Contratos (i)mediados: encenação e polarização política nas redes sociais
Palavras-chave:
ato de linguagem, teoria dos fundamentos morais, comunicação ubíqua.Resumo
O atual contexto político e social é de intensa polarização e acirrados embates discursivos, tanto nos espaços físicos quanto nas redes sociais. Neste artigo, nosso objetivo é analisar a encenação do ato de linguagem no Twitter em torno do nome do atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, nos dias que antecederam o segundo turno das eleições presidenciais de 2018. A questão norteadora se encontra no pressuposto de que o enunciador não reconhece no ocupante do polo oposto do debate um parceiro de fala legítimo; ao invés disso, atribui a ele uma função de antagonista em sua encenação e dirige o ato de linguagem a um ocupante do seu polo da polarização com o objetivo de fortalecer sua posição identitária. O marco teórico se situa sobre a Teoria Semiolinguística em Patrick Charaudeau (2010), a Teoria dos Fundamentos Morais em Jonathan Haidt (2012) e a Comunicação Ubíqua em Lucia Santaella (2010, 2013). A pesquisa é exploratória e bibliográfica mediante um estudo de caso sobre discursos que circulam na rede social Twitter. O corpus será composto por tweets de ambos os lados do espectro político em torno do nome “Jair Bolsonaro” às vésperas das eleições presidenciais de 2018. Como resultado de análise, depreendemos que a polarização política é amplificada pela comunicação ubíqua e que os lados opostos do debate operam uma encenação discursiva que não prioriza a busca pela verdade, mas sua preservação identitária, o que os previne de acolher perspectivas que vão de encontro a suas crenças preestabelecidas.
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