"Pobre Schubert, que já não pode escolher a companhia com que anda": uma leitura de Crime Delicado, de Beto Brant
Palavras-chave:
Beto Brant, Crime delicado, RomantismoResumo
Análise do filme Crime delicado (2005), de Beto Brant, enfatizando o diálogo que este estabelece com a escola romântica. São vários os exemplos dessa aproximação: a trama começa e termina com a música de Franz Schubert; são representados fragmentos dos dramas românticos Woyzeck (1837) e Leonor de Mendonça (1846); além disso, o próprio estatuto da arte é questionado. Ao dialogar com a estética romântica, em seu espírito de renovação, transgressão e ruptura permanentes, o filme de Brant permite-nos refletir sobre essa faceta irônica, crítica e experimentalista do Romantismo e seu importante papel na mudança de valorização estética e dos parâmetros da análise cultural.
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