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FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS E SEU OUTRO: CONCEPÇÕES
DE LINGUAGEM EM PORTAIS EDUCACIONAIS
RESUMO: O presente artigo tem como
objetivo discutir como as coLncepções de
ensino de Língua Portuguesa ainda estão
pautadas em uma expectativa de
normatividade que reforça a postura do
ensino tradicional e descontextualizado
da língua. Para isso, serão tomados como
corpus os comentários do leitor em
Portais Educacionais de Ensino de
Português. Considera-se que analisar
esses contextos extraescolares ajuda a
entender a representação social que
serve como alicerce para as concepções
de linguagem de professores e alunos em
sala de aula. Do ponto de vista teórico,
serão utilizados os conceitos Bakhtinianos
de exotopia e excedente de visão.
PALAVRAS-CHAVE: Concepções de
ensino. Língua Portuguesa. Exotopia.
Excedente de visão. Bakhtin.
ABSTRACT: This article aims to discuss
how the conceptions of Portuguese
language teaching are still based on an
expectation of normativity that reinforces
the traditional teaching position and
decontextualized language. For this, the
reader's comments on Portuguese
Teaching Educational Portals will be taken
as corpus. It is considered that analyzing
these extracurricular contexts helps to
understand the social representation that
serves as a foundation for the language
conceptions of teachers and students in
the classroom. From the theoretical point
of view, the Bakhtinian concepts of
exotopia and vision surplus (excess of
seeing) will be used.
KEYWORDS: Teaching concepts.
Portuguese language. Exotopia. Vision
surplus (excess of seeing). Bakhtin.
MARCO ANTONIO VILLARTA-NEDER
Doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp -
Araraquara). Professor associado da Universidade da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras, Docente do Programa de Pós Graduação em Letras (PPGL) da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), villarta.marco@del.ufla.br
ROSIMAR DE FÁTIMA SCHINELO
Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho Paulo (UNESP - Araraquara). Professora da Faculdade de
Tecnologia de Catanduva-FATEC. rosimar@fateccatanduva.edu.br
HELENA MARIA FERREIRA
Doutora em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP). Professora associada da Universidade da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras, Docente do Programa de Pós Graduação em Letras (PPGL) da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), helenaferreira@del.ufla.br
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1. INTRODUÇÃO
A atividade profissional de um professor de Língua Portuguesa se
constitui em um contexto em que são recorrentes questionamentos do tipo:
afinal, o que é ensinar uma língua? O que é aprender uma língua? É possível
ensinar sem aprender ou vice-versa? E, entre nós, como posso ter certeza
que sei o que é Língua Portuguesa (o que a define como língua e como língua
diferente das demais)?
Cabe lembrar que questionamentos dessa natureza não são
exclusividade da condição profissional do professor em geral, nem de uma
suposta bizarrice de ser professor de português para alunos que falam
português. Questões parecidas são fundamentais para qualquer atividade
profissional, do piloto de avião ou engenheiro civil a um maestro de orquestra.
Para qualquer atividade profissional tomada com critério, seria
inadmissível a ideia de que, não importa a situação, um profissional pode
mobilizar os mesmos conhecimentos, independentemente da situação em que
se encontra. E, nesse caso, a inter-relação entre o corpo de conhecimentos
que fundamenta a prática daquele profissional, aliado à capacidade de
diagnosticar o que é mais adequado em cada contexto é que permitem
aferirmos o sucesso ou o insucesso de um determinado modelo de formação.
No entanto, uma profunda diferença em relação aos usuários dos
serviços das atividades profissionais em geral. Diversamente, o aluno e toda
sociedade esperam do professor de português a mesma doutrina, o mesmo
conteúdo, a mesma visão sobre a língua que seus antepassados de décadas e
séculos experimentaram. Em termos gerais, o aluno se sente confortável ao
entrar numa sala de aula e encontrar um professor que saiba entoar regras e
exceções, de modo dinâmico, utilizando audiovisual, cantando jingles das
regras gramaticais, fazendo jogos sintáticos, enfim, fazendo a decoreba se
travestir de ares alegres e, quem sabe, a depender da proposta pedagógica da
escola e da sensibilidade do professor, tecnológicos.
Com a crescente difusão da internet, tem se estabelecido uma multidão
de sites, blogs e, mais recentemente, de portais educacionais específicos para
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apresentação de regras de gramática normativa com espaços para os
internautas interagirem, enviando dúvidas e perguntas.
