QUEM NASCE EM BACURAU É O QUÊ? A CONSTRUÇÃO DO CORPO POLIFÔNICO PELO CORO DE VOZES NORDESTINAS
Palavras-chave:
corpo polifônico, bacurau, polifonia.Resumo
Neste trabalho, propomo-nos a discutir a construção do corpo polifônico na obra cinematográfica Bacurau, do diretor Kleber Mendonça Filho, a partir do embate entre as personagens Tony Jr. e Lunga. No longa, é evidente que nenhuma das personagens ocupa o local de protagonismo, antes, o coro das vozes que formam, constroem, conjuntamente e de forma equipotente, os sentidos em torno do vilarejo em que vivem no sertão pernambucano, delineando, assim, o verdadeiro protagonista da trama: o vilarejo Bacurau. Desse modo, a partir dos estudos de polifonia, categoria estudada por Bakhtin e de outros postulados advindos do Círculo de Bakhtin, evidencia-se aqui os traços polifônicos que atravessam Bacurau, seja na construção do vilarejo como espaço propício para a circulação de vozes equipotentes, seja pelos corpos polifônicos que proferem essas vozes. A busca pelos indícios polifônicos se deu a partir de uma perspectiva qualitativa pelo método indiciário.
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