS NAS PRÁTICAS DE RUA. Revista Outras Fronteiras, 8(1), 29–49. Recuperado de https://periodicoscientificos.ufmt.br/outrasfronteiras/index.php/outrasfronteiras/article/view/446