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A AVALIAÇÃO SOCIAL DA LEITURA NO JORNAL ESCOLAR O COLEGIAL
(1945-50)
The social avaliation of reading in the School newspapper
O colegial” (1945-50)
TÂNIA BARROSO RUIZ
1
RESUMO: Este artigo investigou os
valores acerca das práticas de leitura
nos enunciados do jornal escolar O
COLEGIAL. Com base na Análise
Dialógica do Discurso a partir das
leituras do rculo de Bakhtin, os dados
foram as seis edições anuais publicadas
pelo Colégio Catarinense (1945-50). A
análise apontou para a predominância
de dois discursos: a leitura para a
formação intelectual/moral e
educacional. Em relação às práticas de
ensino, o discurso predominante é: a
leitura precede a escrita, sendo sua
condição. Nesse discurso, os valores
estão em relação dialógica de oposição:
leitura profunda x amena; leitura útil,
boa, recomendada, instrutiva x leitura
inútil, ruim, destrutiva e leituras
perniciosas.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Ensino de
leitura. Jornal escolar. Ideologia. Círculo
de Bakhtin.
ABSTRACT: The present paper aims to
investigate the practice of reading in the
school newspaper O COLEGIAL. In the
base of Discourse Analysis from the
readings of Bakhtin Circle, the data are
composed of six annual editions of the
school newspaper published from 1945 to
1950. The analysis pointed to the
predominance of two discourses: reading
for intellectual training, moral and
educational. Regarding the discursive
teaching practices, there is a dominant
discourse: reading precedes texts writing
and reading is the essential condition. In
this discourse, the values are in the
dialogical relation of opposition: deep
reading x balmy; useful, good,
recommended and instructive reading x
useless, harmful, destructive and
pernicious reading.
KEYWORDS: Reading. Reading
teaching. School newspaper. Discourse.
Bakhtin Circle.
RUIZ, T. B. A avaliação social da leitura no jornal escolar O colegial
(1945-50). In. Revista Diálogos, v. 7, n. 3, out.-dez., 2019.
1
Professora de ensino superior e Doutora em Linguística Aplicada na UFSC.
taniaruiz064@gmail.com
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INTRODUÇÃO
As pesquisas de Amaral (2003, 2013) e de Bastos (2013) sobre jornais
escolares na perspectiva da história cultural (CHARTIER, 1990) enfatizam que
a publicação desses jornais foi profícua entre as décadas de 1910 a 1970 no
Brasil, em decorrência do incentivo das autoridades educacionais e das ideias
do escolanovismo na educação brasileira
2
. Para Bastos (2013), o jornal
escolar, elaborado pelos alunos, foi estimulado através das instituições ou das
associações complementares à escola, sendo foco de normatizações pelas
quais se busca orientar minuciosamente os professores a criar um periódico
em sua escola ou sala de aula, em todas as fases necessárias a sua
concretização (BASTOS, 2013, p. 8).
Ainda segundo Bastos (2013, p. 9), os “impressos estudantis são
documentos preciosos para olhar a escola e, especialmente, os escritos
autobiográficos e as escritas de si, reproduzidas nesses impressos”. Esse
enunciado da autora estabelece relação dialógica de concordância com a
intencionalidade deste artigo que investiga as finalidades e valores da leitura
nos textos do jornal escolar O COLEGIAL (1945-50), de autoria do Colégio
Catarinense (XXX, 2018).
A escolha desse tema
3
foi decorrente de considerarmos importante
conhecer as concepções e práticas de ensino de línguas do passado, dentre
elas o jornal escolar e sua relação com o ensino da leitura, para
compreendermos a sua ação no momento presente, pois, na visão de Bakhtin
(2003 [1950]), os discursos de hoje reenunciam práticas anteriores, numa
cadeia ideológica contínua. Portanto, o ensino e aprendizagem das práticas de
linguagem atuais mantêm fortes elos com o que se fazia na esfera escolar em
tempos passados. Como essa prática tem estado presente no ensino de língua
portuguesa até os dias atuais (XXX, 2016, 2017a), retomamos Fávero (2009, p.