Este artigo pretende analisar alguns desses portais, especialmente em
relação a seções dúvidas de internautas em portais educacionais de ngua
Portuguesa. Pretendemos, também, discutir como essas concepções de língua
e de seu ensino-aprendizagem (em contexto de língua materna) constituem um
jogo de papéis exercidos pelo professor e por sua audiência. Dito de outra
maneira: que consequências podemos ter quando o professor exerce a função
de representar, quase como decalque, a visão que o outro (aluno, sociedade)
tem de seu trabalho e de seu objeto de estudo e trabalho (a língua) ? E como
esses espaços constroem essa relação entre a visão do professor, da
sociedade e do público que a acessa ? Ou ainda: podemos pensar a formação
do professor de português sem olharmos para o contexto que a constitui ?
A perspectiva desse artigo é discutir aspectos dessa relação do
professor com seu Outro, seja representado pelo aluno ou por instâncias ou
segmentos da sociedade brasileira em geral. Buscamos, aqui, cumprir uma
etapa dessa tarefa analisando quem é esse Outro – múltiplo – que constitui não
somente o interlocutor do professor, mas decisivamente - um conjunto de
concepções sobre a formação e a prática desse professor. Assim, a proposta
em pauta consiste em, à luz da teorização de Mikhail Bakhtin, analisar portais
educacionais de Língua Portuguesa, sob o ponto de vista das seções de
dúvidas dos internautas e/ou das respostas/compilações construídas pelos
portais analisados, com vistas a:
1. Identificar concepções de linguagem e de língua
2. Identificar relações exotópicas entre essas concepções
3. Analisar, nessas relações exotópicas, o excedente de visão que se
incorpora na visão dos portais a partir da ótica da sociedade (senso
comum sobre a língua), dos alunos e/ou usuários dos portais e dos
professores-internautas usuários dos portais.
Para isso, o corpus selecionado consiste em três portais educacionais
que disponibilizam material relativo à área de Língua Portuguesa. Desses, um
portal é hospedado em provedores de amplo acesso
(www.klickeducação.com.br), um é especificamente voltado para um enfoque
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gramatical (www.gramaticaonline.com.br) e o último é um portal público, ligado
a uma Secretaria de Estado da Educação de um dos Estados mais importantes
da União (http://www.educacaopublica.rj.gov.br) .
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR
O conceito bakhtiniano de exotopia, neste trabalho, constitui uma
ferramenta teórica importante para uma reflexão sobre como esse espaço do
Outro constitui o sujeito (no caso desse trabalho, a representação do lugar
social e epistemológico do professor de português):
Entra em cena [...] um conceito, essencial à formulação de
Bakhtin, o conceito de exotopia, que, poderíamos dizer
corresponde ao fato de que o meu olhar sobre o outro não
coincide com o olhar que o outro tem de si mesmo, exatamente
porque meu “excedente de visão” possibilita-me ver no outro
aquilo que ele não pode ver. (OLIVEIRA, 2006, p. 111)
No texto do próprio Bakhtin, em Estética da Criação Verbal, ao discutir a
problemática do herói e do autor:
Em todas as formas estéticas, a força organizadora é categoria
de valores do outro, uma relação com o outro enriquecida do
excedente de valores inerente à visão exotópica que tenho do
outro e que permite assegurar-lhe o acabamento. (BAKHTIN,
2000, p. 203)
A importância desse conceito é decisiva para se discutir as concepções
que embasam a formação do professor de português, embora não pareça tão
óbvia. Uma das queixas mais insistentes por parte do professor é que, cada
vez mais, a responsabilidade pelo (in)sucesso do ensino de Língua Portuguesa
na Educação Básica repousa na figura do professor. Até mesmo quanto à sua
formação, as políticas educacionais têm induzido o próprio professor e a
sociedade a acreditar que é tarefa do docente buscar a formação continuada,
se aperfeiçoar, num esforço individual. Mais do que isso, a responsabilização
pela qualidade do desempenho dos alunos.
Nesse contexto, deslocar a discussão para como a relação do professor
com elementos outros que constituem suas concepções, seu olhar, coloca
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questões que ficam obscurecidas e silenciadas. Daí a relevância desse
conceito bakhtiniano.
Falar em formação continuada do professor transformou-se num lugar
comum, num clichê, cujo ônus acaba, muitas vezes, recaindo sob o professor
de português que atua na Educação Básica. Qual das armadilhas desse
discurso pretendemos apontar aqui? Precisamente que o caráter de não
acabamento da concepção de formação continuada desloca-se de um
movimento de uma posição em que o professor sabe sobre um determinado
estado de coisas a partir de uma relação dinâmica entre a prática de sua
vivência dentro do sistema escolar (em primeiro lugar como cidadão, depois
como aluno e, enfim, como docente), a reflexão sobre essa prática, a partir de
modelos que são elaborações sobre práticas e vivências e a ressignificação e
atualização da prática docente a partir desse percurso. Esse deslocamento
leva a retomar a ideia de falha, de uma incompletude negativa que alude à
incapacidade do professor para lidar com o contexto da sala de aula.
