MULHER E MISOGINIA NA VISÃO DA LITERATURA PATRÍSTICA E DO SEU LEGADO MEDIEVAL: REPRESENTAÇÕES TEMÁTICAS

Autores

  • Pedro Carlos Louzada Fonseca polifoniapa@gmail.com

Resumo

A representação da mulher no pensamento e na literatura medieval ocidental constitui um campo de investigação que, ao examinar suas formações históricas e culturais, constitui-se essencialmente por uma geral disposição androcêntrica sinônima de uma visão misógina da realidade feminina. Da imensa quantidade de textos misóginos medievais são fontes de referência obrigatória os antimatrimoniais Liber de nuptiis (Livro sobre o casamento), de Teofrasto (c. 372-288) e Adversus Jovinianum (Contra Joviniano), de São Jerônimo (c. 342-420); a não menos virulenta obra pró-celibatarismo de Walter Map (1140-c. 1209), The Letter of Valerius to Ruffinus, against Marriage (A Carta de Valério a Rufino, contra o casamento) (c. 1180) e o mais triste dos livros de sabedoria da Bíblia medieval, o Eclesiástico. Entretanto, se tais obras e autores são uma distinta referência para o pensamento e a literatura medievais misóginas, deve-se considerar que sua tradição encontra-se em textos e autores anteriores, quais sejam, a antiga lei judaica; Hesíodo (c. 750 a. C.); Ovídio (43 a. C.-18 d. C.); Juvenal (princípio do século II); os antigos estudos de fisiologia derrogatória do feminino de Aristóteles (384-322 a. C.) e de Galeno (131-201). Em vista desses pressupostos, objetiva esse trabalho uma visão crítico-analítica da formação do ideário da misoginia medieval, desde suas raízes na antiguidade clássica, passando pela tradição judaico-cristã, literatura patrística e seu legado medieval, até a formação não só de um tipo de literatura satírica do feminino escrita no latim medieval, mas também de significativos escritos vernaculares de postura antimulher da tardia Idade Média.

Downloads

Publicado

2018-10-17

Como Citar

FONSECA, P. C. L. MULHER E MISOGINIA NA VISÃO DA LITERATURA PATRÍSTICA E DO SEU LEGADO MEDIEVAL: REPRESENTAÇÕES TEMÁTICAS. Polifonia, [S. l.], v. 25, n. 39.1, p. 11–21, 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/7404. Acesso em: 27 nov. 2024.