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O CURRÍCULO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NORMALISTAS EM COLÉGIOS CONFESSIONAIS CATÓLICOS DO SUL DE MATO GROSSO (1959-1963)

THE CURRICULUM FOR THE TEACHING OF MATHEMATICS IN THE FORMATION OF TEACHERS IN CATHOLIC COLLEGES IN SOUTHERN MATO GROSSO (1959-1963)

Giovanna Ellen Oliveira Boni
Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil
Edvonete Souza de Alencar
Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil

REAMEC – Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática

Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil

ISSN-e: 2318-6674

Periodicidade: Frecuencia continua

vol. 7, núm. 3, 2019

revistareamec@gmail.com

Recepção: 05 Julho 2019

Aprovação: 10 Setembro 2019



DOI: https://doi.org/10.26571/reamec.v7i3.8597

Os direitos autorais são mantidos pelos autores, os quais concedem à Revista REAMEC –Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática -os direitos exclusivos de primeira publicação. Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico. Os editores da Revista têm o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.

Resumo: Este estudo é resultado de uma pesquisa documental que tem como objetivo analisar o currículo de Matemática no período de 1959-1963, mediante as configurações políticas e morais da época, para a formação de professores através do Ensino Normal, ofertada na região do Sul do Mato Grosso em colégios confessionais católicos. Para isso além dos documentos fornecidos pela instituição, buscou-se dissertações e outras investigações que realizaram estudos nos institutos confessionais e que apresentaram documentos dessa época em suas análises, além de pesquisas bibliográficas sobre o currículo no período histórico. Considera-se a importância da instalação dos institutos confessionais católicos pois estes passam a promover a formação para professores na região do Sul do Mato Grosso. Diante dos quadros de disciplinas, horários e conteúdos elaborados por Brazil (2012) e Amaro (2018), percebe-se que a Matemática, ensinada para os futuros professores está centrada no ensino do sistema de numeração decimal e nas operações aritméticas. Vemos ainda a Matemática intrinsicamente nas disciplinas de Música, trabalhos manuais, economia doméstica e desenho e/ou artes.

Palavras-chave: Currículo, Matemática, História da educação Matemática.

Abstract: This study is the result of a documentary research that aims to analyze the Mathematics curriculum in the period 1959-1963, through the political and moral configurations of the time, for the formation of teachers through the Normal Teaching offered in the Southern region of Mato Grosso in Catholic confessional colleges. For this, in addition to the documents provided by the institution, we searched for dissertations and other investigations that carried out studies in the confectionary institutes and that presented documents of that time in their analyzes, as well as bibliographical research on the curriculum in the historical period. It is considered the importance of the installation of the Catholic denominational institutes as they begin to promote training for teachers in the region of South Mato Grosso. In view of the tables of subjects, timetables and contents elaborated by Brazil (2012) and Amaro (2018), it is noticed that Mathematics, taught for future teachers, is centered on the teaching of the decimal number system and arithmetic operations. We also see Mathematics intrinsically in the disciplines of Music, manual work, home economics and drawing and/or arts. Keyword: Curriculum; Mathematics; History of Mathematics education.

Keywords: Curriculum, Mathematics, History of Mathematics education.

1. INTRODUÇÃO

Sabemos que o currículo está presente em diferentes ações cotidianas seja escolar e não escolar. Estudos como os de Hornburg e Silva (2007) mencionam que o currículo apresenta questões de poder nas relações professor- aluno, professor – administrador governamental, além das relações externas as situações escolares, de classes raciais étnicas e de gênero e estas estão presentes nos diferentes contextos históricos. Tendo em vista sua importância buscamos compreender como os professores normalistas foram formadas para o ensino de matemática nos anos de 1959 a 1963 em um dos principais colégios confessionais de uma cidade do interior do Sul de Mato Grosso. Para isso analisamos o currículo formativo da instituição. Para compreender como esse processo se deu, é importante considerar a definição do que vem a ser currículo e a importância das escolas confessionais para a formação dos professores no Brasil. Assim selecionamos para a fundamentação sobre currículo Apple (2008) e Silva (1999). E para fundamentar as escolas confessionais utilizamos Amaro (2018).

