Performances do corpo negro feminino
Uma leitura da construção do sujeito lírico na obra de Roberta Estrela D’alva
DOI:
10.59917/rpolifonia.v30i57.17150Resumo
Tomando como ponto de partida a hipótese de Leda Maria Martins (2002) de que a subjetividade dos corpos se cria no e pelo poema por meio de um valor performativo, apresentamos um estudo do poema “SLAM BLUES – TAKE I”, de Roberta Estrela D’alva, para pensarmos a articulação entre corpo, performance e poética. A partir do caráter performático da subjetividade feminina no processo de significação do poema, o presente artigo levanta reflexões que ajudam a pensar os modos como a partir da retomada da performance do dos corpos negros em espiral é possível imaginar processos de (re)configuração do sujeito lírico na poesia brasileira contemporânea produzida por mulheres. O estudo se vale de uma leitura crítica e cerrada do poema e conclui afirmando que os cruzamentos das matrizes africanas no processo da performance poética desafiam a lógica de uma subjetividade centrada no eu.
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