Quando Bakhtin, no conceito de exotopia, pensa que esse acabamento
do sujeito do conhecimento se dá, necessariamente, no Outro e pelo Outro,
podemos deslocar essa incompletude da noção de falha para a noção de
alteridade. Ou seja: se é o Outro que acabamento e se a formação e a
prática do professor não conta do contexto da sala de aula, essa falha é,
também, necessariamente, compartilhada. Se o ensino de português fracassa
como ferramenta de compreensão e intervenção, há uma cumplicidade da
sociedade que engendra e mantém o sistema escolar, do aluno que representa
(no sentido simbólico) essa posição.
Podemos aprofundar essa reflexão trazendo outro momento do texto de
Bakhtin:
Do ponto de vista da produtividade efetiva do acontecimento,
quando somos dois, o que importa não é o fato de que, além
de mim, haja mais outro homem, semelhante a mim (dois
homens), e sim que, para mim, ele seja o outro; é nisso que
sua simpatia por minha vida não é nossa fusão num único ser,
não é uma duplicação numérica da minha vida, e sim um
enriquecimento do acontecimento da minha vida, pois ele a
vive de uma nova forma, numa nova categoria de valores
como vida de outro que é percebida diferentemente e recebe
uma razão de ser diferente da sua própria. A produtividade do
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acontecimento não consiste na fusão de todos em um, mas na
exploração da exotopia que permite à pessoa situar-se num
lugar que é a única a poder ocupar fora dos outros. (BAKHTIN,
2000, p. 103).
Do ponto de vista do Eu, é do lugar do Outro que me enxergo o lugar
que posso ocupar no mundo e que me torna possível existir como sujeito.
Entender isso estabelece um duplo papel.
O primeiro é de o relação dialética com o Outro. Perceber que satisfazer
as expectativas da voz hegemônica desse Outro, representada por uma visão
desfocada e elitista da língua, de seu ensino e de sua circulação e produção
cultural, leva inevitavelmente à falha. No espaço dessa contradição, não
como não pensar a formação do professor de português como um diálogo
tenso, mas necessário, com essa voz social, histórica e cultural da sociedade
brasileira, consubstanciada, o mais das vezes, na voz e no corpo dos alunos
mais excluídos.
O segundo papel é o de enxergar que esse acabamento que só pode ser
dado pelo Outro, em se tratando da sociedade brasileira, constitui o lugar social
e teórico do professor. É uma afirmação forte, mas cabe dizer que esse perfil
de professor que é cobrado pelo fracasso é exatamente aquele que a
sociedade tem a expectativa de formar, pelo único lugar que permite ao
professor se constituir. Nesse sentido, esse segundo papel é o de denúncia.
Aqui torna-se pertinente utilizar a relação que Bakhtin faz entre exotopia
e cultura:
Na cultura, a exotopia é o instrumento mais poderoso da
compreensão. A cultura alheia só se revela em sua completude
e em sua profundidade aos olhos de outra cultura (e não se
entrega em toda a sua plenitude, pois virão outras
culturas que verão e compreenderão ainda mais). Um
sentido revela-se em sua profundidade ao encontrar e tocar
outro sentido, um sentido alheio; estabelece-se entre eles
como que um diálogo que supera o caráter fechado e
unívoco, inerente ao sentido e à cultura considerada
isoladamente. Formulamos a uma cultura alheia novas
perguntas que ela mesma não se formulava. Buscamos nela
uma resposta a perguntas nossas, e a cultura alheia nos
responde, revelando-nos seus aspectos novos, suas
profundidades novas de sentido. Se não formulamos nossas
próprias perguntas, não participamos de uma compreensão
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ativa de tudo quanto é outro e alheio (trata-se, claro, de
perguntas sérias, autenticas). (BAKHTIN, 2010, p. 368)
Quando Bakthin diz que “formulamos a uma cultura alheia novas
perguntas que ela mesma não se formulava”, está um ponto de inflexão
dessa denúncia. E o final da citação é ainda mais oportuno: Se não
formulamos nossas próprias perguntas, não participamos de uma compreensão
ativa de tudo quanto é outro e alheio.” É bom lembrar que para Bakhtin a
própria compreensão da fala do Outro já é um diálogo.
