O processo de difusão da mudança na posição de clíticos de 3a pessoa na história do português

Autores

  • Thaís Franco de Paula polifoniapa@gmail.com
    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Sueli Maria Coelho polifoniapa@gmail.com
    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • César Nardelli Cambraia polifoniapa@gmail.com
    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Resumo

No presente estudo, investigou-se a posição dos clíticos de 3a pessoa na história da língua portuguesa, dando-se ênfase à questão da difusão. Pretendeu-se avaliar se a difusão da mudança foi sensível a dois fatores: um formal e outro funcional. Do ponto de vista teórico, este estudo se baseou no modelo variacionista e no conceito de difusão sintática. O corpus foi constituído de dados extraídos de textos dos sécs. XVI a XXI, no gênero textual crônica. Foram testadas duas hipóteses, que foram confirmadas: (a) as mudanças na posição dos clíticos de 3a pessoa se iniciaram nas formas com menor saliência formal; e (b) essas mudanças se iniciaram na função de partícula pronominal. Argumentou-se complementarmente que o português brasileiro não apresentou manutenção dos padrões do português clássico, uma vez que terá avançado mais intensamente no processo de preferência por próclise até o séc. XVIII, com frequência superior à do séc. XVI.

Referências

ALENCAR, J. de. Iracema: lenda do Ceará. 2. ed. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.

ALENCAR, J. de. Guerra dos mascates: chronica dos tempos coloniaes. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1871. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4670. Acesso em: 19 jan. 2020.

ANDRADE, C. D. de. De notícias & não notícias faz-se a crônica: histórias, diálogos, divagações. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.

BARBOSA, D. C. Narração dos Applausos com que o Juiz do Povo e a Casa dos Vinte-Quatro festeja a felicissima inauguração da Estatua Equestre onde tambem se expõem as Allegorias dos Carros, Figuras e tudo mais concernente ás ditas Festas. Lisboa: Regia Officina Typografica. 1775. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/rest/bitstreams/264397/retrieve. Acesso em: 19 jan. 2020.

BARBOSA, D. C. Descripção da Grandiosa Quinta dos Senhores de Bellas, e Noticia do seu Melhoramento. Lisboa: Typographia Regia Silviana. 1779. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/rest/bitstreams/264405/retrieve. Acesso em: 19 jan. 2020. Acesso em: 19 jan. 2020.

BARREIROS, A. A collocação dos pronomes. Revista Brazileira, Rio de Janeiro, ano 2, tomo V, p. 71-83, 1880. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/139955/per139955_1880_00005.pdf. Acesso em: 30 set. 2020.

CAETANO, B. Rascunhos sobre a grammatica da lingua portugueza. Rio de Janeiro: Typ. de A. dos Santos, 1881. Disponível em:

https://archive.org/details/rascunhossobrea00caetgoog. Acesso em: 30 set. 2020.

CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. 1 ed. 2. reimp. São Paulo: Contexto, 2010.

CHAGAS, M. P. Literatura brazileira – José d’Alencar. In: CHAGAS, M. P. Novos ensaios críticos. Porto: Casa da Viúva Moré, 1867. p. 212-224. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=qqNhAAAAcAAJ. Acesso em: 30 set. 2020.

COELHO, S. M.; PAULA, T. F. de. Colocação pronominal nas Minas setecentistas. Alpha, Patos de Minas, v. 12, p. 112-127, 2011. Disponível em: https://revistas.unipam.edu.br/index.php/revistaalpha/issue/view/123/Revista%20Alpha%20N%2012%202011. Acesso em: 21 set. 2020.

DUVIVIER, G. Put some farofa. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2014.

GALVES, C. Ênclise e próclise: geometria ou álgebra, morfologia ou sintaxe? D.E.L.T.A., São Paulo, v. 6, n. 2, p. 255-272, 1990. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/46478/30795. Acesso em: 21 set. 2020.