2
Segundo Saviani (2013), Lourenço Filho foi um dos principais divulgadores e defensores das
ideias pedagógicas da Escola Nova no Brasil. Em Introdução ao estudo da Escola Nova (1930),
Lourenço Filho explica o que se deve compreender por Escola Nova e as bases científicas
dessa proposta que são os estudos de biologia, psicologia e sociologia. Vide Saviani (2013).
3
Este artigo é um recorte da pesquisa de doutorado de RUIZ, 2017.
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31), quando diz que “em cada época, o estudo de Língua Portuguesa é
marcado pelas condições [...] econômicas, políticas e sociais que determinam o
tipo de escola e de ensino”, sendo que, para compreendermos as práticas de
ensino atuais, faz-se necessário ter conhecimento das práticas anteriores em
uma perspectiva histórica.
A pesquisa se fundamenta nos escritos do Círculo de Bakhtin
(BAKHTIN, 1998[1975], 2003[1979], 2008[1963], 2010[1920/1924]);
MEDVIÉDEV, 2014[1928]; VOLÓCHINOV (2013, [1926, 1930], 2017 [1929]),
na Linguística Aplicada (ACOSTA-PEREIRA, R.; RODRIGUES, H., 2014).
Também dialoga, por adotar a concepção da LA in/transdisciplinar, com os
estudos da Historiografia da Educação (SAVIANI, 2009; DALLABRIDA, 2006;
SOUZA, 2005; BASTOS, 2013; AMARAL, 2013) e da História das disciplinas
escolares em relação à Língua Portuguesa (RAZZINI, 2000; FÁVERO, 2009).
Para apresentar os resultados deste artigo, primeiro discorremos sobre a nossa
base teórica, a análise do discurso do Círculo de Bakhtin na Linguística
Aplicada, e as categorias de análise. Depois, apresentamos a trajetória
metodológica da pesquisa, a análise dos dados e sua discussão. Por fim,
tecemos algumas considerações sobre os resultados e sua contribuição para
pesquisas futuras.
1. BASE TEÓRICA E CATEGORIAS DE ANÁLISE: IDEOLOGIA,
VALORAÇÃO E CRONOTOPO
Para o Círculo de Bakhtin, o enunciado
4
é a unidade real da
comunicação discursiva que materializa o projeto de dizer dos sujeitos sociais e
históricos, sendo que sua natureza é social. É a partir da interação verbal de
dois indivíduos socialmente organizados, um falante e um ouvinte (um eu e um
outro), que ocorre a comunicação, mediada pela palavra, concebida como
signo social e ideológico. Assim, a natureza social do enunciado é determinada
pelas condições reais da comunicação, isto é, pela situação social mais
4
Neste artigo, consideramos que não prejuízo de sentido entre os termos enunciado e
enunciação, haja vista no russo a palavra ser vyskazyvanie, que designa ‘enunciado’ e
‘enunciação’.
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imediata do grupo social do qual os indivíduos fazem parte, pois “a palavra
dirige-se a um interlocutor [...]: variará se se tratar de uma pessoa do mesmo
grupo social ou não, se esta for inferior ou superior na hierarquia social”
(VOLOCHÍNOV, 2017 [1929], p.112). Nessa perspectiva, qualquer enunciado
tem uma dimensão avaliativa que é expressa a partir de certo posicionamento
social.
Para compreender um enunciado, é necessário, portanto, conhecer sua
atmosfera axiológica e sua orientação avaliativa no meio ideológico. Medviédev
(2012 [1928]) discorre sobre a construção poética do enunciado artístico a
partir da abordagem do caráter histórico da ligação entre signo e sentido.
Segundo ele, a avaliação social é “a atualidade histórica que reúne a presença
singular de um enunciado com a abrangência e a plenitude de seu sentido, que
individualiza e concretiza o sentido e compreende a presença sonora da
palavra aqui e agora” (MEDVIÉDEV, 2012 [1928], p. 184). Isso quer dizer que a
avaliação social determina todos os aspectos do enunciado e encontra a sua
expressão na entonação, isto é, na expressividade.
