processo da memória, dessa forma, as “histórias de vida [...] devem ser
consideradas como instrumentos de reconstrução da identidade, e não apenas
como relatos factuais” (POLLAK, 1989, p. 13).
Ainda para Pollak, a memória coletiva possibilita a interação entre as
memórias dos sujeitos, compondo as características culturais de uma
determinada comunidade, assim, a memória atua como agente formador da
identidade social e cultural de um povo.
Em seus estudos, Perlin (1998), ressalta que sujeito surdo possui
características únicas, a partir dessas singularidades é que o mesmo insere-se na
comunidade surda, de maneira a buscar pela representação como indivíduo
pertencente a essa comunidade, tendo a Língua de Sinais como língua natural, o
que dá origem à formação da identidade surda.
Perlin destaca que dentro da comunidade surda não há identidades
iguais, ou seja, há “identidades plurais, múltiplas; que se transformam, que não
são fixas, imóveis estáticas ou permanentes, que podem até mesmo ser
contraditórias” (PERLIN, 1998, p. 52).
Com base em experiências sociais, Perlin afirma que a identidade surda
possui múltiplas categorias, compondo uma comunidade surda heterogênica e
diversificada. Para Macêdo e Borges, as categorias da identidade surda citadas
por Perlin, são definidas como:
1) identidade surda: aquela que cria um espaço cultural visual
dentro de um espaço cultural diverso, ou seja, recria a cultura
visual, de maneira a reivindicar à história a alteridade surda; 2)
identidades surdas híbridas: aquela que os surdos que
nasceram ouvintes, com o tempo, tornaram-se surdos; 3)
identidades surdas de transição: aquela formada por surdos
que viveram sob o domínio da cultura ouvinte e, posteriormente,
passaram para a comunidade surda; 4) identidade surda
incompleta: aquela que os surdos negam a identidade surda pelo
fato de viver sob o domínio da cultura ouvinte; 5) identidades
surdas flutuantes: formadas por surdos que reconhecem ou não
a sua subjetividade, porém desprezam a cultura surda e não têm o
compromisso com a comunidade (MACÊDO; BORGES, 2011, p.
17, grifos nossos).
A aquisição da Libras como meio de comunicação entre os surdos de
Telêmaco Borba, é considerado por Marily, como um marco importante, no
sentido de que, tornou-se possível aos mesmos, vivenciar plenamente a