NOVAS FEMINILIDADES NA OBRA LITERÁRIA DE KOPANO MATLWA
Resumo
A África do Sul passou por um período prolongado de opressão sistematizada da população negra que chegou ao fim apenas em 1994, quando ocorreram as primeiras eleições democráticas. Mesmo assim, o país continuou a viver sob o domínio dos valores culturais da minoria branca. Além disso, na época de luta contra o Apartheid, em que toda a comunidade negra tinha um interesse em comum por igualdade de direitos, as mulheres foram subordinadas em favor da agenda e da luta nacionalista, que previa a defesa das demandas prioritariamente masculinas. Diante disso, temos como objetos de estudo os romances da escritora Kopano Matlwa, que refletem as realidades sociais e políticas atuais, através dos quais analisamos as políticas de gênero que modelam as noções de feminilidade na África do Sul, por meio do retrato de suas protagonistas contemporâneas. Temos o intuito de captar como a autora exprime a experiência feminina em seus textos literários e de que forma suas protagonistas negras lidam com a imposição dos valores brancos ocidentais nesse país, cuja luta por igualdade não se estendeu às causas femininas e, portanto, as mulheres ainda convivem com a dura realidade de um dos países mais violentos no que se refere à condição feminina, liderando os rankings mundiais de violência sexual contra as mulheres. Dessa forma, investigamos o que implica ser mulher e negra na atual África do Sul diante da herança da colonização, do sistema de segregação racial e de uma sociedade africana patriarcal.