Acosta-Pereira e Rodrigues (2014) consideram que a inter-relação entre
linguagem e ideologia é mediada pela avaliação social/valoração, posto que os
enunciados materializados nos discursos contêm uma dimensão avaliativa:
“nesse contexto, observa-se o postulado da não neutralidade dos discursos,
uma vez que estes o sempre marcados pela valoração de uma dada
ideologia” (ACOSTA-PEREIRA, R; RODRIGUES, R. 2014, p.178). Dentre as
propriedades do enunciado alternância dos sujeitos do discurso,
conclusibilidade e expressividade para os autores, a resposta ao enunciado é
um ato de valoração sobre o enunciado do outro; a conclusibilidade indica um
trabalho de valoração, uma vez que responder ao outro é posicionar-se
axiologicamente frente ao enunciado do outro; e a expressividade de um
enunciado é uma das marcas da posição valorativa dos participantes da
comunicação discursiva. Para esses autores, a ideologia se refere ao horizonte
axiológico do discurso e a avaliação social/valoração são os índices sociais,
sendo que os enunciados/gêneros discursivos materializam tanto a avaliação
social/valoração quanto a ideologia.
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Como os enunciados são produzidos em diferentes esferas da atividade
humana
5
, os locais em que ocorrem a práxis e a criação cultural, cada esfera
tem sua própria maneira de criar produtos e discursos, que não apenas se
orientam para a realidade, mas a refratam a partir de um ângulo, de uma dada
posição axiológica, pois “um signo não existe apenas como parte de uma
realidade; ele reflete e refrata outra (VOLOCHÍNOV, 2017 [1929], p. 32). Isso
nos leva a considerar, na análise dos enunciados, tanto a situação imediata (o
horizonte comum entre os interlocutores), quanto o meio social mais amplo.
Esse meio é definido pelas especificidades de cada esfera (educação, ciência,
literatura, jornalismo, religião, etc.), que é formada pelos sujeitos que integram
diferentes grupos sociais. Além disso, Bakhtin (1998 [1975]) entende que as
situações sociais de interação são constituídas por uma instância de tempo
definido e espaço, o cronotopo.
Bakhtin afirma que o cronotopo é importante no gênero romance,
porque, na esfera artístico-literária, o princípio condutor do cronotopo é o
tempo. Essa investigação do problema do tempo no romance (como o tempo é
abordado ou qual é a concepção de tempo) nos leva a compreender também a
concepção de homem (sujeito) na obra, pois, para Bakhtin, “essa imagem é
fundamentalmente cronotópica” (BAKHTIN, 1998 [1975], p. 212). Para o autor,
a concepção de tempo traz consigo uma concepção de homem (sujeito) que
está situado em um dado espaço social e tempo histórico em constante
transformação.
Por fim, Bakhtin afirma que a dimensão cronotópica dos enunciados se
estende para outros domínios, pois “qualquer intervenção na esfera dos
significados se realiza através da porta dos cronotopos (BAKHTIN, 1998
[1975], p. 362). Desse modo, a identificação do cronotopo nas produções
discursivas, como o jornal escolar O COLEGIAL (1945-1950), pode auxiliar a
nos revelar a visão de homem, de sociedade e cultura de determinado tempo
histórico, e essa é uma visão axiológica e ideologicamente construída da
realidade.
5
Também denominadas esferas da comunicação verbal, domínios, intercâmbio comunicativo,
campo, esferas sociodiscursivas.
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Cabe explicar que as categorias de análise ideologia, valoração e
cronotopo não foram previamente definidas para a análise dos discursos que
tematizam a leitura no jornal escolar O COLEGIAL, pois “as contribuições
bakhtinianas [...] constituem de fato um corpo de conceitos, noções e
categorias que especificam a postura dialógica do corpus discursivo, da
metodologia e do pesquisador” (BRAIT, 2006, p. 29).
Nessa perspectiva, primeiro buscamos depreender o cronotopo
predominante, ou englobador, no qual o jornal escolar O COLEGIAL (1945-50)
estava inserido, pois, segundo Acosta-Pereira e Rodrigues (2014, p.189), o
cronotopo “[...] é, de fato, o campo de visão axiologicamente marcado para [os]
eventos [do homem]”. Em seguida, com base na concepção dialógica de
linguagem dos escritos do Círculo de Bakhtin, investigamos as finalidades e os
valores da leitura discursivizados no jornal escolar O COLEGIAL.
2. METODOLOGIA
Iniciamos este artigo, que integra os estudos do discurso na perspectiva
do Círculo de Bakhtin na Linguística Aplicada, sobre a produção de jornais em
Santa Catarina, por meio de uma visita à Biblioteca Pública do Estado de Santa
Catarina (BPSC), situada na cidade de Florianópolis/SC, para levantar dados
sobre a produção de jornais em Santa Catarina e, dentre eles, o jornal escolar
6
.
Dentre o material selecionado e analisado, elegemos as seis edições anuais do
jornal escolar O COLEGIAL Órgão dos alunos do Colégio Catarinense (figura
1), de autoria do Colégio Catarinense (1945-50), que correspondem a 44
(quarenta e quatro) exemplares que constam no acervo da Biblioteca blica
do Estado de Santa Catarina (BPSC)
7
. Em seguida, procedemos à leitura
desse material e realizamos a análise de base dialógica. Nesse processo, o
pesquisador participa da criação do objeto de forma dialógica e, por isso, a
6
Maiores detalhes sobre o processo de elaboração dos dados e os motivos da escolha do
jornal escolar O COLEGIAL (1945-50), vide RUIZ (2017b).
7
O Catálogo de Jornais Catarinenses: 1831- 2013” e os respectivos exemplares estão
disponíveis para consulta no site da Fundação Catarinense de Cultura como parte integrante
da Hemeroteca Digital Catarinense: http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/.
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construção do objeto de análise se constitui na interação entre o enunciado do
sujeito pesquisado com o contexto social e histórico, e estes são novamente
enunciados pelo sujeito pesquisador na produção de discurso (AMORIM,
2004),
Figura 1 - O COLEGIAL, Florianópolis, dez. 1947, n.10, Ano III, p.1.
Fonte: acervo particular das autoras.
Esse percurso metodológico parte de se buscar primeiramente a
compreensão dos discursos que incidiam na esfera escolar na época de
publicação do jornal escolar O COLEGIAL (1945-50). Para isso, analisamos os
discursos sobre esse período a partir da Historiografia da Educação (SAVIANI,
2009, 2013, 2015; ROMANELLI, 2014; DALLABRIDA, 2001, 2006, 2012;
RAMOS, 2009), ou seja, a dimensão social e histórica mais ampla. Esse
cronotopo predominante dialoga com outros cronotopos que se referem ao
ensino secundário catarinense (DALLABRIDA, 2001, 2006, 2012; RAMOS,
2009), aos documentos oficiais do período e à produção de jornais na área
educacional (BASTOS, 2013; AMARAL, 2002, 2003, 2013). Na sequência,
retomamos os já-ditos sobre o Colégio Catarinense e a pedagogia católica
(DALLABRIDA, 2006, 2008; SOUZA, 2005), para situarmos a dimensão social
e histórica mais imediata do jornal escolar O COLEGIAL. Por fim, realizamos
193
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uma descrição do jornal escolar O COLEGIAL, concebido como um conjunto de
enunciados.
Realizada essa etapa, analisamos as questões de linguagem referentes
às edições do jornal escolar O COLEGIAL dos anos de 1945, 1946, 1947,
1940, 1949 e 1950 para o recorte dos dados (vide quadro 1). Para isso,
revisitamos as pesquisas que abordam o ensino de leitura na disciplina de
Língua Portuguesa (RAZZINI, 2000; SOARES, 2002; FÁVERO, 2009) nos
colégios secundários brasileiros e, especificamente, no Colégio Catarinense,
no cronotopo do jornal escolar O COLEGIAL (1945-1950).
O resultado desse diálogo com os dados resultou na seleção de vinte e
cinco textos (25), elencados no quadro 1.
Quadro 1 - Textos publicados no jornal escolar O COLEGIAL (1945-1950)
O COLEGIAL 1945
Nº 1 Livros Novos.
Nº 2 Morreu o P. Schrader; A biblioteca dos alunos do Colégio Catarinense.
Nº 5 Frutos de Leitura Os barrigas-verdes.
Nº 8 Atividades do Grêmio C. P. Schrader.
Nº 9 Justificando o nome Grêmio C.P. Schrader.
Nº 10 Frutos de Leitura O caráter.
O COLEGIAL 1946
Nº 1 Fedro.
Nº 5 A higiene da vista na leitura.
Nº 7 Livros Novos.
Nº 8 Esopo; Canção militar do Ginásio Catarinense.
Nº 9-10 Olavo Bilac; Teatro.
O COLEGIAL 1947
Nº 2 Novos Livros.
Nº 3 O Dia Pan-Americano; Coluna do Grêmio C. P. Schrader.
Nº 4 Um leão quer fundar um ginásio.
Nº 5 A pasta do Hélio.
Nº 8 Concurso de contos do Grêmio C. P. Schrader .
Nº 10 - Quem não sabe ler e escrever: Não pode compreender o que significa a
liberdade.
O COLEGIAL 1948
Nº 1 Cruz e Souza.
Nº 3 Quem não sabe ler e escrever: Não pode admirar os grandes documentos
escritos que atestam o progresso humano; Livros Novos.
4 Quem não sabe ler e escrever: Não dispõe de elementos para o aperfeiçoamento
de sua própria personalidade. Nº 5 Prova de Português.
O COLEGIAL 1950
Nº 6 Queima de gibis.
Fonte: produção da autora. O Colegial (1945-1950), Hemeroteca digital da BPSC, 2016.
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Na próxima seção, apresentamos o resultado da análise desses textos,
que teve como passo inicial o processo de compreensão da dimensão sócio-
histórica mais ampla e da específica (RUIZ, 2017b) das interações em que o
jornal escolar O COLEGIAL (1945-1950)
8
estava inserido. Consideramos que a
compreensão dessa dimensão nos auxilia na formulação das leis explicativas
do texto e na interpretação de seus sentidos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados apontou dois discursos norteadores em relação à
leitura, a saber: 1. a leitura para a formação intelectual e moral; 2. a leitura para
a formação educacional dos sujeitos. Essa ideologia é refratada nos textos
selecionados que foram publicados em O COLEGIAL nas edições de 1945 a
1950, sendo associada a diferentes finalidades e valores em relação à leitura e
ao seu ensino no curso secundário do Colégio Catarinense.
Em alguns textos predominância de um desses discursos, mas em
outros ambos estão refratados, ou seja, temos os dois discursos. Nos textos
em que é tematizado o ensino de leitura, foram depreendidas práticas de
ensino de leitura, realizadas no Colégio Catarinense, tendo como dados os
textos escritos pelos estudantes secundaristas, selecionados pela direção do
Colégio Catarinense dentro dos critérios da pedagogia tradicional de base
inaciana para serem publicados no jornal escolar O COLEGIAL.
Pela análise dos dados, em que o objeto falado, objeto a ser falado e
objeto falante. Verdadeira polifonia que o pesquisador deve poder transmitir ao
mesmo tempo em que dela participa” (AMORIM, 2004, p. 19, grifos da autora),
e partindo da dimensão social e histórica mais ampla e da específica,
delineadas em Ruiz (2017b), ou seja, o cronotopo, os dados apontaram para a
predominância de dois discursos sobre a leitura, a saber: 1. Ler para a
formação intelectual e moral; 2. Ler para a formação educacional, com as
seguintes finalidades, conforme quadro2.
8
Vide RUIZ (2017b).
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Quadro 2 - Finalidades da leitura em O COLEGIAL (1945-50)
DISCURSOS
FINALIDADES
FORMAÇÃO
INTELECTUAL E MORAL
Ler para adquirir conhecimento
Ler para possuir saber
Ler para ter cultura
Ler para dispor de informação
Ler para interpretar
Ler para conhecer a realidade
Ler para formar opinião
Ler para cultivar valores
Ler para conhecer a verdade
Ler para ser livre
Ler para obter clareza
FORMAÇÃO
EDUCACIONAL
Ler para estudar
Ler para escrever textos
Ler para realizar conferências
Ler para fazer atividades
escolares
Ler para oralizar o texto escrito
Ler para disfrutar
Ler para obter instrução
Ler para estabelecer contato
Ler para memorizar
Ler para cantar
Ler para estar informado
Fonte: produção de RUIZ (2017b).
Em relação aos valores da leitura, a seção de O COLEGIAL,
denominada “Livros Novos ou Novos Livros”, publicava o gênero discursivo
resenha de livros, nos quais os autores dos textos, os professores do Colégio
Catarinense e antigos alunos, indicavam livros para leitura e teciam
comentários sobre o teor das obras. Na primeira edição desse jornal escolar, o
livro selecionado para essa finalidade foi “Santo Inácio de Loiola”, escrito pelo
Padre Bertoldo Braun, e publicado pela Editora do Brasil S/A em 1944 (figura
02). Essa indicação, no primeiro número de O COLEGIAL (1945), aponta a
leitura para a formação intelectual e moral. Constamos esse discurso quando é
enunciado pelo autor do texto, a instituição educacional, porque esse texto não
está assinado, a seguinte passagem: “Não é só a história de Inácio, é a história
do século XVI”, que faz prevalecer a relevância do conteúdo histórico e,
portanto, intelectual dessa obra, deixando subentendida a intenção de
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divulgação das ideologias e dos valores morais da pedagogia católica de base
inaciana através da leitura dessa obra.
Os discursos remetem à leitura para a formação moral “aproveitamento”
e “edificação”, sendo, nesse caso, a leitura para a formação religiosa com base
nos valores da Companhia de Jesus. A tonalidade “Livro precioso”, “De rico
conteúdo” marca a posição valorativa do autor do texto que enaltece os
valores cristãos, vinculados à pedagogia católica, de base inaciana, tendo
como princípios educativos os desenvolvidos no livro indicado para a leitura
nessa seção. Para convencer os seus interlocutores, o autor enuncia que a
leitura dessa obra é uma forma de divertimento, de lazer, ou seja, na voz do
autor do texto: “um livro, cuja leitura é recreio”.
Os discursos remetem à leitura para a formação moral “aproveitamento”
e “edificação”, sendo, nesse caso, a leitura para a formação religiosa com base
nos valores da Companhia de Jesus. A tonalidade “Livro precioso”, “De rico
conteúdo” marca a posição valorativa dos discursos que remetem à leitura
para a formação moral “aproveitamento” e “edificação”, sendo, nesse caso, a
leitura para a formação religiosa com base nos valores da Companhia de
Jesus. A tonalidade “Livro precioso”, “De rico conteúdo” marca a posição
valorativa de que essa leitura é “utilíssima” (adjetivo no grau superlativo), ou
seja, de grande valor, aos sujeitos que “procuram edificação e história”, o que
nos aponta a função da leitura para o aprimoramento moral e intelectual.
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Figura 02 - Livros Novos. O COLEGIAL, Florianópolis, jan. 1945, n.1, Ano I, p.2.
LIVROS NOVOS
Acaba de sair do
prelo:
Padre Bertoldo
Braun S. J. SANTO
INÁCIO DE LOYOLA
Editora do Brasil
S.A S. Paulo -1944
O Rev. P. Diretor
do nosso Colégio
enriqueceu a literatura
hagiogrática e histórica
com um livro precioso:
Vida de S. Inácio de
Loiola, fundador da
Companhia de Jesus,
contada em frases
simples, mas
empolgantes. Não é a
história de Inácio, é a
história do século XVI,
pois não houve nenhum
acontecimento em que
Inácio e a nova
Companhia não tomaram
parte ativa.
De rico conteúdo,
cito alguns capítulos:
Pagem donairoso,
Soldado destemido,
Travessura de mancebo,
Peregrino penitente, A
pela Itália, Santo e
espião, inquisição e
cárcere. Os exercícios
espirituais, Inácio, amigo
do Brasil..
Um livro, cuja
leitura é recreio e
aproveitamento. Livro
que será utilíssimo a
todos que procuram
edificação e história. [...]
Fonte: acervo e produção de RUIZ (2017b).
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O discurso da leitura para a formação intelectual também está presente
na segunda indicação de leitura na mesma seção, publicada em 1946 (O
COLEGIAL 1946, 7 Livros Novos, p.2), que tem como projeto de dizer
convencer os seus interlocutores, os leitores do jornal escolar, sobre a
importância da leitura para adquirir conhecimento: “Em nove fartos capítulos,
estuda o autor, a mão de uma bibliografia rica, a mitologia de tribos brasileiras”
e “Ensaio etno-sociológico sobre a mitologia heroica de algumas tribos
indígenas brasileiras”. Esse discurso reforça a ideologia de que a leitura tem
como finalidade a formação intelectual dos sujeitos por meio dos conteúdos
científicos: “nove fartos capítulos”, “bibliografia rica”, valores marcados pela
expressividade desses enunciados. O valor do esforço (ideologia do
catolicismo) para a superação das dificuldades, é expresso em parte no trecho:
“A leitura do livro não é fácil, é um estudo profundo”, que aponta para a relação
entre leitura e estudo, ou seja, ler para instruir-se, ler para possuir saber.
