Metáforas da economia: uma análise da construção de sentido em notícias veiculadas na mídia
Palavras-chave:
metáfora, cognição, culturaResumo
Nosso trabalho intenta explicar a teoria da metáfora primária e da metáfora congruente e mostrar o quanto elas estão relacionadas à nossa linguagem cotidiana, auxiliando-nos no processo de construção de sentido e propor uma análise dessas construções metafóricas no campo semântico da economia. A metáfora, desde a obra Metaphors we live by, de Lakoff e Johnson, é vista como um elemento básico e inerente à capacidade cognitiva do ser humano. Essa capacidade cognitiva envolve nossa experiência sensório-motora e nossa capacidade de construir e negociar conceitos em sociedade. A metáfora é, portanto, um recurso cognitivo que nos permite relacionar esquemas imagéticos, ou seja, esquemas básicos que começamos a aprender desde bebês, como, por exemplo, o esquema ORIGEM/CAMINHO/META, a frames, que são domínios conceptuais constituídos socialmente. Essas relações não são preestabelecidas, uma vez que a todo o momento as reconfiguramos, através de redes de integrações produzidas online, ou seja, produzidas em nossas práticas discursivas. Por associarmos esquemas e frames é que podemos construir metáforas primárias, como, por exemplo, VIDA É PERCURSO. No entanto, ao associarmos nossa experiência cultural às metáforas primárias, através de um processo que envolve a produção online de linguagem, podemos construir metáforas como VIDA É UM CAMINHO ESBURACADO, ou, ainda, VIDA É PASSAGEM PARA A MORTE. Essas metáforas, que construímos através da relação entre as metáforas primárias e a contrapartida online e cultural, resultam de redes de integração e são chamadas de metáforas congruentes. Analisaremos essas e outras construções metafóricas com o objetivo de demonstrar o quanto cognição e cultura são mediadas pela nossa linguagem.
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