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Como citar este artigo:
BIAZOLLI, C. C. “Atração do pronome”? Discutindo a atuação de proclisadores no PE
e no PB sob o viés das normas. Revista Diálogos. v. 7, n. 1, 2019.
A autora:
Professora do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de o
Carlos (UFSCAr) e membro do Núcleo de Pesquisa em Sociolinguística de Araraquara.
Agradecimentos:
Este artigo é resultado de uma das discussões apresentada no estudo de Biazolli (2016),
orientado pela professora Rosane de Andrade Berlinck, a quem se agradece por cada
ensinamento compartilhado. Agradece-se, ainda, à CAPES pelo auxílio financeiro
fornecido.
durante a execução desse estudo.
“ATRAÇÃO DO PRONOME”? DISCUTINDO
A ATUAÇÃO DE PROCLISADORES NO PE E
NO PB SOB O VIÉS DAS NORMAS
Caroline Carnielli Biazolli
(UFSCar/SoLAr)
caroline.biazolli@ufscar.br
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Resumo: Pertinente à colocação pronominal, este artigo propõe uma discussão sobre o
princípio de “atração do pronome”, fixado pela tradição gramatical. Para isso, sob a
perspectiva da Teoria da Variação e Mudança Linguísticas e conceitos relacionados às
normas linguísticas, investiga-se como as variantes previstas (no caso, adjungidas a verbos
simples, nas formas pré ou pós-verbal) se realizam nos gêneros textuais jornalísticos
entrevista na TV, noticiário de TV, carta do leitor e editorial. Faz-se um estudo
descritivo-comparativo entre o português europeu e o português brasileiro, a partir de
textos orais e escritos produzidos nos primeiros anos deste século.
Palavras-chave: Atração do pronome. Gêneros textuais jornalísticos. Português europeu.
Português brasileiro. Variação e normas linguística
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1 Introdução
O fenômeno da posição de clíticos pronominais, desde o século XIX, tem sido muito abordado no Brasil
e em Portugal (MATTOS E SILVA, 2004). À sombra de diferentes pressupostos teórico-metodológicos, hoje,
verifica-se extensa bibliografia acerca desse tema. No entanto, ainda assim, -se que a colocação pronominal
permanece atraindo o olhar de estudiosos, inclusive pelo fato de esses pronomes se posicionarem
dissemelhantemente nas variedades do português, sobretudo no português europeu (doravante PE) e no
português brasileiro (doravante PB).
Neste artigo, tocante a essa temática, discute-se o princípio de “atração do pronome”, relacionando-o às
realidades linguísticas do PE e do PB. Tal princípio, fixado pela tradição gramatical, diz respeito à ordem dos
clíticos pronominais estar atrelada à possibilidade de determinados vocábulos atraírem os pronomes átonos.
Quando não presentes esses vocábulos, os pronomes estariam, naturalmente, em posição enclítica. Quanto à
atração em si, esta pode se dar pela própria categoria gramatical do termo antecedente, pelo seu significado
(FIGUEIREDO, 1917[1909]) ou, ainda, ela pode ser de natureza puramente fonética (SAID ALI, 2008[1908]).
O propósito deste estudo é questionar a pertinência desse princípio para os contextos lusitano e
brasileiro de realização da ordenação de clíticos pronominais. Para isso, sob a perspectiva da Teoria da Variação
e Mudança Linguísticas (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006[1968]; LABOV, 2006[1966], 1994, 2001,
2008[1972]) e conceitos relacionados às normas linguísticas (COSERIU, 1979[1952]; BAGNO, 2003; FARACO,
2008), observa-se como as variantes posição pré-verbal e pós-verbal, no caso de verbos simples, manifestam-se
em quatro gêneros jornalísticos entrevista na TV, noticiário de TV, carta do leitor e editorial , produzidos
nos primeiros anos do século XXI e marcados por diferenças relacionadas às suas concepções discursivas, aos
seus meios de produção e a outras características situacionais.
Os gêneros textuais jornalísticos, fonte de extração dos dados aqui analisados, caracterizam-se como um
rico material a ser investigado, uma vez que ainda não foram suficientemente explorados pela Linguística e,
também, por serem materializados por textos que podem incluir tanto variantes padrão como não padrão.
Este artigo está dividido em cinco partes, seguidas das referências bibliográficas. As palavras
introdutórias destinam-se a esta seção, a primeira. Na segunda seção, apresentam-se os entrecruzamentos
teóricos entre variação e normas linguísticas, além de se destacar a divisão dos vocábulos que antecedem o grupo
clítico-verbo (cl V) ou o grupo verbo-clítico (V-cl) em dois conjuntos: um com os elementos reconhecidos como
proclisadores tradicionais e o outro com os elementos o considerados atratores de próclise pela tradição
gramatical, os proclisadores não tradicionais. Imediatamente depois, explicitam-se os materiais analisados.
Na quarta seção, discutem-se, em termos gerais, os resultados da cliticização do PE e do PB a verbos simples;
na sequência, esses resultados são explorados de acordo com cada gênero jornalístico averiguado, ressaltando-
se a necessidade de se separar os registros encontrados a partir do contexto linguístico ao qual o pronome clítico
estava submetido; e, por fim, pondera-se a efetividade, ou não, do princípio de “atração do pronome” para as
variedades examinadas. A quinta e última seção traz os comentários finais.
