História Pública: Desafios Contemporâneos - Prorrogação dos prazos pra submissão

2022-10-04
Ainda que a História Pública tenha se constituído enquanto campo autônomo no interior da disciplina desde, pelo menos, os anos 1970 em países anglófonos (Public History), nos anos 1980 em países francófonos (Histoire Appliquée) ou no Brasil a partir de 2011, não seria a produção historiográfica sempre um tipo de história pública? Independentemente do campo de pesquisa ao qual pertence o historiador, não estaria ele sempre procurando dialogar com o espaço público? Não seria ele influenciado pelos acontecimentos e debates produzidos neste espaço?Com a multiplicação dos discursos informativos e das redes sociais digitais, com a democratização crescente do acesso à tecnologia, permitindo edições de vídeo, horizontalização do conhecimento e acesso às mais diversas possibilidades oferecidas pela internet, como mensurar os limites da formação, da informação, e do que diferencia ciência, opiniões e notícias falsas (até mesmo adulterações documentais)?! A noção de “história compartilhada” como a de um mundo comum é o ponto de partida para o debate e a produção científicos. Entretanto, para os atuais desafios enfrentados pela ciência histórica, no que tange à informação e a pesquisa, faz-se necessário explorar igualmente as caracterizações de ‘público’ como produtor, difusor e consumidor.Não se trata de abrir mão dos conceitos de Hannah Arendt e Habermas sobre ‘que é público’, e, sim, ampliá-los. Visto isto e com tantas possibilidades, a noção em questão não é de pensar esse conceito como um novo campo no interior da disciplina, mas como um espaço coletivo e instigante de debates criados através da promoção de eventos, publicações e esforço com vistas à divulgação científica. Neste sentido, procuramos pensar também na possibilidade da construção de redes fecundas de discussão em torno de temas como ditaduras, cinema, música, feminismo, racismo, cultura popular, economia, teorias políticas, entre tantos outros que podem ser elaborados de maneiras sólidas e divulgados pelos endereços digitais, compondo assim um processo dialético de participação coletiva, enriquecido por comentários, colaborações e críticas. A partir do que sugere Santhiago (2016), almejamos para este dossiê contribuições que respondam às seguintes dinâmicas a serem estabelecidas entre história e público: a história feita para o público (que prioriza a ampliação da audiência); a história com o público (uma história) colaborativa, na qual a ideia de ‘autoridade compartilhada’ é central); a história feita pelo público (que incorpora formas não institucionais de história e memória); e as relações entre história e público (que abarca a reflexividade e a autorreflexividade do campo). Não podemos esquecer que, nos últimos dois anos, um evento global ampliou as perspectivas, a visibilidade e o potencial de circulação de novos projetos a partir das mídias digitais: a pandemia de COVID 19. A necessidade do isolamento nos colocou frente a possibilidades de realizar projetos de diferentes dimensões, além de promover novas formas de aprendizado/pesquisa que outrora nos passavam despercebidos. Muitas destas consequências se desenvolvem no âmbito da história pública, que passaram a ser mais conhecidos do público em geral e outros acabaram por serem criados com imenso êxito nos mais diversos segmentos sociais (dentro e fora da academia). Esse caminho é constantemente marcado pelo incentivo à participação dos sujeitos diretamente envolvidos nos processos históricos individuais e coletivos, colocando novos e importantes desafios ao campo da história. Interessam-nos aqui reunir estudos que estabeleçam o diálogo potente entre a história pública e as suas mais variadas nuances, pensando práticas, expertises e experiências entrecruzadas pelas perspectivas que movem o fazer história no tempo presente. É com essa perspectiva que a Revista Outras Fronteiras (Revista discente do Programa de Pós Graduação em História-PPGHIS) abre a chamada de artigos para a composição do dossiê temático “História Pública: Desafios Contemporâneos”. Organizadores: Natália Guerellus e Ivan Lima. Publicamos artigos, resenhas, entrevistas, transcrições comentadas, resumos de dissertações e teses e trabalhos de Iniciação Científica (PIBIC e VIC). Prazo para submissões: 3103/2023. Lembrando que a Revista Outras Fronteiras também trabalha com o recebimento de materiais em fluxo contínuo. Organizadores: Natália Guerellusnatalia.guerellus@univ-lyon3.frProfessora adjunta (Maître de Conférences) na Universidade Jean Moulin Lyon 3 (França) Ivan Limaivangibb@gmail.comInvestigador CITCEM - Universidade do Porto (Portugal)   Ref.Rovai, M. e Rabelo, J. (eds.) (2011) Introdução à História Pública. Letra e Voz.Malerba, J. and Schmidt, B. (eds.) (2021) Fazendo História Pública. Vitória: Editora Milfontes.Santhiago, R., Rabelo, J. and Mauad, A. (eds.) (2016) História Pública no Brasil: sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz