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Como citar este artigo:
MONTE, A. A influência da escolaridade e do sexo/gênero no uso variável da
concordância verbal de terceira pessoa do plural. Revista Diálogos. v. 7, n. 1, 2019.
O autor:
Professor de Língua Portuguesa na cidade de São Carlos/SP e membro do Núcleo de
Pesquisa em Sociolinguística de Araraquara.
Agradecimento:
Agradeço à Profa. Dra. Rosane de Andrade Berlinck, orientadora das minhas pesquisas
(MONTE, 2007, 2012), pelos ensinamentos e diálogos enriquecedores.
A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE E
DO SEXO/GÊNERO NO USO VARIÁVEL
DA CONCORDÂNCIA VERBAL DE
TERCEIRA PESSOA DO PLURAL
Alexandre Monte
(SoLAr)
xmonte@uol.com.br
x
Resumo: Neste texto, retomamos os resultados obtidos com as variáveis escolaridade e
sexo/gênero em duas pesquisas sociolinguísticas com dados da cidade de São
Carlos/SP/Brasil. Estudamos o uso variável da concordância verbal de terceira pessoa do
plural com base nos princípios teóricos e metodológicos da Teoria da Variação e Mudança
Linguística (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 1994, 2001, 2003).
Nas duas pesquisas, as variáveis sociais escolaridade e sexo/gênero se mostraram
estatisticamente significativas.
Palavras-chave: Concordância verbal. Variação. Escolaridade. Sexo/Gênero.
x
.
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1 Introdução
A proposta deste trabalho é mostrar a influência das variáveis escolaridade e sexo/gênero na variação da
concordância verbal de 3ª pessoa do plural do português falado da cidade de São Carlos/SP/Brasil.
No Brasil, a variação da concordância verbal de 3ª pessoa do plural começou a ser estudada por Lemle e
Naro (1977) e, desde então, realizaram-se muitas pesquisas em diversas comunidades de fala de nosso país. Nos
trabalhos analisados do Brasil, pudemos constatar que é possível correlacionar a aplicação variável de
concordância entre sujeito/SN e verbo tanto a fatores internos (linguísticos), quanto a fatores externos (sociais).
Os exemplos abaixo ilustram a realização variável da concordância, foco do presente trabalho:
(1) os professor tá falando comigo eu tô viajando (M2)
(2) e muitos traficante tão até hoje aí né?... (F1)
Neste trabalho, apresentamos os resultados obtidos em dois estudos sociolinguísticos realizados na
cidade de São Carlos/SP/Brasil (MONTE, 2007, 2012), destacando dois fatores sociais que se mostraram muito
relevantes na variação da concordância verbal: a escolaridade e o sexo/gênero.
2 Pressupostos teóricos
Realizamos nossos estudos com base nos princípios teóricos da Teoria da Variação e Mudança
Linguística (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 1994, 2001, 2003). Para esse modelo,
a natureza variável da língua é um pressuposto fundamental e os fenômenos de variação são condicionados
tanto por fatores internos à estrutura linguística quanto por fatores extralinguísticos, de natureza social.
Incorporando a variação na descrição e na teoria linguísticas, Labov (1972, 1994, 2001, 2003) introduz
alguns conceitos de extrema importância para a pesquisa sociolinguística. Segundo o autor, todo sistema
linguístico é dotado de um conjunto de regras que não podem ser violadas, sob pena de dificultar ou mesmo
inviabilizar a compreensão dos enunciados. A esse conjunto de leis internas, costuma-se dar o nome de ‘regras
categóricas’ (i.e. regras linguísticas que sempre se aplicam). Mas, além das ‘regras categóricas’, existem as ‘regras
semicategóricas’ e as ‘regras variáveis’ (i.e. regras que se aplicam de modo variado).
A concordância verbal no português do Brasil, por exemplo, constitui precisamente uma ‘regra variável’
que abrange duas ‘variantes’: a presença ou a ausência de marca de plural no verbo.
2.1 Variáveis externas (condicionadores extralinguísticos)
Os condicionadores, em um caso de variação, são os fatores que regulam, que condicionam
nossa escolha entre uma ou outra variante. [...] Eles são divididos em dois grandes grupos, em
função de serem mais ligados a aspectos internos da língua ou externos a ela. No primeiro caso,
são também chamados de condicionadores linguísticos. [...] No segundo caso, são também
chamados de condicionadores extralinguísticos. (COELHO, GÖRSKI, SOUZA e MAY, 2015,
p. 20)
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Em qualquer comunidade de fala, independentemente de seu tamanho, uma variação considerável
entre os indivíduos: as mulheres não falam como os homens, os avós falam de modo diferente dos filhos e dos
netos, e assim por diante. Mesmo os indivíduos considerados em sua singularidade não estão limitados a uma
única variedade da língua. Sabemos que a rede social de um indivíduo, constituída pelas pessoas com quem esse
indivíduo interage nos diversos domínios sociais, também é um fator determinante das características de seu
repertório sociolinguístico.
Das possíveis variáveis externas (condicionadores extralinguísticos de natureza social) pertinentes ao
estudo da variação, as que mais têm sido discutidas são: o estilo de fala, o sexo/gênero, a idade, a escolaridade,
a profissão, a classe social, a região ou zona de residência e a procedência do falante.
Apresentamos, a seguir, breves considerações sobre as variáveis escolaridade e sexo/gênero, abordadas
no presente trabalho.
2.1.1 Escolaridade
Parece comumente aceita entre os linguistas brasileiros a ideia de que o grau de escolaridade é um bom
indicador para ajudar a esclarecer as diferenças entre o português padrão e o português popular. Segundo
Oliveira e Silva & Paiva (1996, p.343), “em países em que a escolarização não é apanágio das(s) classe(s) mais
favorecidas(s), é a variável classe social que tem preferentemente servido de marcador”.
Para Rodrigues (1987), o baixo nível de escolaridade é decisivo para a identificação dos usuários de uma
variedade popular de língua falada. Mas a pesquisadora salienta que, ao postular a existência de um segmento
populacional urbano caracterizado por um baixo nível de escolaridade, não está omitindo outros atributos sociais
que caracterizam esse grupo sociolinguístico popular.
A mesma ideia também permeia o trabalho de Bortoni-Ricardo (2008 [1981], p. 374-375) quando afirma
ter usado, como indicador de classe social, o nível escolar, pois ele reflete outras variáveis de ordem social e
econômica. De acordo com a pesquisadora, temos “falta de estudos sociológicos que apresentem uma
estratificação da população da cidade problema, aliás, com que se defrontam sempre as pesquisas
sociolinguísticas no Brasil”.
Oliveira e Silva & Paiva (1996), apresentando os condicionamentos extralinguísticos segundo resultados
de diversos estudos, concluem:
De tudo o que vimos, as evidências apontam, por conseguinte, para um papel não trivial da escola pública
na compleição linguística dos indivíduos. Com efeito, seja direta seja indiretamente, a participação da escola
acaba sendo decisiva na modificação do comportamento linguístico.
Portanto, em vez de minimizar o efeito da escolarização no uso da língua, cabe analisar criticamente a
interferência decisiva da escola na configuração linguística da comunidade. (OLIVEIRA e SILVA & PAIVA,
1996, p. 350).
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2.1.2 Sexo/gênero
Segundo Paiva (2004), a primeira referência à correlação entre variação linguística e o fator sexo/gênero
se encontra em Fischer (1974 [1958]) em um estudo intitulado Social Influences on the Choice of a Linguistic
Variant.
Labov (2001) retoma o papel importante das mulheres nos processos de variação e mudança linguística
e discute o ‘paradoxo do gênero’. Conforme o tipo de mudança, as mulheres apresentam um comportamento
diferente. De acordo com Paiva (2004, p. 36), no estudo da correlação entre sexo/gênero e mudança linguística,
um aspecto a considerar é o valor social da variante inovadora.
Quando se trata de implementar na língua uma forma socialmente prestigiada [...], as mulheres tendem a
assumir a liderança da mudança. Ao contrário, quando se trata de implementar uma forma socialmente
desprestigiada, as mulheres assumem uma atitude conservadora e os homens tomam a liderança do processo.
(PAIVA, 2004, p. 36).
Para Labov (2006 [2001], p. 402-403):
Dada la interacción muy general de los papeles sexuales con la clase social, no puede haber duda
de que la ruta por la cual esta categorización afecta al lenguaje se ve mediada por los factores
sociales. Los efectos debidos a los papeles sexuales toman también diferentes formas con
diferentes tipos de cambios: las variables sociolingüsticas estables, el cambio desde arriba o el
cambio desde abajo. Si el papel sexual está como factor social íntimamente involucrado con el
cambio lingüístico, es difícil limitar los factores sociales a los efectos mecánicos de los patrones
comunicativos o a las catástrofes remotas, y uno se ve inevitablemente conducido a la
exploración de otros factores sociales. (LABOV, 2006 [2001], p. 402-403).
Em relação aos fenômenos de variação estável, estudos sociolinguísticos normalmente verificam que as
mulheres tendem a se aproximar mais da variedade padrão do que os homens.
Por que os homens e as mulheres desempenham um papel distinto nos fenômenos de variação e
mudança linguística? Para Chambers e Trudgill (1994 [1980]), não uma explicação única, ou uma que seja
amplamente aceita. Os autores vão apontar alguns fatores, como:
[...] las mujeres siguen teniendo menos oportunidades para triunfar, y marcan, por tanto, su
estatus social por su apariencia y comportamiento (también lingüístico) más que por lo que
hacen. [...] El mayor papel que las mujeres han tenido tradicionalmente en la socialización de
los niños las lleva a ser más sensibles a las normas del comportamiento “aceptado”. [...]
(CHAMBERS e TRUDGILL, 1994 [1980], p. 133-134).
Freitag (2015) propõe (re)discutir a variável sexo/gênero nos estudos sociolinguísticos brasileiros. A
pesquisadora mostra que “o cenário dos papéis da mulher na sociedade, hoje, é bem diferente do que era ao
início da década de 1980, quando se começaram a plantar as primeiras sementes sociolinguísticas no Brasil [...]”
(p. 21). Dessa forma, ela chama a atenção das pesquisas sociolinguísticas no Brasil que continuam se apoiando
apenas nas “hipóteses clássicas” sobre o sexo/gênero. Para Freitag (2015, p. 22):
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Parece ser contraditório ter “hipóteses clássicas” em uma ciência que se propõe ser
interdisciplinar com foco em relações dinâmicas, como a sociedade e a língua, principalmente
num campo que tem mostrado tendências de abordagem distintas como é o caso do campo em
exame, perpassando por rótulos diferenciados, como sexo, feminismo e gênero. (FREITAG,
2015, p. 22).
3 Procedimentos metodológicos
Realizamos as duas pesquisas com a língua falada da cidade de São Carlos, localizada no interior do
Estado de São Paulo (MONTE, 2007, 2012).
Os dois corpora compõem-se de entrevistas sociolinguísticas informais de aproximadamente uma hora
de duração entre informante e documentador.
No estudo de 2007, submetemos os dados ao programa Goldvarb 2001 e, no trabalho de 2012,
submetemos os dados ao programa Goldvarb-X, considerando percentuais e pesos relativos. Esses programas
estatísticos realizam uma análise multivariada (TAGLIAMONTE, 2006, 2007)
1
e são versões para ambiente
Windows do pacote de programas computacionais denominado Varbrul (PINTZUK, 1988; SANKOFF, 1988).
Em nosso trabalho de Mestrado (MONTE, 2007), analisamos a variação na concordância verbal de
pessoa do plural na fala de 20 pessoas residentes numa comunidade da periferia urbana de São Carlos. Fizemos
as entrevistas com jovens e adultos de 20 a 40 anos, de ambos os sexos/gêneros, de procedência geográfica
diversificada, diferenciados, também, com relação ao grau de escolarização: 10 não alfabetizados e 10 concluintes
do ensino fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
na investigação de 2012 (MONTE, 2012), o corpus compõe-se de 18 entrevistas. Trabalhamos com
seis células, sendo cada célula formada de três informantes, estratificados em função do sexo/gênero e da
escolaridade. o três homens e três mulheres não alfabetizados, três homens e três mulheres que estavam
terminando o ensino fundamental na EJA e três homens e três mulheres que estavam terminando o ensino
médio regular.
Abaixo, temos a distribuição dos informantes segundo escolaridade e sexo/gênero nos dois corpora:
Corpus
de 2007
Homens
Mulheres
Não alfabetizados
5
5
Ensino Fundamental EJA
5
5
Total
10
10
Corpus
de 2012
1
Guy e Zilles (2007) explicam o que é uma análise multivariada: “A análise se chama ‘multivariada’ porque permite investigar situações
em que a variável linguística em estudo é influenciada por vários elementos do contexto, ou seja, múltiplas variáveis independentes. A
investigação mede os efeitos, bem como a significância dos efeitos, dessas variáveis independentes sobre a ocorrência das realizações
da variável que está sendo tratada como dependente”. (GUY e ZILLES, 2007, p. 105).
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Homens
Mulheres
Não alfabetizados
3
3
Ensino Fundamental EJA
3
3
Ensino Médio
3
3
Total
9
9
Os quadros que apresentamos a seguir resumem as características dos nossos informantes:
Corpus
de 2007
Informante
Sexo/Gênero
Idade
Escolaridade
Procedência
M
F
30
não alfabetizada
São Carlos / SP
N
F
35
não alfabetizada
Monte Alto / SP
I
F
34
não alfabetizada
São José de Piranha / PB
E
F
27
não alfabetizada
Arapiraca / AL
L
F
25
não alfabetizada
São Carlos / SP
S
M
31
não alfabetizado
São Benedito do Sul / PE
J
M
31
não alfabetizado
Bernardo Vieira / PE
G
M
29
não alfabetizado
Tamboril / CE
D
M
35
não alfabetizado
Rinópolis / SP
C
M
35
não alfabetizado
União dos Palmares / AL
H
F
27
Ensino Fundamental EJA
Morro do Chapéu / BA
Z
F
23
Ensino Fundamental EJA
Manhuaçu / MG
P
F
38
Ensino Fundamental EJA
Alto Piquiri / PR
W
F
22
Ensino Fundamental EJA
Catende / PE
R
F
34
Ensino Fundamental EJA
Tanabi / SP
A
M
22
Ensino Fundamental EJA
Ortiqueira / PR
T
M
38
Ensino Fundamental EJA
Rubelita / MG
B
M
27
Ensino Fundamental EJA
Faxinal / PR
V
M
30
Ensino Fundamental EJA
Canindé / CE
O
M
35
Ensino Fundamental EJA
Sarutaiá / SP
Corpus
de 2012
2
Informante
Sexo/Gênero
Idade
Escolaridade
Z
F
54 anos
não alfabetizada
I
F
66 anos
não alfabetizada
P
F
72 anos
não alfabetizada
T
M
38 anos
não alfabetizado
B
M
58 anos
não alfabetizado
R
M
59 anos
não alfabetizado
S
F
36 anos
Ensino Fundamental EJA
2
Os informantes do corpus de 2012 são naturais de São Carlos ou moradores da cidade desde crianças.
Página | 95
U
F
42 anos
Ensino Fundamental EJA
E
F
44 anos
Ensino Fundamental EJA
C
M
31 anos
Ensino Fundamental EJA
L
M
45 anos
Ensino Fundamental EJA
O
M
46 anos
Ensino Fundamental EJA
A
F
17 anos
Ensino Médio
J
F
17 anos
Ensino Médio
M
F
18 anos
Ensino Médio
V
M
17 anos
Ensino Médio
H
M
17anos
Ensino Médio
G
M
18 anos
Ensino Médio
A cidade de São Carlos localiza-se no centro geográfico do Estado de São Paulo
3
. De acordo com o
Censo 2010 do IBGE
4
, a população de São Carlos é de 221.950 habitantes, sendo 213.061 na área urbana e 8.889
na área rural. São 108.914 homens e 113.036 mulheres.
A cidade destaca-se como centro regional tecnológico e industrial. A atividade universitária é intensa e,
devido à presença, principalmente, de duas instituições públicas de ensino superior estabelecidas na cidade, a
Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de o Carlos (UFSCar), é grande a atividade de
pesquisa e a concentração de cientistas no município.
O Censo 2010 do IBGE revela que a taxa de analfabetismo em São Carlos é de 3,46%. A cidade possui
6.751 pessoas não alfabetizadas de 10 anos ou mais de idade.
4 Resultados
No trabalho de 2007, do total de 1.000 ocorrências estudadas no nosso corpus, 753 (75%) não
apresentaram a marca formal de plural nos verbos, sendo que apenas 247 (25%) trouxeram a marca formal de
plural
5
. O programa Goldvarb 2001 selecionou, na ordem de relevância, os seguintes grupos de fatores: saliência
fônica, paralelismo formal no nível oracional, presença/ausência do ‘que’ relativo, escolaridade e sexo/gênero.
3
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado de São Paulo conta com 645 municípios. A população
do Estado de São Paulo, segundo o Censo 2010, é de 41,2 milhões de habitantes. No Brasil, os primeiros resultados definitivos,
divulgados em novembro de 2010, apontaram uma população formada por 190.732.694 pessoas. Esses dados estão disponíveis em:
www.ibge.gov.br.
4
Dados obtidos do site www.ibge.gov.br.
5
A categoria de sujeito posposto (20 ocorrências no nosso corpus), da variável posição e distância do sujeito em
relação ao verbo, apresentou 100% de não concordância. Como o programa que gera o cálculo do peso relativo não
trabalha com fatores sem variação, quando temos knockout, foi necessário “eliminar” essas ocorrências. Portanto,
as tabelas apresentadas estão com 980 dados.
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A amostra de 2012 compõe-se de 1.422 ocorrências de 3ª pessoa do plural, com 686 ocorrências (48,2%)
apresentando a marca formal de plural nos verbos e 736 (51,8%) ocorrências sem a marca formal de plural nos
verbos. O programa Goldvarb-X selecionou, na ordem de relevância, os seguintes grupos de fatores:
escolaridade, saliência fônica, tipo estrutural do sujeito/SN, paralelismo formal no nível oracional,
sexo/gênero, posição do sujeito/SN em relação ao verbo, traço semântico do sujeito/SN, tipo de verbo (verbo
‘ser’ versus outros verbos) e distância entre o sujeito/SN e o verbo em número de sílabas.
A variável social sexo/gênero foi selecionada, no estudo de 2012, em quinto lugar pelo programa
Goldvarb-X.
Tabela 1: Frequência e peso relativo de concordância verbal conforme o sexo/gênero no corpus de 2012.
Fatores
Frequência
PR
masculino
323/708 = 45,6%
0,410
feminino
363/714 = 50,8%
0,589
Total
686/1.422 = 48,2%
Range 179
Input: 0,466
Significância: 0,042
A hipótese estabelecida confirmou-se, pois as mulheres da nossa amostra demonstraram mais
sensibilidade à variante de prestígio. Os homens empregaram menos as marcas de plural nos verbos (0,410) do
que as mulheres (0,589).
Em nosso estudo anterior com outras 20 pessoas residentes numa comunidade da periferia urbana da
cidade de São Carlos (MONTE, 2007), a variável sexo/gênero também obteve significância estatística. A tabela
2 traz os resultados obtidos nos dois corpora:
Tabela 2: Frequência e peso relativo de concordância verbal conforme o sexo/gênero no corpus de 2012 e no
corpus de 2007.
Fatores
Frequência de concordância
Corpus
de 2012
Corpus
de 2007
Frequência
PR
Frequência
PR
masculino
323/708 = 45,6%
0,410
121/488 = 25%
0,45
feminino
363/714 = 50,8%
0,589
126/492 = 26%
0,55
Total
686/1.422 = 48,2%
247/980 = 25%
A variável foi selecionada nos nossos dois estudos (MONTE, 2007, 2012) e muitas pesquisas
sociolinguísticas comprovaram a atitude mais conservadora das mulheres, quando estão em jogo uma variante
de prestígio e uma variante não prestigiada.
Em relação à concordância verbal de 3ª pessoa do plural, várias são as pesquisas com dados do PB que
evidenciam a preferência feminina pela variante padrão (SCHERRE e NARO, 1998; PEREIRA, 2004;
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GAMEIRO, 2005, 2009; RUBIO, 2008, 2012; entre outras). No entanto, como bem alerta Freitag (2015, p. 39),
“toda generalização é perigosa” e “mais perigosas ainda são as generalizações feitas a partir de resultados de
sexo/gênero nos estudos sociolinguísticos brasileiros”. Segundo Freitag (2015, p. 41):
Considerando que a margem de significância com que a Sociolinguística trabalha, a exemplo
das demais ciências humanas e sociais, é de 0,05, os resultados no intervalo entre 0,45 0,55
estão dentro da margem de erro, o que não permite uma generalização segura e abrangente
sobre a tendência do resultado. No entanto, não é o que acontece. (FREITAG, 2015, p. 41).
Como podemos observar, nos nossos dois trabalhos, principalmente no de 2007, os pesos relativos
ficaram muito próximos do ponto neutro (0,5). Dessa forma, temos de ter uma postura moderada ao interpretar
esses resultados.
A variável escolaridade foi a que se mostrou mais relevante na análise estatística realizada no estudo de
2012, sendo a primeira selecionada pelo programa Goldvarb-X. Os resultados, expostos na tabela 3, são bastante
significativos:
Tabela 3: Frequência e peso relativo de concordância verbal de acordo com o grau de escolaridade do
informante no corpus de 2012.