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2 Variação linguística, normas linguísticas e colocação pronominal
Inicialmente, neste espaço, articulam-se as inter-relações entre variação e normas linguísticas. Pensar em
variação implica compreender como os fenômenos variáveis se distribuem e se realizam nas várias formas de
manifestação linguística. Nessa direção, torna-se produtiva uma análise que aborde os usos linguísticos em meio
à pluralidade de normas linguísticas presente em uma comunidade.
No caso da colocação pronominal, levando-se em consideração o objetivo principal deste texto, o de
discutir a “atração do pronome” em dados portugueses e brasileiros, é adequada a indicação de quais elementos,
segundo a norma-padrão, prescritiva, são imbuídos de uma força atratora e quais, por sua vez, por não serem
atratores prototípicos, simplesmente mantêm a colocação que, segundo essa mesma norma, é a mais habitual
a ênclise. Propõe-se, aqui, em consonância com outros estudos (VIEIRA, 2002; NUNES, 2009; PETERSON,
2010; SANTOS, 2010, dentre outros), ainda que com algumas particularidades, a divisão desses constituintes
antecedentes entre proclisadores tradicionais e proclisadores não tradicionais, conforme descrito na
subseção 2.2. A partir dessas especificações, pretende-se alcançar uma melhor compreensão sobre o que a
norma-padrão prescreve e o que tem sido, de fato, utilizado por falantes portugueses e brasileiros.
2.1 Imbricações entre variação e normas linguísticas
Ainda que não tenha sido o primeiro a teorizar sobre o conceito de norma, Coseriu (1979[1952]) foi
quem o elaborou, sob o viés estruturalista, da maneira mais refinada. Voltando-se à antinomia de Saussure,
langue/parole (sistema/fala), ele busca aprimorá-la e, então, acrescenta-lhe uma terceira instância, a norma,
passando de dicotômica a uma perspectiva tricotômica (sistema/norma/fala). Para Coseriu (1979[1952]), da
abstração à concretude, respectivamente do sistema à fala, um grau intermediário, uma parte reguladora do
sistema, a norma. Entende-se norma, aqui, como a instância linguística normal, comum, estabelecida por um
conjunto de elementos linguísticos (fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais) que são frequentes, habituais
em uma dada comunidade de fala. A essa mesma comunidade, segundo as suas características sociais,
históricas, geográficas, etc. , atribui-se a responsabilidade pela variabilidade dessa norma.
Hoje, além desse amplo caráter referente à regularidade, observa-se um segundo uso, mais restrito, do
termo norma linguística, conferindo a ele a ideia de conformidade com um padrão mínimo de referência, de
julgamento de valor. Nesse sentido, empregam-se os conceitos de normatividade, de prescrição, segundo um
parâmetro legitimado geralmente pelos grupos mais escolarizados e com maior conhecimento acerca da
comunicação escrita.
Dedicados à realidade do PB, Bagno (2003) e Faraco (2008) sugerem com mais precisão uma
terminologia a respeito das normas. De acordo com Bagno (2003), é cabível a adoção dos seguintes termos:
norma-padrão, para designar o que está fora e acima da atividade linguística dos falantes, um conjunto de regras
doutrinário e venerado como uma verdade imutável e eterna; variedades prestigiadas, relacionadas às
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variedades linguísticas faladas pelos cidadãos com alta escolarização; e variedades estigmatizadas,
correspondentes às variedades linguísticas que caracterizam os grupos sociais desprestigiados. Faraco (2008),
assim como Bagno (2003), ainda que sob denominação não idêntica, lista como manifestações diferentes as
normas padrão, culta e populares, e também adiciona a norma gramatical. Segundo o autor, a norma
gramatical, conjunto de fenômenos linguísticos apresentado primeiramente pelos gramáticos da segunda metade
do século XX, é o resultado da flexibilização dos juízos normativos, quebrando, pelo menos em parte, a rigidez
da tradição desmedidamente conservadora (FARACO, 2008).
Convém sublinhar que cada língua apresenta um complexo sistema de normas, variável também, assim
como a própria língua, no decorrer dos séculos. Pelos falantes da língua não se comunicarem apenas com os
grupos regionais ou sociais a que pertencem, as normas se interpenetram, influenciando-se mutuamente. Disso,
deduz-se que não apenas uma única norma culta e que, quanto às normas desprestigiadas, estas não podem
ser fadadas ao erro ou à exclusão, pois também estão nessa mistura de tendências, sendo eficientes e garantindo
a interação. Parte-se da seguinte premissa: em cada ocasião, os falantes escolhem a norma apropriada. Ao mesmo
tempo, vale distinguir que os contornos de diferenciação entre as normas são bastante fluidos, salvo a norma-
padrão que é bem delimitada.
Evidenciado o caráter heterogêneo da língua, em que lugar para variações geográficas, sociais,
estilísticas e de gêneros textuais, nos âmbitos da fala e da escrita, é fato também a pluralidade das normas
linguísticas nela presente. A convivência de usos diferentes em uma mesma língua, resultado também da
coocorrência das normas, é algo irrefutável; e não uma falha.
Segundo Faraco (2008, p. 44),
Não existe, [...], uma norma “pura”: as normas absorvem características umas das outras elas
são, portanto, sempre hibridizadas. Por isso, não é possível estabelecer com absoluta nitidez e
precisão os limites de cada uma das normas haverá sempre sobreposições, desdobramentos,
entrecruzamentos.
Para Labov (2006[1966], 2008[1972]), uma comunidade de fala consiste em um conjunto de falantes que
partilham o mesmo sistema de valores sobre a língua, sem, necessariamente, falarem da mesma forma. Dado
esse sistema de valores, determinado por aspectos sociais, culturais e ideológicos, cada comunidade de fala (ou
linguística), em geral, caracteriza-se por uma norma ideal e por um conjunto de outras normas reais. A norma
ideal, de modo amplo, é entendida como um fator da coesão social e as normas reais se referem aos
comportamentos linguísticos dos integrantes dessas comunidades, estabelecidos pela intensa diversidade vigente
nesses grupos, resultado das redes de relações sociais presentes em seu interior. A Sociolinguística, atualmente,
tem dedicado grande atenção à problemática das normas, preocupando-se com as inter-relações entre o que se
deve dizer e o que é dito e como essa mútua ligação pode contribuir para a percepção da variação linguística.
2.2 Colocação pronominal e os proclisadores tradicionais e não tradicionais
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As gramáticas tradicionais costumam dedicar uma seção para a descrição dos contextos em que se
empregam a próclise e a ênclise. Desse modo, é de interesse examinar o contexto morfossintático anterior à
cliticização, para que se entenda a realização de determinada variante, a fim de verificar em quais contextos os
usos linguísticos seguem ou divergem da prescrição, e por quê. Ampliando essa visão sobre o contexto anterior
ao grupo cl V ou V-cl, consideram-se, aqui, o conjunto de elementos rotulados como proclisadores
tradicionais, visto que, na tradição gramatical, são tratados como atratores típicos, e o conjunto denominado
de proclisadores não tradicionais. O intuito, com essa divisão, é avaliar o grau diferenciado de influência
desses constituintes nos gêneros jornalísticos e nas variedades distintas.
Admite-se que a denominação proclisadores não tradicionais o é completamente satisfatória. Se
tais vocábulos o são atratores de próclise, segundo a tradição gramatical, o termo proclisadores pode parecer
improdutivo; entretanto, é o termo escolhido para que haja contraste entre os constituintes considerados
proclisadores prototípicos (e assim divulgados nas gramáticas) versus os outros constituintes que antecedem a
cliticização pronominal.
Para se chegar às relações de proclisadores tradicionais e não tradicionais, conforme descrito logo
abaixo, baseou-se, em primeiro plano, em apontamentos das gramáticas normativas (BECHARA, 2009[1961];
ROCHA LIMA, 2011[1957]; CUNHA; CINTRA, 2013[1985]) e, ainda, naquilo que gramáticas descritivas
(BRITO; DUARTE; MATOS, 2003[1983]) e trabalhos linguísticos têm apontado sobre o tema (LOBO, 1992;
GALVES; BRITTO; PAIXÃO DE SOUSA, 2005; SANTOS, 2010, dentre outros).
Os contextos de proclisadores tradicionais e proclisadores o tradicionais, somados ao contexto de
início absoluto de oração/período, apresentado nos resultados, auxiliam na organização dos dados coletados e
analisados e, como mencionado, em especial, propiciam um entendimento mais fiel do fenômeno da colocação
pronominal em cada uma das variedades e gêneros estudados.
(1) PROCLISADORES TRADICIONAIS
a. Partículas/sintagmas de negação:
(01) na Noruega todos pagam a mesma taxa de IRS e dizem que não se importam... (PE, noticiário, 05/01/2013)
b. Elementos subordinativos (conjunções subordinativas, pronome relativo
que
, outros pronomes/advérbios
relativos, conjunção integrante
que
, conjunção integrante
se
,
que
em estruturas clivadas,
que
em locuções
conjuntivas,
que
‘exclamativos’, palavra QU interrogativa do tipo pronominal e palavra QU interrogativa do tipo
adverbial):
(02) hoje... quando se fala de beleza... não se pode mais pensar apenas nos cuidados estéticos... (PB, noticiário, 09/08/2003)
(03) O administrador de uma grande empresa pode dispor das elites que lhe aprouver, mas o Presidente da República deve
enquadrar-se no quadro referencial dos preceitos da Constituição [...]. (PE, editorial, 2008)
(04) Contra o parecer do centro de acolhimento onde se encontrava desde os três meses, a Comissão de Menores de Gaia
tinha determinado a sua entrega ao pai. (PE, carta, 2005)
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(05) Cavaco não chegou a dizer que o governo lhe deu ouvidos... mas aplaudiu os passos para o alargamento dos prazos
de pagamento da dívida portuguesa à União Europeia... (PE, noticiário, 06/03/2013)
(06) Indagado pelo Estado se no encontro com Ahmadinejad o questionara sobre fraude eleitoral na eleição iraniana de
junho, o presidente Lula respondeu: "Seria muita petulância minha me meter em assuntos de outro país.” (PB, carta, 2009)
(07) foi nos estádios de futebol que os petardos se tornaram conhecidos... (PE, noticiário, 05/01/2013)
(08) Não perderam a guerra como fingem, esteja tranquilo J.M.F. Atingiram os seus objectivos, implantaram a democracia,
já que se mata sem olhar à cor da pele ou ao credo, e, se for necessário, trazem-se para lá uns palestinianos, até à vitória
