“HAY QUE SEGUIR LUCHANDO”: ARTE E COMPROMISSO NOS DISCURSOS AUTOBIOGRÁFICOS DE MERCEDES SOSA

Autores

  • Nathan Bastos de Souza nathan.diagramacao@gmail.com
    Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Doutorando em Linguística. Bolsista Capes. http://orcid.org/0000-0003-1560-2867
  • Valdemir Miotello miotello@terra.com.br
    Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Palavras-chave:

arte e compromisso, ditadura militar argentina, Mercedes Sosa.

Resumo

O objetivo deste artigo é estudar o entrelaçamento entre arte e compromisso nos discursos autobiográficos de Mercedes Sosa (1935-2009) em torno do tema da ditadura militar. Para tanto, o material de nossa pesquisa é constituído de fragmentos de dois documentários, Mercedes Sosa, la voz de Latinoamérica e Como um pájaro libre – e uma entrevista. Os dados com que lidamos neste artigo recortam o tema ditadura nesses materiais, dos quais transcrevemos e analisamos fragmentos de discurso autobiográfico. Metodologicamente, o discurso autobiográfico é estudado desde um ponto de vista da transgrediência do eu em relação ao relato, isto é, na medida em que há um desacordo entre discurso e história. Em uma seção que funciona como contextualização histórica, apresentamos a Argentina do período histórico em que se passaram a ditadura militar (1976-1983) e o consequente exílio de Mercedes Sosa na Europa durante aqueles anos. A abordagem teórica é advinda dos estudos de Bakhtin (2010), especialmente ligados à ética e dos estudos de Carvajal e Nogueira (2014) sobre o conceito de “enunciar a ausência”. Por fim, nossa análise discute o compromisso social de Mercedes Sosa com a formulação de uma arte engajada, a crítica aos artistas e intelectuais indiferentes e o enfrentamento das desigualdades.

Biografia do Autor

Nathan Bastos de Souza, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Doutorando em Linguística. Bolsista Capes.

Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCaR). Mestre em Linguística pela UFSCar. Graduado em Letras - Português e Espanhol pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

Valdemir Miotello, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Doutor em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Associado IV, aposentado, Universidade Federal de São Carlos.

Referências

ALI, T. O poder das barricadas: uma autobiografia dos anos 60. Tradução Beatriz Medina. São Paulo: Boitempo, 2008.

BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. Tradução do russo de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

BAKHTIN, M. M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução aos cuidados de Valdemir Miotello & Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

BRACELI, R. Mercedes Sosa, la Negra. Edición Definitiva. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2010.

CALVEIRO, P. Poder e desaparecimento. Os campos de concentração na Argentina. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013, 152p.

CARVAJAL, F. NOGUEIRA, F. Enunciar la ausencia. In. Perder la forma humana: Una imagen sísmica de los años ochenta en América Latina. TAPIA, M. VINDEL, J. CARVAJAL, F. MESQUITA, A... [et. Al.]. Sáenz Peña: Universidad Nacional de Tres de Febrero; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, 2014, p.103-110.

FARO, F. Mercedes Sosa – Ensayo. 63 minutos, colorido. Cópia disponível em: https://bit.ly/2Wa6TlB. (Acesso em abril de 2020), 1991. São Paulo: Canal Cultura, 1991.

GIORDANI, S. Había que cantar... Una historia del festival nacional de folklore de Cosquín. Córdoba: Comisión Municipal de Folklore, 2010.

GLEIJER, A. RECHES, D. Como un pájaro libre. In. SOSA, M. Como un pájaro libre. Buenos Aires: Philips Records, 1983. Disco sonoro. Faixa 1.

LÓPEZ, M. A. Fosa común. In. Perder la forma humana: Una imagen sísmica de los años ochenta en América Latina. TAPIA, M. VINDEL, J. CARVAJAL, F. MESQUITA, A... [et. Al.]. Sáenz Peña: Universidad Nacional de Tres de Febrero; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, 2014, p.116-130.

MARIANI, T.A. De la vuelta de Mercedes Sosa a la asunción de Raúl Alfonsín: actores emergentes en el folklore argentino. In. Revista Argentina de Musicología, v. 19, 2018, p. 175-193.

MASSHOLDER, A. Todas las voces, todas: Mercedes Sosa y la política. Buenos Aires: Ediciones Desde la Gente, 2016.

NOVARO, M. PALERMO, V. A ditadura militar argentina (1976-1983). Do golpe de Estado à restauração democrática. Tradução Alexandra de Mello e Silva. São Paulo: EDUSP, 2007, 752p.

PONZIO, A. A concepção bakhtiniana de ato como dar um passo. In. BAKHTIN, M. M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução aos cuidados de Valdemir Miotello & Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010, p.9-38.

RANCIÈRE, J. O espectador emancipado. Tradução de Daniele Ávil. Urdimento. N.15, 2010, p. 107-122.

SARLO, B. Paisagens imaginárias. Tradução Mirian Senra. São Paulo: EDUSP, 2016, 296p.

SERVETTO, A. Memorias de intolerancia política: las víctimas de la Triple A (Alianza Argentina Anticomunista). In. Antíteses, vol. 1, n. 2, 2008, p. 439-454.

VILA, R. Mercedes Sosa, la voz de Latinoamérica. 110 minutos. Distribuição: 3C Films Cópia disponível em: https://bit.ly/2VJm6uI (Acesso em abril de 2020). Argentina: Canal Encuentro, 2013.

WÜLLICHER, R. Como um pájaro libre. 69 minutos, colorido. Roteiro: BRIANTE, M. Cópia disponível em: https://bit.ly/2Wbubau (Acesso em julho de 2017), 1983. Argentina: Dispro Films S.A. & Laboratórios Alex S.A., 1983.

Publicado

2020-10-05

Como Citar

SOUZA, N. B. de; MIOTELLO, V. “HAY QUE SEGUIR LUCHANDO”: ARTE E COMPROMISSO NOS DISCURSOS AUTOBIOGRÁFICOS DE MERCEDES SOSA. Polifonia, [S. l.], v. 27, n. 47, 2020. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/10544. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Outros lugares