Hidróxidos duplos lamelares como estratégia tecnológica para fármacos de baixa solubilidade

Abstract

A baixa solubilidade aquosa é um dos principais desafios enfrentados no desenvolvimento de formas farmacêuticas orais, afetando diretamente a biodisponibilidade e a eficácia terapêutica. Estima-se que cerca de 40% dos medicamentos comercializados, aproximadamente 90% dos fármacos recentemente descobertos apresentem baixa solubilidade. Nesse contexto, o Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) tornou-se uma ferramenta importante para o estudo da biodisponibilidade de fármacos com base em solubilidade e permeabilidade. Diversas estratégias têm sido empregadas para melhorar, incluindo cocristais, dispersão sólida, formação de sais e nanopartículas. A nanotecnologia é um campo voltado ao estudo de sistemas em escala nanométrica, na área farmacêutica os nanocarreadores vêm sendo explorados como veículos para fármacos no desenvolvimento de medicamentos inovadores. Essas formulações nanoestruturadas buscam superar limitações de biodisponibilidade, estabilidade e toxicidade, além de possibilitar o controle da liberação e o direcionamento das moléculas ao sítio específico de ação e, assim, reduzem seus efeitos adversos. Entre tantas alternativas, os Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL) destacam-se como sistemas promissores devido à sua capacidade de intercalar moléculas bioativas, estabilizar formas amorfas e modular a liberação controlada. Suas propriedades estruturais e funcionais têm possibilitado avanços em diferentes campos de aplicação, incluindo meio ambiente, medicina, eletrônica e catálise. Este artigo de revisão discute a importância da solubilidade no desempenho farmacêutico, apresenta avanços relacionados às aplicações de HDL em farmacotecnologia e enfatiza seu potencial para melhorar a biodisponibilidade de fármacos de baixa solubilidade, ilustrando com exemplos práticos de formulações desenvolvidas e seus resultados na melhoria da solubilidade, estabilidade e perfil de liberação de fármacos relevantes.