final! (PE, carta, 2007)
(09) Que se gaste o dinheiro dos contribuintes em cursos de formação profissional onde os professores fingem que
ensinam e os alunos fingem que aprendem. (PE, carta, 2005)
(10) Hoje, quase descrente, lanço aqui uma pergunta: por todos os crimes cometidos, por que o MST não é punido nos
rigores da lei? Quem o deixa tão à vontade, tão confiante? (PB, carta, 2007)
(11) Bora foi o que mais trabalhou... explicou... reclamou... tentou mostrar aos jogadores chineses que o que está no ar é a
oportunidade da vida deles... jogar contra o Brasil numa Copa é algo único na carreira... como se livrar de uma marcação
por pressão?... (PB, noticiário, 07/06/2002)
c. Advérbios canônicos um vocábulo (advérbios focalizadores, quantificadores, modais/aspectuais e de
atitude proposicional):
(12) Lá, por exemplo, também se critica a forma como se recorre, a propósito e a despropósito, a escutas telefónicas e são
comuns as violações do segredo de Justiça. (PE, editorial, 2009)
(13) Se estes não é só agora que existem - pois sempre se inseriram, meio despudoradamente, em nosso cenário político -
, em se tratando de campanha reeleitoral, como aquela em que está empenhado, de corpo e alma, o presidente Lula,
adquiriram uma visibilidade mais do que notória, pelo que implicam de gastos substanciais da máquina pública federal,
nem sempre em níveis financeiramente suportáveis, pelo Estado. (PB, editorial, 2006)
(2) PROCLISADORES NÃO TRADICIONAIS
a. Sintagmas nominais sujeitos (SN sujeito nominal simples, SN sujeito nominal complexo, SN sujeito pronome
pessoal, SN sujeito pronome indefinido e SN sujeito pronome demonstrativo):
(14) e essa buzina ela:: / ela:: é de controle remoto... parece meio idiota um cara ter a buzina de controle remoto né.... pra
que vai buzinar de fora do carro?... [mas] os cara se diverte... (PB, entrevista, 12/11/2009)
(15) A política e os políticos portugueses lembram-me cada vez mais, mais do que nada nem ninguém, Orwell e os suas obras
“1984” e, sobretudo, “Animal Farmque em português tem o título muito mais sugestivo de “O Triunfo dos Porcos”.
(PE, carta, 2003)
(16) tô debutando... ôh::... e tem essa coisa de fazer todos os personagens... então isso uma agilidade... uma coisa...
eu me encaixo em mocreia... em gostosona... em senhora... eu faço de tudo com muita alegria... e eu acho que o público
gosta de ver isso né... (PB, entrevista, 05/11/2009)
(17) e pouco falávamos nas viagens que às vezes fazemos... ele adora levar um / o seu guia e des / descobrir restaurantes
e chefes... descobrir pontos gastronómicos... nas cidades... e:: / e:: agora com uma família tudo se torna diferente porque
eu já não posso fazer cem concertos por ano... (PE, entrevista, 14/04/2012)
(18) Na arena internacional, o primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, desprezou ostensivamente as demandas
enfáticas do dirigente americano pelo congelamento das colônias nos territórios palestinos para destravar as negociações
de paz. Isso o obrigou a um recuo na ONU. (PB, editorial, 2009).
b. Sintagmas preposicionados:
(19) De libertador se transformou em carrasco de milhares de cubanos, no famoso paredón. (PB, carta, 2008)
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c. Preposições (
para
,
a
,
de
,
por
,
sem
,
em)
e locuções prepositivas:
(20) para se antecipar às consequências desse episódio... e tentar fazer uma avaliação... principalmente dos
desdobramentos na economia brasileira... o presidente Fernando Henrique Cardoso chamou quatro ministros... inclusive
o da fazenda Pedro Malan... a reunião foi a portas fechadas... (PB, noticiário, 11/09/2001)
(21) Orlando Gaspar, quando anunciou a sua retirada da concelhia, não devia tentar desesperadamente e com jogadas de
bastidores interferir na eleição para a concelhia do dia 31 de Maio, aconselhando Nuno a candidatar-se. (PE, carta, 2003)
(22) a Nigéria perdeu... dois a um... e não tem mais chances de se classificar... (PE, noticiário, 13/11/2012)
(23) Utilizando o mesmo raciocínio, o presidente do STF, Marco Aurélio Mello, concedeu, tempos atrás, habeas-corpus
ao banqueiro Cacciola (hoje, foragido do País) e aos ex-diretores do Banco Nacional, por considerá-los pessoas de bem,
com passado irrepreensível. (PB, carta, 2002)
(24) Wilman Villar ficou cinquenta dias sem se alimentar... (PB, noticiário, 21/01/2012)
(25) Em vez de querer retirar poder das agências, o ministro Jobim deveria empenhar-se em depurá-las dos apadrinhados
políticos nomeados para comandá-las. (PB, carta, 2007)
(26) Assim, em vez de se guiarem por critérios objectivos na atribuição de apoios e subsídios a particulares e associações,
o dinheiro público é, antes, utilizado para silenciar consciências [...]. (PE, carta, 2007)
d. Conjunções coordenativas (conjunções aditiva, alternativa, adversativa, conclusiva e explicativa):
(27) Não perderam a guerra como fingem, esteja tranquilo J.M.F. Atingiram os seus objectivos, implantaram a democracia,
