Quando a esmola é demais, o santo desconfia
O fantástico e a sátira social em “Entre Santos”, de Machado de Assis
DOI:
10.59917/rpolifonia.v29i56.16572Resumo
Propomos o estudo dirigido do conto “Entre Santos”, de Machado de Assis, com a finalidade de identificar elementos do fantástico configurados pelo autor na tentativa de erigir uma sátira à sociedade de seu tempo. Este conto apresenta uma narrativa em moldura que traz, de um lado, a história do capelão de S. Francisco de Paula posicionado como narrador-ator e, de outro, as histórias contadas pelos santos. Temos suporte na perspectiva de que o sujeito da enunciação referente à escritura fantástica constitui, assim como em outros textos ficcionais, uma figura relevante, porque produz o efeito de verossimilhança necessário à manutenção da ambiguidade. Nesse sentido, acreditamos que o narrador tem um papel fundamental na ficção fantástica, pois tende a reforçar a sua autoridade como testemunha da irrupção do sobrenatural. Além dessas considerações, vemos que a posição ocupada pelo narrador-ator em “Entre santos” constitui uma estratégia narrativa que desvela o funcionamento da sociedade brasileira no século XIX.
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