Os discursos que tematizam as indicações de leitura visavam à
formação ideológica dos estudantes e de leitores dentro dos valores do
catolicismo e da opção política dos padres jesuítas que dirigiam o Colégio
Catarinense. Segundo Souza (2005, p.181), “os alunos eram estimulados a
estudar assuntos sociais e morais e exortados à luta contra as doutrinas
negativas”. Isso nos mostra o papel ativo do Colégio Catarinense em defender
a sua posição axiológica através da produção de discursos voltados não
apenas à formação científica e moral dos estudantes, mas também à formação
política e, portanto, doutrinária, como é materializado no texto, da figura 2,
denominado “Queima de Gibis.”
Segundo Souza (2005, p. 174-175), a cruzada eucarística iniciada em 8
de agosto de 1949, reunia os estudantes do Colégio Catarinense para prepará-
los para realizarem determinadas ações no ambiente escolar. Dentre as
obrigações dos cruzados, o autor destaca “a campanha da boa leitura”, lançada
em 1950 para que os alunos menores juntassem gibis e jornais infantis
considerados ‘perigosos’ pelo Colégio Catarinense. O resultado dessa
campanha foi publicado no texto em O COLEGIAL (figura 3), reafirmando os
valores atribuídos às leituras não permitidas por essa instituição.
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Chartier (1998), ao abordar a relação entre a cultura escrita e a censura
de obras consideradas subversivas pelas autoridades políticas e religiosas,
afirma que “a pulsão de destruição obcecou por muito tempo os poderes
opressores que, destruindo os livros e, com frequência seus autores,
pensavam erradicar para sempre as suas ideais” (CHARTIER, 1998, p. 23). O
discurso autoritário é refratado pelo projeto de dizer do autor: “resultado da
campanha contras as leituras perniciosas”, e “se incorpora indissoluvelmente à
autoridade o poder político, a instituição, a personalidade com ela
permanece e com ela cai (BAKHTIN, 1998 [1975], p. 144), que seria a voz da
instituição educacional e católica, o Colégio Catarinense.
Figura 3 - Queima de Gibis. O COLEGIAL, Florianópolis, ago. 1950, n.6 , Ano VI, p.2.
QUEIMA DE
GIBIS
Como resultado
da campanha contras
as leituras perniciosas,
os cruzados juntaram
uns duzentos gibis e
outras revistas
semelhantes. A queima
dessas publicações foi
feita no dia 12/08 após
a reunião.
Para facilitar a
queima, os cruzados
desfizeram as revistas
e amassaram as
folhas, constituindo
uma fogueira de quase
dois metros de altura
Ibis, o Capitão Marwel,
o Super-homem e
muitos outros “heróis”,
desta vez não
conseguiram escapar
das vermelhas
labaredas que os
reduziram a cinza.
Fonte: acervo e produção de RUIZ (2017b).
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O projeto de dizer desse texto era voltado principalmente aos estudantes
do Colégio Catarinense. O tema revela relações dialógicas de concordância
com a perseguição de determinadas obras e autores, ocorrida na época da
Segunda Guerra Mundial, no seguinte trecho: “constituindo uma fogueira de
quase dois metros de altura”. Isso pode ser explicado porque a queima de
livros é um ato ritual e, portanto, simbólico, praticado em público, com a
intencionalidade de demonstrar a oposição cultural, política ou religiosa aos
conteúdos de determinadas obras, nesse caso os gibis, que se opõem à
ideologia oficial dominante. A queima de livros na Alemanha, no contexto do
nazismo, simbolizou a força do regime político para silenciar as vozes
discordantes de sua ideologia, ou seja, para censurar outras formas de cultura.