E se o lugar da formação do professor de português não participar
ativamente dessa relação como esse(s) lugar(es) Outro(s) que o constituem,
que grau de consciência de si, de sua função e de sua relação com o Outro
(aluno, outros professores, outras áreas, a sociedade de que faz parte) poderá
ser estabelecida ? Essa é uma questão importante para a ressignificação do
processo de formação docente.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CORPUS
Como um recorte do corpus, elegemos, especificamente, três situações
de dúvidas de internautas (uma de cada portal) sob a forma de pergunta-
resposta ou compilação.
Tomaremos como primeiro a ser analisado o portal Gramática on line,
por ser o o único dos três que compõem o corpus a ter uma seção estruturada
no formato pergunta-resposta, envolvendo ocorrências linguísticas comuns no
cotidiano social (ver https://gramaticaonline.com.br/blog/). A seção é constituída
por uma injunçãoutilizando o verbo perguntar no imperativo e o nome do
professor responsável pelo site. Não identificação do internauta que teria
enviado a dúvida, o que suscita a questão se a dúvida foi realmente enviada ou
se se utiliza o espaço para uma antecipação virtual do leitor. Em ambos os
caos, porém, um leitor representado, o que permite estabelecermos a
análise em termos de exotopia. Tomaremos como material a ser analisado a
questão sobre separação silábica. Clicando no link da dúvida, somos levados a
outra tela.
A pergunta, transcrita nessa segunda tela, é a seguinte:
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A afirmação "No português existem os particípios ativos como
derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo
atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o
de existir é existente, o de mendigar é mendicante... Qual é o
particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é
ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade. Assim,
quando queremos designar alguém com capacidade para
exercer a ação que expressa um verbo, que se adicionar à
raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte."? Se positivo, inexiste
o verbete PRESIDENTA na Língua Portuguesa?
(http://www.gramaticaonline.com.br )
Em primeiro lugar, vamos situar a discussão da função representada
pelos portais. Organizados e/ou gerenciados por um professor de português ou
por uma equipe de professores da área de Letras, tais portais projetam no
mundo virtual o papel de fonte do conhecimento atribuída ao professor em sala
de aula. Com a vantagem de possibilitar ao internauta (aluno ou não) de não
passar constrangimento por se expor ao enunciar sua dúvida num contexto
público como o da sala de aula.
O lugar do consulente pode ser caracterizado inicialmente por um
conjunto de indícios. O primeiro deles é em relação ao espaço escolar. A
linguagem utilizada e o raciocínio silogístico aplicado a uma regra citada pelo
consulente indiciam um docente ou alguém com formação que permita o
desenvolvimento lógico e textual compatível com esse perfil.
A resposta do professor responsável pelo portal foi a seguinte:
Certíssima essa teoria acerca dos particípios, porém a Língua
não é 'engessada', não se estagna no tempo. Em algum
momento na história de nosso idioma, criou-se o substantivo
feminino "presidenta", como também em algum momento se
criou o feminino substantivado de governante, a "governanta",
sobre o qual ninguém tece comentário algum; ninguém diz que
esse substantivo não existe. Elegeram a presidenta como o
problema.
O substantivo presidenta sempre existiu. Não foi inventado
agora, com a eleição de Dilma para a presidência da república.
Os dicionários Houaiss, Aurélio e Priberam, além do Volp, o
documento oficial de nosso idioma, editado pela Academia
Brasileira de Letras, a responsável pelo Formulário Ortográfico
da Língua Portuguesa no Brasil, registram o substantivo
feminino "presidenta", cujo significado é "mulher que preside;
mulher que se elege para a presidência de um país"; e também
"esposa do presidente". O vocábulo "presidenta", portanto,
existe e pode ser usado!
(http://www.gramaticaonline.com.br )
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O lugar teórico onde o portal se situa para responder à dúvida é o de
que a língua muda, é dinâmica. Aparentemente, estamos diante de um ponto
de vista descritivo, consonante com a observação da inevitabilidade da
mudança contínua da língua. Mas não é inteiramente assim. Não é qualquer
mudança: é a mudança dicionarizada (daí os exemplos de diversos
exemplos de dicionários); portanto, uma mudança que se consagra e se
reconhece na escrita (já que os dicionários são escritos e baseados em corpus
escrito). É a mudança tutelada, legitimada pelos mecanismos de controle dos
especialistas (dicionaristas), que representam a língua reconhecida. Fica
implícito que esse é o critério para que as mudanças sejam possíveis. Para que
exista uma determinada forma ou construção. Cabe a pergunta: e se a forma
viesse da oralidade e não estivesse dicionarizada ?