Fatores
Frequência
PR
não alfabetizados
89/464 = 19,2%
0,148
ensino fundamental (EJA)
192/480 = 40,0%
0,351
ensino médio
405/478 = 84,7%
0,910
Total
686/1.422 = 48,2%
Range 762
Input: 0,466
Significância: 0,042
Além de ser a variável selecionada em primeiro lugar, apresenta o range mais alto da análise (762)
6
. De
acordo com as nossas expectativas, constatamos que quanto maior a escolaridade, maior é a frequência de
concordância. Fica evidente que a influência normativa da escola acaba tendo um papel importante na aquisição
da variedade padrão de concordância.
Chama muito a atenção a diferença marcante entre os dois extremos dos fatores. A diferença em termos
de frequência é de 65,5 pontos percentuais e, como já salientamos, de 762 em termos de peso relativo.
Os estudantes concluintes do ensino fundamental na EJA revelam um baixo percentual de frequência
de concordância na fala informal (40%). Comparando esse grupo com o de jovens do ensino médio, a diferença
ainda é bastante grande: 44,7 pontos percentuais em termos de frequência e 559 em termos de peso relativo.
6
“O range é calculado pela diferença entre o peso relativo mais alto e o peso relativo mais baixo. Quando estes números são comparados
para cada grupo de fatores em uma análise, o valor maior (o range) identifica a restrição mais forte. [...] O range (ou a magnitude do
efeito) nos permite situar um grupo de fatores em relação a outro”. (TAGLIAMONTE, 2006, p. 242, tradução Naro e Scherre, 2010).
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A distância fica um pouco menor, mas ainda assim significativa, entre os estudantes da EJA e os não
alfabetizados da nossa amostra: 20,8 pontos percentuais em termos de frequência e 203 em termos de peso
relativo.
Os nossos resultados mais recentes corroboram os da nossa pesquisa anterior (MONTE, 2007)
7
. Para
uma comparação efetiva, eliminamos da amostra de 2012 o grupo de jovens do ensino médio e realizamos uma
rodada no programa Goldvarb-X, pois no estudo anterior trabalhamos somente com os outros dois grupos de
escolaridade. A tabela seguinte traz os resultados das duas amostras da cidade de São Carlos:
Tabela 4: Frequência e peso relativo de concordância verbal de acordo com o grau de escolaridade do
informante no corpus de 2012 e no corpus de 2007.
Fatores
Frequência de concordância
Corpus
de 2012
Corpus
de 2007
Frequência
PR
Frequência
PR
não alfabetizados
89/464 = 19,2%
0,332
94/491 = 19%
0,40
ensino fundamental (EJA)
192/480 = 40,0%
0,663
153/489 = 31%
0,60
Total
281/944 = 29,8%
247/980 = 25%
Os índices encontrados nos dois estudos são muito semelhantes. É sabido que os estudantes da EJA
(Educação de Jovens e Adultos) têm um tempo reduzido de estudo, visto que a cada seis meses eles concluem
uma série. Os informantes dos nossos dois corpora eram do curso noturno e todos estavam no último semestre
do ensino fundamental (8ªsérie/9ºano). Não controlamos os anos de escolaridade desses estudantes e tampouco
o intervalo de tempo em que ficaram longe da escola, que cada um deles possui uma experiência de vida muito
diferente. De qualquer forma, é possível concluir que a escolaridade, mesmo supletiva, influencia o fenômeno
variável de concordância verbal. Continuamos achando muito pertinente a reflexão de Bortoni-Ricardo sem,
contudo, deixar de pensar que outras questões referentes ao letramento de uma forma mais ampla contribuem
nesse processo.
O indivíduo de pouca cultura formal possivelmente chegará a ter consciência do caráter
estigmatizado da concordância não-padrão depois de um período de escolarização e de convívio
com o dialeto de classe média urbana. A duração deste período não é possível de se precisar,
sem que se proceda a estudos experimentais. Podemos, porém, prever que esse indivíduo
adotará a certa altura de sua formação escolar supletiva as normas de avaliação da
classe mais alta, mas tenderá sempre a usar a regra de concordância padrão com menos
7
Vale lembrar que os informantes da pesquisa concluída em 2007 eram de procedência geográfica diversificada, de uma faixa etária de
20 a 40 anos. Das 20 entrevistas realizadas, 9 pessoas eram da região Nordeste e 11 das regiões Sul e Sudeste. Dessas 11, 5 não eram
do Estado de São Paulo e apenas 2 eram da cidade de São Carlos. Com uma diferença de apenas 7 pontos percentuais em termos de
frequência de concordância verbal entre Nordeste (21%) e Sul/Sudeste (28%), a variável social procedência do informante foi
descartada pelo programa, ou seja, não foi estatisticamente significativa.
