endividado, o desemprego em alta e uma inflação descontrolada. Mas eram
tempos de esperanças. Após 20 teríamos novamente um presidente civil, ainda
que não fosse eleito diretamente pelo povo, conforme observa Motta (2000, p.
383), “o colégio eleitoral poderia eleger um presidente civil, conservador e
confiável para os militares, com apoio das oligarquias e dos partidos que
debandavam da ditadura moribunda”, fato que acabou não acontecendo, embora
o presidente civil eleito pelo colégio eleitoral, mas com apoio popular, Tancredo
Neves, tenha falecido antes de tomar posse e seu vice José Sarney é que de fato
assumiu a presidência, provocando decepção em muitos brasileiros
esperançosos.
Já no cenário musical as coisas iam tão bem, pelo menos para a parte da
população que poderia comprar disco, que parecia que todos os problemas
políticos e sociais enfrentados pela nação poderiam ser suavizados ao som do
rock and roll.
Pela primeira vez na história, o Brasil receberia um grande festival de rock
com bandas consagradas internacionalmente como Queen, AC/DC, Whitesnake,
Iron Maiden dentre outras, e presença de artistas brasileiros já conhecidos do
grande público, a exemplo de Erasmo Carlos, Rita Lee e Ney Matogrosso,
juntamente com alguns novatos como Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho.
A empolgação do público com o rock produzido na década de 1980 no país
era tão grande que, segundo Motta, no Rio de Janeiro “mesmo debaixo de chuva,
muita gente subia o morro para ver as novas bandas de rock brasileiro do Rio, de
São Paulo e de Brasília” (idem, p. 351). O autor ressalta ainda que as novas
bandas de rock, mesmo aquelas ainda desconhecidas, quando tocavam no
espaço de shows conhecido como Noites Cariocas já encontravam esperando por
elas cerca de três mil jovens entusiasmados na pista. Com toda essa maré a
favor, era evidente e constante o surgimento de novas bandas.
O rock, evidentemente, já fazia parte do cenário musical brasileiro desde a
década de 1950 com versões de músicas americanas, passando pelas décadas
de 1960, 1970 com nomes e sucessos relevantes como os Mutantes e Raul
Seixas, mas o chamado rock Brasil dos anos 1980 tinha seu DNA próprio, tanto
que ficou conhecido pela a alcunha BRock, (destacando as consoantes BR, tal