O segundo portal educacional (www.klickeducacao.com.br ), hospedado
em um dos maiores provedores de conteúdo do Brasil, não apresenta
propriamente uma seção de dúvidas onde os internautas tenham suas
perguntas colocadas diretamente, mas tem algumas compilações de temas que
seriam objeto dessas dúvidas. Não fica claro se tais compilações são fruto de
dúvidas enviadas ou de antecipações de perfil do espectador do site.
Para análise neste artigo foi selecionada a citação abaixo:
Como surgem as dúvidas de Português?
Uma língua é um instrumento a serviço da comunicação de
seus usuários. Dependendo do grau de instrução que se tenha
ou da atenção e do cuidado com que se fale, pode-se usar a
língua correta ou incorretamente. Quando é usa corretamente,
estimula a prática de bons hábitos que consagram a norma
culta como a norma comum a todos. Quando usada de maneira
incorreta, origem a desvios e erros, os chamados vícios de
linguagem que, em longo prazo, desfiguram o idioma e
provocam uma série de dúvidas. Em alguns casos, esses
vícios são adotados e repetidos por figuras públicas e
profissionais que trabalham com a língua, como jornalistas,
apresentadores de rádio e televisão, políticos e atores, o que
contribui para difundir os erros e até mesmo incorporá-los à
linguagem cotidiana.
Fonte: http://www.klickeducacao.com.br
Em qual lugar se situa a concepção de língua desse portal? A de língua
como instrumento. Ela está pronta. Se está pronta, é o “cuidado” ou o
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“conhecimento” (instrução) do usuário que vai manter a norma culta “pura”,
como patrimônio da sociedade. É o lugar da tradição. Não de qualquer
tradição, pois tradições que se estabelecem pelo uso das comunidades que
a instituem. Se a língua está pronta, ela é de todos porque, no fundo, não é de
ninguém especificamente.
É um lugar abstrato, acima de qualquer acontecimento sociológico,
antropológico, constitutivo e característico de qualquer grupo humano, com
qualquer linguagem real. Para este lugar, cuja voz se apresenta no texto do
portal, as dúvidas em relação à língua são desvio. São incorreções
ocasionadas por uma “falta de higiene linguística” do falante, que se afasta dos
“bons hábitos” e ocasiona “vícios de linguagem”, que, desse ponto de vista, vão
contaminando a linguagem cotidiana. Ou seja: a linguagem cotidiana também
não nasce das condições sociais, históricas e antropológicas que constituem
qualquer grupo humano; no texto elas são vistas como resultado dessa língua
atemporal, higienizada e abstrata que paira sobre o espaço e o tempo, sobre
as dores e alegrias da condição humana.
Será que podemos conceber que expectativas tão doutrinais, tão
prescritivas e tão excludentes do que temos de humano possa construir um
espaço de formação do professor de português que não chegue
inevitavelmente à falha, ao fracasso ? E essa falha pode ser tomada em dois
sentidos. O primeiro, se considerarmos o atendimento a essas expectativas.
que nenhuma língua tem como ser assim, asséptica e alheia ao humano, o
professor que tente estudar a língua dessa maneira, trabalhar com a língua
assim, estará fadado ao fracasso. O segundo sentido é o da relação com a
língua real. Esse professor, mesmo se conseguisse a proeza de atender a
expectativas tão alienígenas em relação a qualquer sistema simbólico humano,
esbarraria com seres humanos reais que não se reconheceriam nessa língua
nihilista, nessa antilíngua anômica que o portal propõe. Teríamos, portanto, em
ambos os casos, uma exotopia na incomunicabilidade e do não acontecimento.
Um professor incomunicável diante de outros cidadãos que partilham com ele
do mesmo sistema simbólico; o não acontecimento do ato de encontro que é a
relação ensino-aprendizagem.
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Por fim, o terceiro portal, público e vinculado a uma Secretaria de Estado
da Educação do Rio de Janeiro, não apresenta uma seção de perguntas e
respostas ou de atendimento a dúvidas. Foi escolhido como parte do corpus
deste trabalho um fórum, que consiste numa seção chamada de Discussões
comentadas, especificamente o que se intitula “A internet ameaça a língua
portuguesa ?
1
”.
O texto apresentado constitui uma compilação de comentários postados
no fórum, como indica o parágrafo inicial:
Foram mais de 200 respostas, em dois anos e meio de fórum.
E ainda hoje chegam respostas. A pergunta era simples: "O
internetês é uma ameaça à língua portuguesa"? O sucesso era
previsível; afinal, a questão juntava um tema da atualidade a
internet, a informática, as novas tecnologias de informação e
comunicação (as NTICs) a um assunto que afeta todos os
professores: a capacidade e as formas de expressão dos
jovens.
Fonte: www.educacaopublica.rj.gov.br
No final do texto um box com o nome de todas as pessoas que
opinaram e que tem como última sentença “O tema continua em aberto.