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frequência, posto que ele a assimilou tardiamente. (BORTONI-RICARDO, 1981, p. 94,
grifo nosso).
Com o objetivo de verificar com maior precisão o papel das mulheres e dos homens no uso da regra de
concordância verbal, efetuamos o cruzamento dessas duas variáveis sociais que demonstraram significância
estatística com os dados de 2012.
Gráfico 1: Precentual de concordância verbal de acordo com o grau de escolaridade e o sexo/gênero do
informante no corpus de 2012.
A preferência das mulheres pela variante padrão, prestigiada, comparativamente aos homens, é
sutilmente confirmada nos três níveis de escolaridade por nós analisados. Observamos o aumento na frequência
de concordância conforme aumenta o grau de escolaridade dos nossos informantes. Esse movimento
ascendente, no entanto, não anula as diferenças estabelecidas pelo sexo/gênero, revelando que as duas variáveis
agem conjuntamente.
5 Considerações finais
A variável sexo/gênero mostra-se relevante nas duas pesquisas com dados da cidade de São Carlos/SP,
com as mulheres utilizando mais a forma padrão de concordância do que os homens. Esse resultado era
esperado, pois rios estudos sociolinguísticos revelam que as mulheres usam mais a forma de prestígio, quando
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temos uma variante socialmente prestigiada e outra desprestigiada. Contudo, não podemos nos esquecer dos
pesos relativos próximos de 0,5. Para avançarmos na discussão, temos de entender melhor o papel das mulheres
e dos homens são-carlenses na sociedade em que estão inseridos, analisando a interação com outras variáveis
sociais.
Considerando a importância dada por Labov (2001, 2006) à relação entre sexo/gênero e classe social e
os diversos momentos da mudança linguística (SCHERRE e YACOVENCO, 2011, p. 141), futuros estudos
sociolinguísticos devem levar em consideração essa interação, como já propôs Oushiro (2015). De acordo com
Oushiro (2015, p. 164), “o exame do encaixamento social de variáveis por meio de cruzamentos permite uma
descrição mais acurada e interpretações mais adequadas a processos de variação linguística”.
Sem dúvida, a variável escolaridade é muito relevante nos estudos sociolinguísticos do uso variável da
concordância verbal de 3ª pessoa do plural. Nas nossas pesquisas, vemos nitidamente a crescente frequência de
concordância (e os pesos relativos validam a importância da variável) na medida em que aumenta a escolarização.
marcas + marcas
2007 ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬
Não alfabetizados Fundamental (EJA) Fundamental Médio Superior
19% 31%
marcas + marcas
2012 ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬ ▬
Não alfabetizados Fundamental (EJA) Fundamental Médio Superior
19,2% 40,0% 84,7%
No Brasil, uma polarização sociolinguística entre diferentes variedades e dentro de uma mesma
comunidade. A fala de uma pessoa sem qualquer escolaridade traz muito o cancelamento da marca de plural nos
verbos. A escola, por sua vez, acaba tendo um papel fundamental e decisivo na modificação do comportamento
linguístico do falante. Sabemos que a concordância verbal é um fenômeno variável no PB que não está imune à
estigmatização e que gozam de um prestígio social maior os falantes que a utilizam. Consequentemente, é um
tópico gramatical que não escapa à atenção normativa da escola.
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THE INFLUENCE OF SCHOOLING
AND SEX/GENDER ON THE
VARIABLE USE OF THIRD-PERSON
PLURAL VERBAL AGREEMENT
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Abstract:
Throughout this text, we retrieve the results obtained with schooling and sex/gender variables
in two sociolinguistic surveys with data from the city of São Carlos, state of São Paulo, Brazil.
We study the variable use of third-person plural verbal agreement in Portuguese Language based
on the theoretical and methodological principles of Theory of Language Variation and Change
(WEINREICH, LABOV and HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 1994, 2001, 2003). In both
surveys, the social variables schooling and sex/gender were statistically significant.
Keywords: Verbal agreement. Variation. Schooling. Sex/Gender.
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