já que se mata sem olhar à cor da pele ou ao credo, e, se for necessário, trazem-se para lá uns palestinianos, até à vitória
final! (PE, carta, 2007)
(28) Ou lembrar-lhes que a intervenção na vida pública não é um diploma de acesso a altos cargos na administração do
Estado. (PE, editorial, 2005)
(29) eu tinha driver license... tá?... mas me parou por excesso de velocidade porque o carro era bom demais né... (PB,
entrevista, 07/11/09)
(30) Ou então atribui-se a depressão à crise económica. (PE, editorial, 2008)
(31) Se se está vendendo mais, baixe-se o imposto, pois se ganha mais vendendo duas unidades de qualquer coisa a um
preço menor do que uma unidade a preço um pouco maior. (PB, carta, 2008)
e. Advérbios não canônicos (advérbios não modais e terminados com o sufixo
-mente
) e locuções adverbiais
(32) tu tavas com a mão dele agarra / a segurar a mão dele e depois deste-lhe um beijinho na mão... (PE, entrevista,
05/03/2011)
(33) tenta... tenho que pagar os impostos senão eles martelam... martelam muito né... e então... [assim] sou... educado
também sou... hoje -se infelizmente muita gente que... parece que a educação... deixaram a educação fora do... / fora de
casa... ou / ou noutro sítio qualquer... (PE, entrevista, 05/03/2011)
(34) Curiosamente formaram-se, à esquerda e à direita, duas obsessões. (PE, editorial, 2002)
(35) vinte anos justificava-se que se perdesse tempo com a escolha do Presidente, e tanto Mário Soares como
Carneiro tiveram razões de sobra para perceber como a sorte do regime também passava por Belém. (PE, editorial, 2002)
3 Materiais analisados
Tanto para o PE quanto para o PB, foram organizados e analisados materiais que incluíam textos
representantes dos gêneros entrevista na TV, noticiário de TV, carta do leitor e editorial. Foi necessário que os
corpora das duas variedades fossem equivalentes, em razão de o estudo, além de descritivo, caracterizar-se como
comparativo. Desse modo, a formação desses corpora se deu a partir de conjuntos uniformes em extensão
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(número de palavras): para cada gênero jornalístico em questão, em cada uma das variedades, reuniu-se um
montante em torno de 35.000 palavras.
Os registros portugueses falados foram coletados após a transcrição de aproximadamente quatro horas
do programa de entrevistas nomeado Herman (2010-2013), apresentado na emissora RTP, e seis horas do
noticiário televisivo Jornal da Noite, transmitido pela SIC. Foram transcritos os programas do Herman (2010-
2013) (cf. figura 1) exibidos nos dias 08/05 e 15/05 de 2010, 05/03/2011, 14/04/2012 e 06/07/2013; e, quanto
às transmissões do Jornal da Noite (cf. figura 2), analisaram-se as dos dias 16 e 20/07/2012, 13/11/2012,
05/01/2013 e 06/03/2013. Para a formação do corpus oral brasileiro, transcreveram-se cerca de quatro horas e
meia do Programa do Jô (cf. figura 3), dedicado a entrevistas, e o mesmo total aproximado de horas do
telejornal Jornal Nacional (cf. figura 4), ambos produzidos e exibidos pela Rede Globo. Foram transcritas as
entrevistas dos dias 04, 05, 07 e 12/11/2009 e, sobre o telejornal, as notícias veiculadas nos dias 30/06/2000,
07/06/2002, 09/08/2003, 11/09/2011, 21 e 28/01/2012, 05/10/2012 e 14/12/2013.
Figura 1 - Herman (2010-2013), transmitido pela RTP Figura 2 - Jornal da Noite, transmitido pela SIC
Fonte: Biazolli (2016, p. 130) Fonte: Biazolli (2016, p. 132)
Figura 3 - Programa do Jô, transmitido pela Globo Figura 4 - Jornal Nacional, transmitido pela Globo
Fonte: Biazolli (2016, p. 130) Fonte: Biazolli (2016, p. 132)
Os programas utilizados para a coleta das entrevistas se apresentam de forma bastante parecida.
Visivelmente inspirados em talk shows norte-americanos, à frente de ambos estão figuras que construíram suas
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carreiras também no humor. Desse modo, além de conduzirem as conversas com os convidados, contam piadas
e divertem o público. As entrevistas em si, além de informar, também têm o objetivo de entreter. Os cenários
são praticamente idênticos. Nos dois casos, os apresentadores estão acompanhados de grupo de músicos e
plateia. E, ademais, logo atrás do local onde recebem os seus entrevistados, observam-se vistas que fazem
referências, respectivamente, às noites de Lisboa e de São Paulo. Os entrevistados são, usualmente, pessoas
públicas, convidadas para abordar algum assunto específico e/ou divulgar algo relacionado a eles mesmos.
Os telejornais selecionados, além de possuírem grande abrangência em seu país de exibição, são
transmitidos em horário nobre, à noite, e dirigidos a um público mais amplo. Outro ponto que os aproxima,
embora os contextos social, econômico, político e cultural de cada um sejam diferentes, é o fato de a SIC
(emissora responsável pela veiculação do telejornal português), quando fundada, ter recebido ajuda e orientações
da Rede Globo. Na realidade, tanto o telejornalismo português quanto o brasileiro são influenciados pelos
modelos de telejornalismo norte-americanos (CAMPOS; COUTINHO, 2014).