Participe!”. Na verdade é um link que abre um a caixa onde qualquer pessoa
pode postar os seus comentários, opiniões, pontos de vista. Antes de chegar
no box, o último parágrafo do texto diz:
xxxx acha "natural misturar linguagens. Os adultos também
misturam, quando usam 'deletar' e 'printar', juntando inglês e
português, quando o mais correto seria utilizar apagar e
imprimir". Para ela, "o pior é tentar negar a presença e a força
do internetês" ou querer usar esse código fora de hora. Fonte:
www.educacaopublica.rj.gov.br
O que chama a atenção na análise das relações exotópicas neste último
portal é que os principais posicionamentos referentes ao tema (sejam
característicos de uma visão mais purista e estática da língua, quanto aqueles
que buscam estabelecer uma inter-relação entre a língua e suas condições de
produção cultural, histórica, social, ideológica) se fazem representar no texto da
compilação. Por outro lado, percebe-se que na seleção e edição, uma voz
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/comentadas/0042.html
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que exotopicamente constrói um diálogo entre os diversos pontos de vista.
Percebe-se também que um privilégio discreto pelas posturas mais
reflexivas e/ou mais fundamentadas. A própria escolha da opinião que fica no
parágrafo final dá indícios disso.
Outro ponto a ser analisado no portal em geral é uma seção em que os
professores postam seus textos e tem o título de Sua Voz:
Este espaço está reservado para a sua produção. Aqui
divulgamos experiências em sala de aula, artigos, resultados
de pesquisa, projetos educativos, monografias, dissertações,
teses e outras produções interessantes feitas por educadores.
Mas, atenção: a revista Educação Pública não tem condições
de impedir apropriações indevidas.
Fonte: www.educacaopublica.rj.gov.br
Surpreendentemente em relação à maioria dos portais educacionais,
este em questão não impõe uma concepção de língua e de linguagem, mas
estabelece um formato interativo em que os professores são estimulados a
construírem um espaço de discussão e, dentro dele, definirem tais concepções.
Da perspectiva em que se coloca este artigo, que é a discutir as relações
exotópicas, este tipo de interlocução alude à observação de Bakhtin sobre a
relação exotópicas entre culturas: “Se não formulamos nossas próprias
perguntas, não participamos de uma compreensão ativa de tudo quanto é outro
e alheio”. (BAKHTIN, 2000, p. 368)
Apesar dos riscos de o professor se sentir inicialmente desorientado
diante da diversidade de opiniões e pontos de vista, tal portal investe de fato
num movimento de construção de alteridade com experiências múltiplas e com
um processo de estabelecimento de uma consciência que não se dá na
solidão da individualidade angustiada do professor diante dos seus desafios,
mas espaço dialético de compartilhar dúvidas, de construir um diálogo. Nessa
tensão inevitável do diálogo e lembremos que para Bakhtin toda
compreensão já é diálogo – cria-se um campo mais dinâmico de exotopia.
Esse espaço tende a ser caleidoscópico, não em um sentido negativo de
confusão e desorganização, mas no sentido de que uma multiplicidade de
outros que provocam o olhar do sujeito a não se fixar num único lugar. O
conceito de exotopia nos permite entender que nosso lugar no mundo é único
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e, portanto, jamais seremos onipresentes, jamais ocuparemos todos os
lugares, ao modo de uma divindade que tudo sabe e tudo vê. Mas permite,
igualmente, que o sujeito possa ver o único lugar que o constitui de diferentes
(outros) lugares, tal como se movesse vários holofotes para clarearem seu
lugar de constituição. E cabe ainda considerar que toda essa tessitura de
lugares se move e o lugar que ocupo hoje será diverso do outro único lugar que
ocuparei em outro momento de minha existência em função da relação com
diversos outros.
Em relação a uma análise comparativa dos três portais cabe uma
ponderação sobre o perfil de interlocutor estabelecido por eles. O portal
Gramática on line não especifica o interlocutor que elege e sobre cujas
representações constroi sua identidade. O portal Klickeducação destina-se
igualmente a alunos, pais e professores. Isso pode ser certificado pelas seções
específicas, via cadastro de email para login. Todavia, o acesso geral ao site
também não é discriminado para um público específico. O último portal
analisado, Educação Pública, caracteriza-se, em sua página inicial, como uma
revista, tendo como subtítulo “Reflexão e interação de educadores”.