Apple (2008) define currículo como um agrupamento de conhecimentos que toma como partido a visão de determinados grupos sobre o que estes consideram ser conhecimento legítimo. Esse conhecimento, logo, é o resultado de todo o desenvolvimento intelectual e cultural de determinado povo, por meio de conflitos e tensões nos espaços políticos, culturais e econômicos destes.

Os estudos de Silva (1999, p. 15) o define como o “resultado de uma seleção: de um universo mais amplo de conhecimentos e saberes seleciona-se aquela parte que vai constituir, precisamente, o currículo”, logo, podemos compreender o currículo como algo maior que a simples listagem de conteúdos a se ensinar. Possui relação com ‘o que ensinar’ e ‘para quem ensinar’, sobre a preocupação diante de quais conteúdos ensinaremos afim de formar um determinado tipo de ser humano desejado.

Quanto a fundamentação que evidencia a importância das escolas confessionais para a formação dos professores no Brasil, utilizamos Amaro (2018). A pesquisadora em seu trabalho revela a importância de se conhecer mais sobre as instituições confessionais, visto que no Brasil estas eram uma das poucas oportunidades ofertadas para o estudo e parte dos professores brasileiros da época eram oriundos dessa formação. Por este motivo conhecer mais sobre essas instituições permite saber sobre como se delineou as atividades e tendências de ensino nos anos posteriores nos quais estes professores atuaram.

Amaro (2018) utilizou documentos do acervo da própria escola como fonte para investigar a historicidade do âmbito escolar católico, cujo “caráter funcional [...] se assentava nos preceitos básicos educacionais legalmente exigidos na época e princípios religiosos franciscanos, como a fraternidade e o cultivo espiritual.” (AMARO, 2018, p. 33).

Neste período, a educação era mencionada nas leis através da constituição de 1934 e, em 1961, quando é homologada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que regularizava o “sistema de ensino do país, ao tratar de aspectos como regulamentação de conselhos estaduais de educação, formação mínima exigida para professores e ensino religioso facultativo” (AMARO, 2018, p. 35).

Diante dessas reflexões iniciais, organizamos nosso artigo trazendo sobre o contexto que influenciou o currículo brasileiro nos anos de 1959 a 1963, metodologia utilizada, análises dos documentos institucionais e dissertações sobre o tema e considerações.

2. O CONTEXTO QUE INFLUENCIOU NA ELABORAÇÃO O CURRÍCULO BRASILEIRO DE 1959 – 1963

As décadas de 50 e 60 trouxeram mudanças significativas para o atual currículo vigente na educação. Até então, a educação era considerada apenas na Constituição brasileira de 1934 como:

direito de todos e (que) deve ser ministrada, pela família e pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana.

Embora houvesse a pauta de que a educação era direito de todos, o que ocorreria no estudo são os fatores mencionados para uma educação voltada ao princípio da moral, oferecido pela família e por instituições públicas. Consideramos que seriam esses que auxiliariam no proceder dos objetivos, citados pelo Jornal GGN (2017, s/p) como: “alfabetizar a população, educar o cidadão, fortalecer a capacidade dirigente das elites e qualificar as massas trabalhadoras para funções produtivas mais complexas”.

Quando as especificidades para a formação do professor, as escolas normalistas surgiram em meados da Revolução Burguesa, na França. Estas começam a ocupar seu espaço no território brasileiro no século XIX, na cidade de Niterói-RJ, onde “promulgou-se a Lei n° 10 que organizou o ensino normal e estabeleceu as normas para aqueles que pretendiam se candidatar a escola Normal.” (MARTINS, 2009, p. 6).

Diante do governo de Juscelino Kubitschek de 1956 a 1961, cuja sociedade enfrentava transformações em nome do progresso brasileiro, a escola passou a ter o importante papel de “ensinar a escrever e a falar bem, bem como, de valorizar bons autores da literatura, principalmente nacional, além de amar e exaltar a pátria.” (AMARO, 2018, p. 62). Com esse interesse governamental foi realizado incentivos para a permanecia e desenvolvimento dos cursos normalistas, visto a demanda brasileira que teríamos.