Para a constituição dos corpora escritos, também estruturados de acordo com uma extensão pré-
delimitada, examinaram-se exemplares dos jornais Público (cf. figura 5) e O Estado de S. Paulo (cf. figura 6),
produzidos em Lisboa e em São Paulo, respectivamente, mas ambos de grande circulação nacional. Dentro do
espaço temporal considerado, de 2001 a 2010, investigaram-se seis periódicos por ano. Reportando-se às cartas,
analisaram-se 105 textos portugueses e 227 brasileiros. No que diz respeito aos editoriais, observaram-se 66
textos referentes ao PE e 52 ao PB.
Figura 5 - Capa do Público Figura 6 - Capa do O Estado de S. Paulo
Fonte: Biazolli (2016, p. 133) Fonte: Biazolli (2016, p. 133)
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O Público informa claramente, no material que trata das bases de seu projeto editorial e das regras que
segue, que as cartas dos leitores selecionadas poderão passar por determinados ajustes. Os editoriais, por sua
vez, devem ser textos breves, claros e incisivos, que contenham a opinião da direção editorial sobre algum fato
da atualidade. Essa opinião deverá ser sempre fundamentada, não se inspirando em razões exteriores ao objeto
do comentário (PÚBLICO, 2005). Encontra-se, nesse manual, uma pequena lista de erros e vícios de linguagem
frequentes, os quais devem ser evitados. Nada que se refira à colocação pronominal nas orações é dito.
No manual d’O Estado de S. Paulo, o projeto editorial é pouco especificado e o espaço se volta
amplamente à discussão de como escrever bem, com elegância, mas sem pedantismos. Espera-se, com as
orientações dadas, que os textos publicados no jornal sejam uniformes, elaborados a partir de um português
objetivo e correto (MARTINS, 1997). Nesse sentido, em muitas das páginas, o manual chega a se parecer com
um compêndio gramatical, uma vez que se atém a detalhes sobre crase, concordâncias, conjugação verbal,
regências, colocação de pronomes, acentuação, entre outros tópicos. À colocação pronominal, fenômeno que
interessa a este artigo, são destinadas aproximadamente quatro páginas, recheadas de regras pautadas na tradição
gramatical.
Quanto às cartas, o aparece explicitamente no manual se recebem ou não interferências de editores.
No entanto, dois aspectos fazem acreditar que os textos dos leitores/escritores podem, sim, sofrer alterações.
O primeiro corresponde à questão de o próprio jornal comunicar, no local reservado à participação do público,
que as cartas publicadas são selecionadas e, se for necessário, resumidas; e, o segundo, complementando o
primeiro, refere-se ao fato, como o próprio Martins (1997) atesta, de ser grande o empenho d’O Estado para
que o número de erros gramaticais de uma edição seja cada dia menor. Nesse mesmo manual, por fim,
evidencia-se que o jornal, como um todo, tem opiniões, que são expressas nos editoriais. Nenhum outro detalhe
sobre os textos que materializam os editorais d’ O Estado de S. Paulo é fornecido.
Feitas todas as observações pertinentes aos materiais analisados, a seguir, exploram-se os resultados.
4 Resultados
Na tabela seguinte, mostra-se a distribuição geral de todas as ocorrências de clíticos pronominais
coletadas nas variedades europeia e brasileira do português segundo cada gênero jornalístico estudado.
Investigou-se um total de 2.431 clíticos.
Tabela 1 - Distribuição geral das ocorrências de clíticos pronominais no PE e no PB, de acordo com o gênero
Gênero
PE
PB
Total
Entrevista na TV
344
136
480
Noticiário de TV
193
103
296
Carta do leitor
529
417
946
Editorial
443
266
709
Total
1.509
922
2.431
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Página | 134
Ao se observarem os números totais de ocorrência dos pronomes segundo cada gênero textual
analisado, destaca-se a mesma tendência em ambas as variedades: os pronomes átonos foram mais recorrentes
nas cartas, nos editoriais, nas entrevistas e nos noticiários, nessa devida ordem, tanto no PE quanto no PB. O
predomínio de clíticos na escrita, se pensado fundamentalmente em relação à variedade brasileira, pode ser
justificado pela realidade de esses pronomes, sobretudo os de terceira pessoa, serem aprendidos na escola
(CORRÊA, 1991; RODRIGUES COELHO, 2011), sendo postos em prática em um primeiro momento na
escrita e, depois, na fala. Acrescido a essa constatação, e agora se referindo também aos resultados do PE,
outro fator que acentua os altos números de clíticos nos gêneros carta do leitor e editorial é a presença massiva
do “famigerado” se (NUNES, 1990) nos textos que os representam.
4.1 Próclise e ênclise: resultados gerais
No conjunto de 2.431 dados, estando relacionados 1.509 ao PE e 922 ao PB, os clíticos apareceram em
62% (N=937) dos casos em posição proclítica e em 38% (N=572) em posição enclítica na variedade europeia,
enquanto na variedade brasileira a distribuição se deu entre 77% (N=714) dos casos em próclise e 23% (N=208)
em ênclise, como se vê no gráfico a seguir.
Gráfico 1 - Distribuição geral de próclise e ênclise no PE e no PB
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
À frente de índices gerais que mostram um número maior de próclise nas duas amostras, opondo-se
inclusive ao que as abordagens tradicional e descritiva apresentam em relação à preferência de colocação no PE
a ênclise como a opção mais produtiva (FIGUEIREDO, 1917[1909]; RAPOSO et al., 2013) , torna-se
indispensável detalhar cada registro encontrado a partir do contexto linguístico em que o pronome clítico estava
inserido. Diante dessa decisão, as singularidades e as semelhanças de/entre cada variedade investigada ficam
mais evidentes, ao mesmo tempo que a interpretação dos resultados numéricos passa a ser mais precisa.