É aceitável que em um portal aberto ao público em geral haja um foco
mais definido na explicação dos conceitos. Mas, se pensarmos que o
interlocutor, quem quer que seja, é tributário da atitude e do modo como o
portal enuncia, o lugar de onde diz, cabe pensar na relevância de discutir em
que medida as concepções de língua e linguagem que veiculam e apresentam
podem ser obstáculos ou desafios estimulantes para a construção desse
espaço de alteridade.
A diferença entre posturas reflexivas e comprometidas com o contexto
real em que se situam como cidadãos, alunos ou professores ou a imposição
de modelos e doutrinas elitizadas, inflexíveis e incongruentes com o
funcionamento empírico do mundo implicam não somente um exercício de
identificação de posturas diversas. Implica, sobretudo, o quanto e o como se
pretende que haja um espaço dinâmico para que o Outro seja fonte de
conhecimento sobre quem somos e o como somos. Berti-Pinto (2017, p . 200)
considera que “ensinar língua é ensinar o outro a existir. Existir é um ato de
linguagem, é um ato de consciência”.
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Nesse contexto de constituição de sujeitos, podemos nos recorrer à
Zsundy (2014), que apoiada em Bakhtin (2003), aborda uma questão crucial na
formação/atuação de professores: educar responsável e responsivamente.
Para a autora, uma educação responsável pode fornecer subsídios e
estratégias para a compreensão, o engajamento e a eventual transformação
das práticas sociais. Assim, as atividades e projetos pedagógicos podem
extrapolar a materialidade do enunciado para situá-lo histórica e
ideologicamente, analisando os discursos, tanto do ponto de vista do conteúdo,
quanto do ponto de vista dos tipos e formas de discurso por meio dos quais os
diferentes temas tomam forma, são comentados, se realizam, são
experimentados, são pensados etc.
Compreender a linguagem como uma prática discursiva poderá propiciar
ao professor exercitar-se criticamente, além de reconhecer suas próprias
vozes e os processos de apropriação das vozes alheias, as posições de sujeito
com as quais se identifica e perceber quais valores sociais, éticos e morais, os
seus enunciados indiciam.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste capítulo foi discutir como a formação do professor de
português, como qualquer outro processo identitário, depende de outros
espaços, lugares socioideológicos e teóricos que expressam concepções de
linguagem, língua e ensino de português.
Buscou-se identificar essas concepções e as relações com esses Outros
por intermédio do conceito de exotopia, do pensador russo Mikhail Bakhtin,
utilizando-se como corpus três portais educacionais que tratam de questões
sobre Língua Portuguesa.
A análise trouxe como elemento de reflexão uma diversidade de
nuances sobre esses lugares. Nos três portais, dois se comprometem com uma
visão mais doutrinal sobre a língua, um mais discretamente, outro de maneira
mais explícita e incisiva. O terceiro, portal, uma revista on line para
professores, constitui-se, como proposta, como um espaço de interação e de
construção de concepções e de troca de experiências.
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Todo e qualquer acabamento de um texto é sempre provisório. E,
coerentemente com o modelo teórico utilizado nesta análise, temos que
acreditar que esse acabamento, do ponto de vista do autor do texto também é
ilusório, já que o acabamento é privilégio do Outro. É o Outro que me completa,
que pode me ver no único lugar que posso ocupar no mundo.
Em nome da representação que esse autor construiu sobre os possíveis
outros que serão os leitores desse capítulo (preferencialmente professores,
mas também alunos e cidadãos formados em outras áreas do conhecimento),
foi deixado fechamento dessa reflexão uma contraparte do conceito de
exotopia, de Bakhtin: o conceito de excedente de visão:
Quando contemplo um homem situado fora de mim e à minha
frente, nossos horizontes concretos, tais como são
efetivamente vividos por nós dois, não coincidem. Por mais
perto de mim que possa estar esse outro, sempre verei e
saberei algo que ele próprio, na posição que ocupa, e que o
situa fora de mim e à minha frente, não pode ver: as partes de
seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar a cabeça, o
rosto, a expressão do rosto , o mundo ao qual ele dá as
costas, toda uma série de objetos e de relações que, em
função da respectiva relação em que podemos situar-nos, são
acessíveis a mim e inacessíveis a ele. Quando estamos nos
olhando, dois mundos diferentes se refletem na pupila dos
nossos olhos. Graças a posições apropriadas, é possível
reduzir ao mínimo essa diferença dos horizontes, mas para
eliminá-la totalmente, seria preciso fundir-se em um, tornar-se
um único homem. Esse excedente constante de minha visão e
de meu conhecimento a respeito do outro, é condicionado pelo
lugar que sou o único a ocupar no mundo: neste lugar, neste
instante preciso, num conjunto de dadas circunstâncias
todos os outros se situam fora de mim. (BAKHTIN, 2000, pp.
