Apresentação
Resumo
Em 2020, tivemos um ano muito difícil, quase 200 mil brasileiros e brasileiras mortos em razão da pandemia de Covid-19, que aportou no Brasil a partir de março daquele ano. Infelizmente, adentramos em 2021 com dados mais dramáticos do que os do ano anterior, chegando, no momento da publicação desta edição da revista Polifonia, a mais de 300 mil mortos no Brasil. Em meio a essa tragédia, porém, as ciências não pararam, os pesquisadores não suspenderam suas atividades, mesmo em condições físicas, psíquicas e emocionais bastante adversas e a despeito de um discurso governamental de negação da ciência, e em alguns momentos de inacreditável desrespeito aos cientistas, aos intelectuais, aos professores e ao seu trabalho, chamado, inclusive, de “balbúrdia”, cortando verbas num dos momentos em que o Brasil mais precisa de incentivo e valorização à pesquisa, inclusive e, talvez, principalmente, nas humanidades.
É neste contexto dialógico, dolorido, mas, ao mesmo tempo, de esperança por dias melhores, que apresentamos este número da Polifonia, com temática voltada aos estudos bakhtinianos e áreas afins. Tendo como horizonte sócio-histórico-cultural e ideológico o cronotopo pandêmico de 2020-2021, nossos autores se debruçaram sobre as noções de diálogo e de alteridade em Bakhtin, Volóchinov e Medviédev, configurações de projetos de dizer em anúncios publicitários, análises de cronotopos desses anúncios e de séries de tv e filmes elogiados pela crítica, como The handmaide’s tale e Bacurau. Dialogando, ainda, com os estudos bakhtinianos, encontramos trabalhos de Análise do Discurso, em mais de uma vertente, debruçando-se sobre o discurso nazista, a resposta jurídica dos advogados de Lula à sua acusação em relação ao tríplex de Guarujá e as encenações políticas nas redes sociais.