[...] materialização relativamente tipificada, por meio de unidades seções,
objetivos delimitados e diferentes oportunidades de exploração da linguagem por
meio de atividades didáticas. Sua função formadora no contexto de ensino de
línguas compreende o segundo e o terceiro argumentos na caracterização do LD
como gênero, ao situá-lo como instanciação do discurso escolar e das práticas
pedagógicas. O LD funciona como instância recontextualizadora em um processo
de popularização de conhecimentos sobre a ciência da linguagem em propostas
pedagógicas, segundo resultados de pesquisas na área, o que explica o quarto
argumento, sobre os objetivos comunicativos do LD.
O LD, enquanto gênero do discurso, pode ser visto como heterogêneo, uma vez que
ele é:
[...] um produto sócio-histórico e cultural em que atuam vários agentes (autores,
editores, revisores, leitores críticos, professor, etc), com certas relações sociais
entre si, na produção e seleção enunciados concretos com determinadas
finalidades. (BUNZEN, 2005, p.37)
Seguindo o raciocínio acima, “podemos dizer que o LD é o resultado dos interesses
de seus autores/editores/produtores e de seu público-alvo (professores/alunos), assim como,
é um reflexo do contexto em que é produzido e publicado”. (KUMMER, 2015, p.50)
Ao recordamos a história do livro para o ensino de línguas, observamos que os
primeiros exemplares foram as gramáticas, que faziam referência estritamente à língua
escrita. No contexto brasileiro, apenas em 1939, chega ao Brasil o primeiro livro
considerado multimodal, que apresentava alguns símbolos da fonologia da língua inglesa.
Nas décadas seguintes, é elaborada a coleção New Concept English, que aliava os recursos
da imagem e da ilustração como formas de auxiliar a compreensão (OLIVEIRA E PAIVA,
2009). Antes de 1970, os LDs usados no Brasil eram produções de outros países, até que a
professora brasileira Solange Ribeiro de Oliveira publica o Structural English. Atualmente,
o fator principal na escolha do LD é que ele enfatize a interação social, e não tenha apenas
exercícios mecanicistas da língua, mas que também possa contribuir para a formação da
consciência crítica dos alunos.
Os componentes curriculares de Línguas Inglesa e Espanhola foram somente
incluídos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) a partir de 2011, para o Ensino
Fundamental, e 2012 para o Ensino Médio. Com a implementação do PNLD para línguas
estrangeiras, possibilita que o uso de LDs seja ampliado na rede pública. Com o advento do
PNLD, todos os estudantes e professores de escolas públicas brasileiras têm o direito de
receber, gratuitamente, o livro selecionado dentre as coleções aprovadas pela comissão
avaliadora.
As coleções aprovadas pelo PNLD passam por um rigoroso processo de avaliação,
com diversos itens gerais a todas as áreas, além de critérios específicos para cada