43-44)
Do lugar que cada um ocupa no mundo, um jogo de invisibilidades.
Cada um de nós é incapaz de enxergar partes importantes do próprio corpo.
Do ponto de vista do que nossos olhos físicos enxergam, jamais saberíamos
como é nossa própria face ou como são nossas costas. É somente do ponto de
vista o Outro (e o espelho é a representação física da direção desse lugar) que
podemos no ver, nos representar e (re)construirmos constantemente nossa
identidade.
Embora esse seja um fenômeno de caráter geral para nossa condição
humana, o interesse deste texto foi colocar a questão da formação do professor
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de português. Se, de maneira geral, ninguém se vê, isso se aplica a cada um
de nós e a todos nós. É somente na troca de experiências, na troca de olhares
sobre nós e sobre o mundo que somos capazes de nos enxergar. Essa troca,
que nos permite colocar em jogo com o Outro o que nos é invisível sobre nós e
o que é invisível a ele sobre si mesmo é que constitui o excedente de visão.
Para se pensar a formação do professor de português, propomos a
relevância de abandonarmos a solidão e a invisibilidade com que cada
professor tem que lidar nas horas de angústia em que pesa sobre seus ombros
e sobre todo seu ser o (eventual) fracasso de todo sistema educacional. Cada
professor, especialmente os de português, deve ter sentido, em algum
momento de sua carreira docente, mesmo quando um único aluno ou uma
única sala de aula exibe uma situação de impasse no processo ensino-
aprendizagem, a sensação e o um olhar abstrato, metafórico e abstrato de toda
sociedade recriminando-o pelo fracasso da educação brasileira.
O que se propôs aqui, no recorte analisado, foi a possibilidade e a
necessidade de não se desvincular a formação do professor da exotopia e do
excedente de visão. Não se esquecer que, naquilo que tiver de bem sucedida
ou não, a formação e cada momento da história profissional de um professor é
fruto da relação entre o lugar que ocupa no mundo e da relação desse lugar
com o lugar de outros: da sociedade em que vive, dos outros professores que o
sucederam ou que convivem com ele, dos alunos.
Cada concepção de linguagem e de prática docente é fruto de uma
construção histórica e social. Igualmente indissociáveis de outros momentos e
de outras concepções. Nos portais analisados pôde-se analisar diferentes
formas de constituição ou de interdição desse diálogo com o Outro. A própria
existência dos portais é uma construção característica do nosso tempo e das
nossas relações de poder. Muitas vezes, ocupam um espaço de suposta
substituição do professor enquanto autoridade na área do conhecimento em
que atua.
A discussão aqui estabelecida, entre outras coisas, lembra que tais
portais são elaborados e gerenciados principalmente por professores.
Professores outros, que, no contexto da prática docente da área de ensino de
Língua Portuguesa, estabelecem com os professores na muitas vezes dura e
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crua situação de sala de aula, espaços de construção de identidade. Nem um,
nem outro podem se enxergar do ponto de vista do próprio lugar que cada um
ocupa. Mas um olhar reflexivo, baseado na relação exotópica e na consciência
do excedente de visão pode ser um mapa para explorar esse território.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
BAKHTIN. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Editora Martins Fontes,
2010.
BERTI-PINTO, S. S. Verbo-visualidade: o ato ético e estético e alteridade em
discussões políticas brasileiras: uma proposta para o ensino de língua. In:
KOZMA, E. V. B.; PUZZO, M. B. (org). Múltiplas linguagens: discurso e efeito
de sentido.
GRAMÁTICA On Line. Disponível em
http://www.gramaticaonline.com.br/default.aspx. Acesso em 11 de agosto de
2012.
KLICK Educação O Portal da Educação. Disponível em
http://www.klickeducacao.com.br/frontdoor/lista_materia/0,5910,POR-
21,00.html. Acesso em 11 de agosto de 2012.
REVISTA Educação Pública. Reflexão e interação de educadores. Disponível
em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/portugues/0000.htm.
Acesso em 11 de agosto de 2012.
SZUNDY, P. T. C. Educação como ato responsável: a formação de professores
de linguagens à luz da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin. Trabalhos
em Linguística Aplicada, Campinas, v. 53, n.1, jan.-jun. 2014. Disponível em:
˂http://www.scielo.br/pdf/tla/v53n1/v53n1a02.pdf˃. Acesso em: 14 jun. 2018.
OLIVEIRA, M. B. F. Revisitando a Formação de Professores de Língua
Materna: Teoria, Prática e Construção de Identidades. Linguagem em
(Dis)curso – LemD, Tubarão, v. 6, n. 1, p. 101-117, jan/abri. 2006.