Quanto as especificidades da instituição selecionada vemos no Decreto-lei de 1946 estabelecia, no artigo 4° do capitulo III, que haveria “três tipos de estabelecimentos de ensino normal: o curso normal regional, a escola normal e o instituto de educação” (AMARO, 2018, p. 113), e é seguindo as premissas dessa Lei orgânica que as irmãs fundam um dos institutos educacionais da cidade do interior do sul do Mato Grosso , onde “ atendiam [...] crianças do jardim de infância, primário e ginásio e Ensino Normal” (AMARO, 2018, p. 114).

É relevante levar em consideração que o Instituto Educacional analisado, começou seu trabalho em 1955, consolidada pelo ‘Manifesto dos Educadores, realizado em 1932 e precedido em 1959. Amaro (2018, p. 33) esclarece que o intuito da criação desses institutos era o de

Ampliar as finalidades da Escola Normal que, além da formação de professores primários, envolveu o próprio curso primário e pré-primário, destinado às práticas dos alunos-mestres, além do secundário e dos cursos de extensão ou de aperfeiçoamento para professores já formados.

Sarat e Mancini (2007) mencionam Moreira (1990) em sua investigação que a referida instituição analisada possuía influência do Patronado de Mores as irmãs franciscanas originaria do Rio Grande do Sul. A instituição demorou dez anos para sua construção como podemos ver na foto da figura 1, 2 e 3 e funcionava em dois períodos, havendo ainda o regime de internato, semi-internato e externato.

Construção da Instituição Franciscana alicerce
Figura 1
Construção da Instituição Franciscana alicerce
Fonte: Acervo iconográfico da Escola Franciscana e Amaro (2018)

 construção da Instituição
Franciscana fase intermediária
Figura 2
construção da Instituição Franciscana fase intermediária
Fonte: Acervo iconográfico da Escola Franciscana e Amaro (2018)

Edificações em finalização
Figura 3
Edificações em finalização
Fonte: Acervo iconográfico da Escola Franciscana e Amaro (2018)

No ano de 1959 esta instituição se consolidou como uma escola normalista de autarquia privado. Neste mesmo ano segundo Brazil (2012) houve o aumento de oferta de estudos para os alunos e este fato exigia a contratação de mais professores, que na época eram poucos e possuíam pouca formação. Assim essa instituição promoveu a formação de 180 professores rurais.

Amaro (2018) revela um detalhe histórico interessante o corpo docente dessa instituição era formado por duas classes de professores: os leigos, considerados pelas irmãs franciscanas com conhecimento adequado para o ensino das normalistas e as professoras da congregação formadas pelas irmãs franciscanas. E a quantidade de alunos matriculadas será demonstrada na Tabela 1:

Tabela 1
Número de alunos matriculados de 1959- 1963
Ano Normal Regional Ginásio Secundário Normal Colegial Total
1959 23 8 31
1960 48 12 60
1961 29 29 11 69
1962 26 71 18 125
1963 7 80 39 126
Fonte: Adaptado de AMARO, Eliane Maria (Org.). Alunos matriculados 1959-1971. Escola Franciscana Imaculada Conceição. 2018.

Brazil (2012) menciona que no ano posterior -1959, as irmãs franciscanas começaram o Curso Normal no Instituto Educacional. Assim a instituição contava com o curso Normal Regional, considerado de primeiro grau e o Normal Colegial, considerado de segundo grau. A autora em seus estudos revela que o primeiro curso começou a funcionar com 8 alunas e o segundo com 6 alunas. E em 1964 essa mesma instituição passou a oferecer o Curso de Formação de Professores Primários.

3. CAMINHOS PERCORRIDOS: METODOLOGIA

Esta investigação é do tipo documental e fundamenta-se em Ludke e André (2013) que considera este tipo de investigação qualitativa e considera de grande importância pois ainda é um tipo metodológico pouco explorado. Esta permite identificar aspectos da área investigada, desvela tendências e identifica conhecimentos pouco abordados. Para sua realização é preciso sensibilidade do pesquisador para observar os diferentes aspectos revelados no documento.