23%
38%
77%
62%
PB
PE
Próclise x Ênclise
cl V V-cl
Página | 135
Separam-se, então, os pronomes átonos extraídos dos corpora de acordo com os seguintes casos: (i) clítico
adjacente a verbo em posição de início absoluto de oração/período; (ii) grupo cl V ou V-cl antecedido de
elemento considerado tradicionalmente proclisador; e (iii) grupo cl V ou V-cl antecedido de elemento o
considerado tradicionalmente proclisador.
Do total de 1.509 dados portugueses, segundo os três contextos apresentados, os clíticos apareceram
241 vezes adjungidos a hospedeiros verbais em posição de início absoluto de oração/período, 819 vezes na
presença de proclisadores tradicionais e 449 vezes na presença de proclisadores não tradicionais. As informações
da próxima tabela, referentes à amostra do PE, revelam quais são as colocações pronominais predominantes ao
se observar isoladamente cada contexto linguístico.
Tabela 2 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise no PE, de acordo com o contexto linguístico
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PE
N
P
N
P
1
0.4%
240
99.6%
241
795
97%
24
3%
819
141
31%
308
69%
449
= 1.509
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Os dados brasileiros recebem o mesmo tratamento. Desse modo, dos 922 pronomes átonos coletados,
enquanto 136 estavam cliticizados a verbos em início absoluto de oração/período, 460 e 326 tinham como
elementos antecedentes, respectivamente, proclisadores tradicionais e não tradicionais. Na tabela 3, como feito
com os dados portugueses, são apresentados os resultados obtidos das posições pré e pós-verbais na variedade
do PB, segundo os contextos linguísticos.
Tabela 3 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise no PB, de acordo com o contexto linguístico
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PB
N
P
N
P
22
16%
114
84%
136
452
98%
8
2%
460
240
74%
86
26%
326
= 922
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Ao serem contrastadas as marcas de próclise e ênclise nas duas variedades, verifica-se que o fato de o
hospedeiro verbal estar em posição inicial absoluta na oração/período refreia, como esperado, a colocação
proclítica no PE e no PB, entretanto, de modo distinto. Enquanto no PE a próclise em início de oração/período
é praticamente inexistente (0.4%), no PB, ainda que discreta, atinge o índice de 16%. Esse resultado, de acordo
com o que ainda será visto, reflete principalmente os dados desse contexto provenientes dos gêneros brasileiros
entrevista na TV e noticiário de TV. Na presença de elementos reconhecidamente apontados como
proclisadores, as mesmas tendências são percebidas. Tanto no PE quanto no PB, altas frequências marcam a
Página | 136
dominância da próclise com esses constituintes (97% e 98%, respectivamente). Por outro lado, ao considerar o
pronome clítico antecedido de proclisadores não tradicionais, inclinações divergentes são notadas, já que, nesse
caso, em proporções inversas, há o domínio da ênclise no PE (69%) e o favoritismo da próclise no PB (74%).
Quando constatados os percentuais de próclise com o verbo no início de oração/período e,
principalmente, com o grupo cl-V estando precedido de proclisadores o tradicionais (sendo este um contexto
no qual se espera maior variação entre as variantes, dada a não existência de elementos que favoreçam a
anteposição do pronome), confirma-se o que tem sido realçado na literatura linguística: a ênclise é a opção
não marcada na variedade europeia, enquanto na amostra brasileira é a colocação pré-verbal que se destaca
acentuadamente. São os resultados relacionados a proclisadores não tradicionais que mostram, de modo mais
nítido, as preferências dos usuários de cada variedade, no que tange à colocação pronominal.
4.2 Próclise e ênclise: resultados segundo cada gênero jornalístico analisado
No nero entrevista na TV, foram coletados 344 clíticos no PE e 136 no PB. Para o entendimento
completo desses resultados, bem como foi tratado o total de dados reunidos a partir dos quatro neros
jornalísticos apreciados, distinguem-se os pronomes segundo os três contextos linguísticos apresentados
anteriormente. Nas duas tabelas subsequentes, esclarecem-se essas separações nas amostras do PE e do PB,
nessa devida ordem.
Tabela 4- Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero entrevista, no PE
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PE
N
P
N
P
0
0%
49
100%
49
176
95%
9
5%
185
28
25%
82
75%
110
= 344
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Tabela 5- Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero entrevista, no PB
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PB
N
P
N
P
18
75%
6
25%
24
53
96%
2
5%
55
55
96%
2
5%
57
= 136
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Nas entrevistas, de modo geral, concentra-se a diferença mais saliente entre os percentuais das variantes
marcados no PE e os registrados no PB.
Página | 137
No noticiário de TV, registraram-se 296 dados, referentes a 193 do PE e a 103 do PB. Ao serem
organizados de acordo com os três contextos linguísticos considerando-se, em particular, os contextos de
início absoluto de oração/período e de grupo cl V ou V-cl antecedido de elemento não considerado
tradicionalmente proclisador , os dados continuam a exibir a ênclise como opção não marcada no PE e a
próclise como variante predileta no PB, mesmo que em escala menor, se comparada à marca proclítica alcançada
no gênero entrevista na TV. As tabelas seguintes tornam visíveis essas considerações, a partir do tratamento do
total de clíticos coletado nos noticiários.
