CULTURA E UTOPIA EM ABDULAI SILA: UMA LEITURA DE ETERNA PAIXÃO
Resumo
Neste artigo, analisaremos Eterna Paixão, romance de Abdulai Sila, com vistas ao contexto social e político das comunidades pós-coloniais lusófonas. Ao contrário daquilo que poderíamos traçar como rota “natural” do processo de descolonização, tendo o pessimismo em face da realidade e um reforço na busca das origens como símbolos prediletos de um modo pré-colonial, Sila se lança na implementação de um desejo utópico orientado e programado, ligado sobremaneira à atividade econômica moderna e participativa, sem abandonar os princípios morais e éticos da comunidade. Sua voz torna-se inusitada na medida em que se descola da imagem elaborada do discurso pós-colonial. Essa trajetória sui generis consiste em abandonar o discurso da violência sobre o Outro, buscando uma desreferencialização discursiva instituída na diferença.
PALAVRAS-CHAVE: Estudos Pós-Coloniais, Literaturas de Língua Portuguesa, Guiné Bissau, Abdulai Sila