GALVES, C; BRITTO, H.; PAIXÃO DE SOUSA, M. C. The change in clitic placement from classical to modern european portuguese: results from the tycho brahe corpus. Journal of Portuguese Linguistics, Lisboa, v. 4, n. 1, p. 39-67, 2005. Disponível em: https://jpl.letras.ulisboa.pt/articles/abstract/10.5334/jpl.166. Acesso em: 30 set. 2020.

GALVES, C.; LOBO, T. Ordem dos clíticos. In: LOBO, T., OLIVEIRA, K. (Orgs.) África à vista: dez estudos sobre o português escrito por africanos no Brasil do século XIX. Salvador: Ed. da UFBA, 2009. p. 174-207. Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ufba/185. Acesso em: 30 set. 2020.

GALVES, C.; PAIXÃO DE SOUSA, M. C. The change in the position of the verb in the history of Portuguese: subject realization, clitic placement and prosody. Language, Baltimore, v. 93, p. 152-180, 2017.

GÂNDAVO, P. de M. História da Província de Santa Cruz. Lisboa: Casa de Antonio Gonçalves. 1576. Disponível em: http://purl.pt/121. Acesso em: 19 jan. 2020.

GURGEL, S. O período dos estudos linguísticos brasileiros dito científico na questão da colocação pronominal (1880-1920). 2008. 144 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade de São Paulo, 2008. Disponível em:

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-12012009-164534. Acesso em: 30 set. 2020.

LIMA BARRETO, A. H. de. Diário íntimo. In: VASCONCELLOS, E. (Org.) Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001

MARTINS, A. M. Clíticos na história do português. 1994. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Lisboa, 1994.

NARO, A. J.; LEMLE, M. Syntactic Diffusion. In: STEEVER, S. B.; WALKER, C. A.; MUFWENE, S. S. (Eds.) Papers from the Parasession on Diachronic Syntax. Chicago: Chicago Linguistic Society, 1976. [Rep.: NARO, A. J.; LEMLE, M. Syntactic Diffusion. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 259-268, 1977]

PAGOTTO, E. G. A posição dos clíticos em português: um estudo diacrônico. 1992. 168 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1992. Disponível em:

http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/270508. Acesso em: 30 set. 2020.

PAGOTTO, E. G. Norma e condescendência, ciência e pureza. Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, Campinas, n. 2. p. 49-68, 1998.

PAULA, T. F. de. A posição dos clíticos pronominais no português sob a perspectiva dos sistemas adaptativos complexos: um estudo diacrônico. 2019. 131 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Universidade Federal de Minas Gerais, 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/LETR-BBWHKA. Acesso em: 21 set. 2020.

PINTO, E. P. (Org.) O português do Brasil: textos críticos e teóricos, 1 - 1820/1920 - fontes para a teoria e a história. Rio de Janeiro/São Paulo: Livros Técnicos e Científicos. Ed. da USP, 1978.

SALVI, G. La sopravvivenza dela legge di Wackernagel nei dialleti occidentali dela peninsola iberica. Medioevo Romanzo, Roma, v. 15, n. 2, p. 177-210, 1990.

VASCONCELLOS, S. de. Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil e do que Obrarão seus Filhos nesta Parte do Novo Mundo. Lisboa: Officina de Henrique Valente de Oliveira. 1666. Disponível em:

http://repositorio.ufba.br:8080/ri/handle/ri/29575. Acesso em: 19 jan. 2020.

WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. Empirical foundations for a theory of language change. In: Lehmann, W. P.; Malkiel, Y. (Eds.) Directions for historical linguistics: a symposium. Austin: University of Texas Press, 1968.

Downloads

Publicado

2023-01-23

Como Citar

FRANCO DE PAULA , T. .; COELHO , S. M. .; CAMBRAIA, C. N. . O processo de difusão da mudança na posição de clíticos de 3a pessoa na história do português . Polifonia, [S. l.], v. 29, n. 53, p. 184–207, 2023. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/14867. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

Outros lugares