REPRESENTAÇÕES SOCIODISCURSIVAS DO CORPO POLÍTICO TRANSVESTIGÊNERE EM PRÁTICAS MIDIÁTICAS DIGITAIS BRASILEIRAS
Resumo
Neste artigo, analisaremos as representações sociodiscursivas da ativista transvestigênere Luana Muniz em práticas midiáticas digitais brasileiras. Com base na teoria-metodológica da análise de discurso crítica faircloughiana, nosso objetivo é investigar as representações do corpo/discurso político transvestigênere nas práticas midiáticas, a partir do processo de recontextualização de um evento social. Compõem o corpus, 46 notícias publicadas entre 15 de dezembro de 2015 e 6 de maio de 2017. Como ferramentas analíticas, mobilizamos as categorias linguístico-discursivas: recontextualização, representação dos agentes sociais e intertextualidade; as categorias sociais: corpo e identidade de gênero; e as categorias midiáticas: midiatização e visibilidade. A partir da análise, constatamos que, no processo de recontextualização, as práticas midiáticas escolhem incluir/excluir elementos do evento social primário de acordo com os propósitos comunicativos e com os discursos particulares das Instituições às quais estão associadas. O corpo/discurso transvestigênere de Luana Muniz é representado a partir da relação social com um corpo/discurso cisheteronormativo. Apesar do capital de visibilidade conquistado por Luana na Lapa, o corpo/discurso transvestigênere é discursivamente invisibilizado, por escolhas como, por exemplo, a não inclusão da voz e da trajetória de vida da ativista.