Para análise apresentada neste artigo, foram selecionados os documentos da instituição, uma dissertação e um artigo sobre a temática. Nosso critério de seleção foi selecionar os documentos curriculares dessa época e investigações que pesquisaram a mesma instituição por fazer parte do projeto maior intitulado “O ensino normal e a invenção das moças de família: análise sobre práticas socioculturais e de formação docente em colégios confessionais católicos do sul de Mato Grosso: (1889-1971)”. Assim nosso estudo é parte integrante desta investigação.

As análises serão realizadas tendo como foco os documentos que evidenciem o currículo de matemática e/ou ensino de matemática no período de 1959 a 1963. O mesmo tratamento deu-se com as análises da dissertação e artigo, visto que estas trazem elementos históricos, mas não aprofundam suas investigações nas especificidades do currículo de Matemática.

4. ANÁLISES: COMO ERA O CURRÍCULO DE MATEMÁTICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NAS ESCOLAS CONFESSIONAIS?

Ao realizarmos as primeiras leituras identificamos que Brazil (2012) e Amaro (2018) apresentam uma tabela com as disciplinas. A primeira autora traz as disciplinas de 1960 a 1962, e a segunda autora complementa os dados da primeira pesquisa trazendo as disciplinas de 1959. Como podemos ver no quadro 1:

Quadro 1
Disciplinas oferecidas pela Escola Normal -1959-1962
ANO DISCIPLINAS
1959 Escola Normal II Ciclo - Geografia, Francês, Matemática, Desenho --- Ed. Física, Física e Química, Português e Química, Anatomia, Música, Religião Trabalhos Manuais
Escola Normal Regional - Ed. Física, Matemática, Religião, Economia Doméstica, Geografia, Desenho, Português, Ciências Geografia, Música, Trabalhos Manuais e Caligrafia
1960 Português, Matemática, Física e Química, Anatomia e Fisiologia Humana, Música e Canto Orfeônico, Desenho e Artes Aplicadas, Educação Física, Francês, Ciências Naturais, Trabalhos Manuais e Geografia.
1961/1962 Desenho, Ciências Naturais, Educação Física, Geografia Natural e do Brasil, Matemática, Música e Canto Orfeônico, Português e Trabalho Manual.
Fonte: Adaptado de Brazil (2012) e Amaro (2018)

Analisando o quadro de disciplinas identificamos que a Matemática estava presente como disciplina, assim como também implicitamente na disciplina de trabalhos manuais, música, desenho e arte.

As disciplinas de Matemática segundo Amaro (2018) os registros identificados em alguns cadernos de normalistas eram centrados no estudo do sistema de numeração decimal e das operações aritméticas. Não havia qualquer relação com outro conteúdo como a geometria, a combinatória etc. Vemos que a regularidade era de três vezes por semana na Escola Normal do II Ciclo e quatro vezes por semana na Escola Normal Regional ambas no ano de 1959 como podemos ver na figura 4 indicada por Amaro (2018, p. 165):

Horário de aulas da Escola Normal
II Ciclo e da Escola Normal Regional
Figura 4
Horário de aulas da Escola Normal II Ciclo e da Escola Normal Regional
Fonte: AMARO, Eliane Maria (Org.). Horário de aulas da Escola Normal II Ciclo e Normal Regional – 1959. Instituto Educacional de Dourados. 2018

Com as imagens podemos notar ainda na Escola Normal II Ciclo a disciplina de música e trabalhos manuais era uma vez por semana e a de desenho duas vezes por semana. Na Escola normal Regional havia trabalhos manuais, economia doméstica, música uma vez por semana e desenho duas vezes por semana. Consideramos importante fazermos essas observações pois temos como inferência que intrinsicamente havia elementos da geometria, do sistema de numeração e números fracionários e unidades de medidas nestas disciplinas. Acreditamos ainda que as mesmas ações e disciplinas para o ensino foram desenvolvidas nos anos posteriores até o foco de nossa investigação 1963.Tal fato é mencionado, mas não aprofundado por Amaro (2018).