Podemos dizer que esse é um cronotopo sígnico, e que esse ato de queimar os
gibis e de outras obras concebidas como leituras perniciosas está em relação
dialógica de concordância com as ações de grupos sociais desse período
histórico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No cronotopo do jornal escolar O COLEGIAL, a leitura para a formação
intelectual e moral fazia parte do discurso educacional da pedagogia tradicional
que influenciou a formação de sujeitos na sociedade brasileira e catarinense
até meados da década de 50 do século XX. E, de certo modo, esse discurso
tem ecos até os dias atuais quanto às finalidades da leitura na esfera escolar:
ler para adquirir conhecimento, ler para possuir saber, ler para ter cultura, ler
para dispor de informação, ler para interpretar, ler para conhecer a realidade e
ler para formar opinião. Isso pode ser explicado ao retomarmos nossa base
teórica, pois, para o Círculo de Bakhtin, os discursos de hoje reenunciam
práticas anteriores, numa cadeia ideológica contínua.
No tocante à pedagogia tradicional católica, de base inaciana, os valores
atribuídos à leitura como profunda e amena, relacionam-se com a prática de
ensino da leitura, no sentido de que as obras são classificadas conforme o seu
conteúdo e são indicadas para o desfrute ou para o estudo (formação
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intelectual). os seguintes valores: útil, recomendada, boa e instrutiva se
referem aos temas das obras a serem lidas pelos estudantes que estão em
relação dialógica de concordância com as ideologias da doutrina social católica
(formação intelectual e moral).
O discurso que tematiza as leituras proibidas aponta a predominância do
discurso autoritário no ensino de língua portuguesa e nas demais disciplinas do
curso secundário. Segundo Bakhtin, a palavra de outrem adquire um sentido
mais profundo do que apenas de informação, indicação, regras e modelos, ela
passa a definir as bases da nossa atitude ideológica frente ao mundo. Nessa
perspectiva, eram apenas publicados no jornal escolar O COLEGIAL os textos
em que seus temas estavam em relação dialógica de concordância com as
ideologias e os valores da pedagogia católica daquela época, tais como: leitura
útil, recomendada, boa, instrutiva, profunda (para estudo) e amena (para
diversão, deleite). Em relação dialógica de oposição com esses valores,
estavam as outras leituras, valoradas por essa instituição educacional e,
portanto, pelos integrantes desse grupo social, como leituras inúteis,
perniciosas, proibidas, ruins, destrutivas e, por essas características, a serem
não somente evitadas pelos estudantes católicos, mas combatidas frente a
outros grupos de estudantes da sociedade catarinense daquela época.
Em relação ao ensino de leitura da época de publicação do jornal
escolar O COLEGIAL (1945-1950), o Colégio Catarinense seguia o programa
de português de 1943 (Portaria n.87 de 23 de janeiro) dos cursos Clássico e
Científico do colegial (RAZZINI, 2000). Nesse programa, a leitura era associada
com o conhecimento da tradição literária, sendo valorizadas as literaturas
portuguesa e brasileira e os escritores do cânone, isto é, os nomes
consagrados pela crítica e história literária. Cabe destacar que, nessa época,
predominavam na escola brasileira as seletas de textos e os compêndios
gramaticais (RAZZINI, 2000; SOARES, 2002; FÁVERO, 2009), que deram
origem ao livro didático de português. Nesse contexto cio-histórico, os
discursos de O COLEGIAL refratavam essa concepção de leitura, uma vez que
a leitura era realizada apenas a partir dos textos literários. Além disso, lia-se
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para a realização das tarefas escolares, como a redação, provas e resenhas,
que poderiam ser publicadas em O COLEGIAL.
A leitura e seu ensino discursivizados no jornal escolar O COLEGIAL
revelam que o projeto pedagógico do Colégio Catarinense daquela época
visava a formação dos estudantes na doutrina social cristã, a fim de que os
alunos egressos promovessem “o projeto social católico de moralização e
fomento à produção” (SOUZA, 2005, p.178), na sociedade catarinense. Essa
intenção ocorria pelos discursos educacionais que, ao primar pela formação
intelectual e moral dos estudantes, tinha como base o controle das leituras, ou
seja, do conhecimento. Essa posição autoritária do Colégio Catarinense
promovia a relação entre leitura, saber e poder, que nos remete à fala de
Bakhtin: “[...] sempre existem essas ou aquelas ideias determinantes dos
“senhores do pensamento” de uma época verbalmente expressas, algumas
tarefas fundamentais, lemas, etc. (BAKHTIN, 2003 [1979], p. 294).
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