CONSTRUINDO O MELHOR MOMENTO PARA TOMAR O TURNO NA FALA-EM-INTERAÇÃO DE SALA DE AULA NA ESCOLA PÚBLICA CIDADÃ DE PORTO ALEGRE

Autores

  • Pedro M. Garcez celiadr@uol.com.br
  • Paloma Silva de Melo celiadr@uol.com.br

Resumo

O objetivo deste trabalho de natureza microetnográfica é examinar a auto-seleção para a tomada de turnos por parte dos alunos no início da vida escolar, quando deles é exigido o aprendizado de novas práticas interacionais, como tomar o turno na fala-em-interação de sala de aula no momento oportuno. Para isso, o trabalho analisa a fala-em-interação de sala de aula em uma turma de primeiro ano do primeiro ciclo em uma escola de ensino fundamental da rede pública municipal de Porto Alegre. Focaliza a auto-seleção para a tomada de turnos de fala na “hora da rodinha” e no “conselho de classe participativo”, um evento singular e autoral da escola. Examina as ações de gerenciamento e alocação de turnos, ou outras ações de controle social empreendidas pelas professoras diante dessas auto-seleções na escola. Inicialmente foram observadas 32 horas de aulas e outras atividades escolares de uma turma de primeiro ano do primeiro ciclo, durante todo o primeiro semestre de 2006, nessa escola cujo projeto político-pedagógico se propõe a formar cidadãos participativos e tem como eixo central a noção de que o trabalho em grupo qualifica a aprendizagem, e disciplina não é um fim em si mesmo. Foram redigidas notas detalhadas com base no trabalho de campo e a seguir procedeu-se ao registro audiovisual do primeiro conselho de classe participativo da turma, cuja falaem-interação foi segmentada e parcialmente transcrita para análise seqüencial. Destaca-se um segmento no qual os participantes administram a tensão entre os limites da tomada de turnos em interação organizada com múltiplos participantes e o desejo pela tomada de turnos nessa configuração, apoiada pelo compromisso institucional do projeto político-pedagógico. Observou-se e aqui se demonstra a co-construção justificada do controle social corretivo por parte da professora e a tomada de turnos devidamente ordenados, por mais de um aluno que antes disputavam, para participar do conselho participativo em momento adequado. Conclui-se que a resolução bem-sucedida dessa tensão corrobora a realização prática e situada do projeto político-pedagógico da escola, conforme já indicado em trabalhos anteriores.

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Publicado

2007-03-01

Como Citar

GARCEZ, P. M.; MELO, P. S. de. CONSTRUINDO O MELHOR MOMENTO PARA TOMAR O TURNO NA FALA-EM-INTERAÇÃO DE SALA DE AULA NA ESCOLA PÚBLICA CIDADÃ DE PORTO ALEGRE. Polifonia, [S. l.], v. 13, n. 13, 2007. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/1057. Acesso em: 17 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê