O negro-tema na Linguística: rumo a uma descolonização do racialismo e do culturalismo racialista nos estudos da linguagem

Autores

Palavras-chave:

negro-tema, negro-vida, estudos linguísticos.

Resumo

Este artigo parte da revisão teórica de diversos conceitos nem sempre convergentes. Sua função, mais do que unir essas teorias, é alinhá-las com o propósito de questionar a ideia de negro-tema nos estudos linguísticos. Cunhadas pelo sociólogo baiano Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), as concepções de negro-tema e negro-vida questionam a diferença entre a vida real do negro e a forma como o negro é apropriado nos estudos acadêmicos. No meu caso, o estudioso permite denunciar tanto o racialismo presente no século XIX quanto o flagrante culturalismo racialista que persiste até hoje, como conceituarei. Para tanto, elejo três objetos teóricos que dialogam com nosso campo para analisar como nele se situam comportamentos que, muitas vezes, reproduzem o negro-tema.

Biografia do Autor

Gabriel Nascimento, Universidade Federal do Sul da Bahia

Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília, é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, tendo sido Visiting Scholar na University of Pennsylvania.

Referências

AUTOR. Título do livro. Cidade: editora, 2019.

AUTOR. Título da tese de doutorado. Tese (Doutoramento em ÁREA). Universidade, ano.

APPIAH, K. A. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto; 1997.

AZEVEDO, C. M. M. Onda negra medo branco: o negro no imaginário das elites- século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociologico na ciencia da linguagem. 8.ed. São Paulo; Hucitec, 1997.

BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. Paulo Bezerra. 5. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral. São Paulo: Nacional, EDUSP, 1976.

BLOMMAERT, J. A market of accents. Language Policy, v.8, n.3, 2009.

CARNEIRO, S. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. Tese (Doutoramento em Educação). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2005.

CARVALHO, M. H. M. A construção de uma era: Vargas e a formulação do desenvolvimentismo. Estud. hist. (Rio J.), Rio de Janeiro , v. 27, n. 53, p. 219-222, 2014 .

CASTRO-GÓMEZ, S. Descolonizar la universidad: la hybris del punto cero y el dialogo de saberes. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

CHALMERS, G. Indigenous as ‘not-indigenous’ as ‘us’?: A dissident insider’s views on pushing the bounds for what constitutes ‘our mob’. AIRL, v. 17, n. 2, 2013.

CHAUÍ, M. Simulacro e Poder: Uma análise da mídia. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.

DUSSEL, E. D. 1492: O encobrimento do outro: a origem do 'mito da modernidade'. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

FANON, F. Pele Negra Mascaras Brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.

FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1965.

FLORES, F.; ROSA, J. Undoing Appropriateness: Raciolinguistic Ideologies and Language Diversity in Education. Harvard Educational Review, v. 85, n. 2, pp. 149-171, 2015.

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 1997.

FREYRE, G. Casa-grande & senzala. 2. ed. São Paulo, SP: Schmidt, 1936.

GATES JR., H.L. The Signifying Monkey: a Theory of African-American Literary Criticism, Oxford University Press, 1988.

GILROY, P. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.

GORENDER, J. O escravismo colonial. 6. ed. São Paulo: Ática, 1992.

GUERREIRO RAMOS, A. A redução sociológica. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1995.

GUERREIRO RAMOS, A. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1995.

GUIMARÃES, A. S. A. Depois da democracia racial. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, v. 18, p. 269-290, 2006.

GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e Antirracismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 2009.

MARIUZZO, P. Atlas do comércio transatlântico de escravos. Cienc. Cult., São Paulo , v. 63, n. 1, p. 59-61, 2011 .

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

MIGNOLO, W. Local Histories/Global Designs. Chichester: Princeton University Press, 2000.

MOURA, C. Rebeliões na senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. 5ed. São Paulo, Anita Garibaldi, 2014.

NIETZSCHE, F. W. A genealogia da moral. 7. ed. São Paulo: Centauro, 2007.

NORTON, B. Language, identity, and the ownership of English. TESOL Quarterly, 31(3), 1997. p. 409-429.

NORTON, B. Language, Identity, and the Ownership of English. Tesol Quaterly. v.31, n.3, 1997.

NORTON, B.; TOOHEY, K. (2011). Identity, language learning, and social change. Language Teaching, 44, 4, 412-446. (State-of-the-Art Article). Disponível em: http://educ.ubc.ca/faculty/norton/Norton%20and%20Toohey%20Language%20Teaching%202011.pdf. Acesso em novembro/2011.

PENNYCOOK, A. English and the discourses of Colonialism. London: Routledge, 2002.

PHILIPSON, R. Linguistic Imperialism. Oxford: Oxford University Press, 1992.

REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 166.

ROSA, J.; FLORES, N. Unsettling race and language: Toward a raciolinguistic perspective. Language in Society, 46(5), 621-647, 2017.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SANTOS, R. O negro objetificado na obra de Caio Prado Jr. e Florestan Fernandes: uma análise das narrativas sóci-históricas na construção do pensamento social brasileiro. Africa e Africanidades, n. 23, 2017.

SCHWARCZ, L. K. M.. Nem preto, nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. 1. ed. São Paulo: Claro Enigma, 2012. v. 1. 148p .

SCHWARTZMAN, S. (Org.). O Pensamento Nacionalista” e os "Cadernos de Nosso Tempo. Brasília, Câmara dos Deputados e Biblioteca do Pensamento Brasileiro, 1981, pp. 39-69

SINGH, J. Unthinking mastery: dehumanism and decolonial entanglements. Durham : Duke University Press, 2018.

SMITHERMAN, G. Ebonics, King, and Oakland: Some folk don’t believe fat meat is greasy. Journal of EnglishLinguistics, n. 26, p.97-107, 1998.

SODRÉ, N.W. Formação histórica do Brasil. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

SOUZA, J. A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: LeYa, 2015.

SOUZA, L. M. T. M.. Remapping Writing: indigenous writing and cultural conflict in Brazil. English Studies in Canada, Canada, v. 30, n.3, p. 4-16, 2004.

SOUZA, L.M.T. Engaging the global by re-situating the local: (Dis)locating the literate global subject and his view from nowhere. In: Oliveira ANDREOTTI, V.;SOUZA,L.M.T.M.. (Orgs.) Postcolonial Perspectives on Global Citizenship Education. Londres: Routledge, 2011, v. 1, p. 1-246.

SOUZA, L.T.M. Glocal Languages, Coloniality and Globalization from below. In: GUILHERME, M.; SOUZA, L.M.T. (Orgs.). Glocal languages and Critical Intercultural Awareness. Nova Iorque: Routledge, 2018.

Publicado

2020-09-22

Como Citar

NASCIMENTO, G. O negro-tema na Linguística: rumo a uma descolonização do racialismo e do culturalismo racialista nos estudos da linguagem. Polifonia, [S. l.], v. 27, n. 46, 2020. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/9560. Acesso em: 22 nov. 2024.