A autora apresenta um dos registros dos cadernos das normalistas do ano de 1963, no qual podemos ver na figura 5:

Caderno de normalista com
anotações da disciplina de economia doméstica
Figura 5
Caderno de normalista com anotações da disciplina de economia doméstica
Fonte: Acervo pessoal da aluna Maria Madalena Marques mencionado por Amaro (2018)

Da transcrição realizada por Amaro (2018, p. 128), apresentaremos um recorte, como segue:

Assim a economia doméstica estuda:

a) a aquisição dos bens;

b) a utilização dos bens;

c) a conservação dos bens;

d) a transformação dos bens;

Como podemos notar a economia doméstica trazia implicitamente conhecimento da educação financeira para que a normalista pudesse economizar. É sabido que a educação financeira é um dos conteúdos do ensino de Matemática, neste está relacionado com o sistema monetário, o sistema de numeração decimal e as operações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme os estudos de Hornburg e Silva (2007), o currículo envolve questões de poder entre os atores principais (professor x aluno; professor x administrador governamental), as relações externas da escola envolvendo as diferentes classes raciais étnicas e gênero presentes nos contextos históricos. Diante do exposto, o currículo pode ser percebido como um conceito que detém não somente uma, mas abrange muitas definições. Enquanto Apple (2008) traz currículo como um conjunto de conhecimentos considerados legítimos a partir da visão de certos grupos, Silva (1999) o considera o resultado de uma seleção a partir da preocupação sobre quais conteúdos devem ser ensinados para a formação do cidadão que a sociedade deseja.

Os institutos confessionais católicos, em específico os que foram instalados no Sul do Mato Grosso, tinham como principal intuito, conforme Amaro (2008), formar professores para atuarem na região que necessitava de profissionais capacitados para as escolas primárias que estavam em expansão no país.

Quando analisamos a disciplina de Matemática e as possíveis disciplinas que poderiam abordar seus conceitos, identificamos um currículo básico e tradicional, que focava suas ações no ensino do sistema de numeração decimal e nas operações aritméticas. As aulas de Matemática tinham a regularidade de três a quatro vezes na semana dependendo do nível escolar formativo.

Além disso, notamos nas disciplinas de áreas afins, mas que intrinsicamente abordavam a Matemática, no qual inferimos haver um ensino dos conceitos de geometria, sistema de numerações e números fracionários, além da unidade de medidas e educação financeira.

Consideramos assim que o currículo de matemática abordado nesta instituição confessional para a formação de professores era um currículo de conhecimento básico das quatro operações aritméticas básicas e do sistema de numeração decimal que serviria para atender uma situação emergencial em uma região no qual havia a escassez de profissionais para atuarem na educação.

REFERÊNCIAS

AMARO, Eliane Maria. Escola Franciscana Imaculada Conceição: História da Instituição educativa na região de Dourados, sul de Mato Grosso (1955-1975). Dissertação (Mestrado) – UFGD/MS. 2018.

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HORNBURG, Nice.; SILVA, Rubia da. Teorias sobre currículo: Uma análise para compreensão e mudança. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 3 n. 10 - jan.-jun./2007. ISSN 1807-2836

LÜDKE, Menga.; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo, EPU.2013.

MARTINS, Ângela Maria Souza. Breves reflexões sobre as primeiras escolas no contexto educacional brasileiro, no século XIX. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. 2009.

NASSIF, Lourdes. A Educação brasileira antes de 1964. Jornal GGN. 2017. Disponível em: < https://jornalggn.com.br/historia/a-educacao-brasileira-antes-de-1964/ >.

SARAT, Magda; MANCINI, Ana Paula G. História e Memória da Educação: instituições escolares e infância no município de Dourados e região (1940-1990). In: VII Jornada do HISTEDBR, 2007, Campo Grande. A Organização do Trabalho Didático na História da Educação. Campo Grande/MS: Uniderp, 2007.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Notas

[1] Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: giovannaboni36@gmail.com.
[2] Doutora em Educação Matemática pela PUC-SP, professora Adjunta da Faculdade de Educação na Universidade Federal da Grande Dourados. E-mail: edvonete.s.alencar@hotmail.com.

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