Tabela 6- Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero noticiário, no PE
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PE
N
P
N
P
0
0%
25
100%
25
89
96%
4
4%
93
8
11%
67
89%
75
= 193
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Tabela 7- Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero noticiário, no PB
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PB
N
P
N
P
3
60%
2
40%
5
37
100%
0
0%
37
53
87%
8
13%
61
= 103
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Para a análise do gênero carta do leitor, reuniu-se um total de 946 clíticos. Desse número, 529 pertenciam
ao PE e 417 ao PB. Quando examinado o conjunto total de dados de acordo com os três contextos linguísticos
debatidos desde o começo, em especial o contexto de início absoluto de oração/período e o de proclisadores
não tradicionais, notam-se, agora, (i) realizações idênticas das variantes no PE e no PB, no que diz respeito ao
início absoluto, e (ii) uma diferença bem menos saliente entre as marcas de próclise (e de ênclise) assinaladas em
cada uma das variedades, na presença de proclisadores não tradicionais cf. tabelas 8 e 9.
Tabela 8 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero carta, no PE
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PE
N
P
N
P
1
1%
90
99%
91
286
98%
6
2%
292
60
41%
86
59%
146
= 529
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
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Tabela 9 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero carta, no PB
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PB
N
P
N
P
1
1%
67
99%
68
220
98%
5
2%
225
72
58%
52
42%
124
= 417
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Ao serem comparadas as frequências de próclise nas cartas brasileiras com as apresentadas nos gêneros
entrevista na TV e noticiário de TV, de novo em relação aos contextos de hospedeiro verbal em posição inicial
absoluta e de antecedência de proclisadores não tradicionais, é nítida a redução do uso do pronome anteposto
(e, por consequência, a expansão do pronome posposto) nas cartas.
Perini (2005[1995]), ao afirmar que lida em sua gramática com a variedade da língua usada em textos
jornalísticos escritos, conclui que a ênclise está em um processo de desaparecimento no PB. A partir dos
resultados deste estudo, ao invés da extinção da colocação pós-verbal, prefere-se sinalizar a sua resistência em
determinados contextos da escrita brasileira. Por força normativa, por exemplo, sendo este um dos pontos
eleitos como bastião da norma (BERLINCK; BIAZOLLI, 2011), a ênclise em início absoluto de oração/período
permanece (e é praticamente categórica) nos gêneros escritos dos 107 pronomes coletados nesse contexto
(68 nas cartas e 39 nos editoriais), apenas 1 aparece proclítico no PB. Outros dois casos que endossam a
manutenção da posposição do pronome são a cliticização do acusativo de 3ª. pessoa a formas verbais infinitivas
e a presença nas orações de palavras não classificadas pela tradição gramatical como atratores do pronome.
Refere-se a este segundo caso o fato de a próclise, predominante nas entrevistas e nos noticiários do PB
independentemente do tipo de atrator, ceder espaço maior à ênclise diante da maioria dos proclisadores não
tradicionais (SN sujeito, SPrep, conjunção coordenativa, por exemplo) nos gêneros escritos.
No gênero editorial, por fim, foram coletados 443 clíticos na variedade europeia e 266 na variedade
brasileira. As duas próximas tabelas especificam a colocação pronominal conforme os três contextos linguísticos
considerados.
Tabela 10 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero editorial, no PE
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PE
N
P
N
P
0
0%
76
100%
76
244
98%
5
2%
249
45
38%
73
62%
118
= 443
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Página | 139
Tabela 11 - Número de ocorrências (N) e proporções (P) de próclise e ênclise, de acordo com o contexto linguístico, no
gênero editorial, no PB
Próclise
Ênclise
Total
Dados/PB
N
P
N
P
0
0%
39
100%
39
142
99%
1
1%
143
60
71%
24
29%
84
= 266
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Quando os hospedeiros verbais aparecem em posição inicial absoluta de oração/período, nos editoriais,
no PE e no PB, a posposição do pronome é categórica. Após proclisadores tradicionais, nas duas localidades, a
próclise é semicategórica. A colocação pronominal é de fato variável na presença de proclisadores não
tradicionais, com os quais se destaca a ênclise no PE e a próclise no PB. Neste último contexto, a discrepância
entre os percentuais de próclise (e de ênclise) do PE e do PB se torna menos expressiva nos editoriais, o como
constatado nas cartas, mas notável diante da significativa diferença entre as marcas apresentadas da posição pré-
verbal em cada uma das variedades nas entrevistas e nos noticiários (25% e 96% de próclise nas entrevistas
portuguesas e brasileiras, nessa devida ordem; e 11% e 87% de próclise nos noticiários do PE e do PB,
respectivamente). Os textos escritos, conforme explicitado, estão mais propícios à uniformização dos usos,
segundo os padrões estabelecidos gramaticalmente. Por isso, os resultados das colocações pronominais
portuguesa e brasileira mais se aproximam nos gêneros carta do leitor e editorial.
4.3 Discutindo a questão da “atração do pronome”
Observaram-se, em termos gerais, quanto à cliticização a um único verbo, diferenças entre as duas
variedades do português (PE e PB) e em cada uma delas separadamente, de acordo com o gênero textual
jornalístico investigado; entretanto, de forma mais discreta na variedade europeia do que na brasileira.
Confirmou-se que, no PE, a convergência entre os usos linguísticos efetivados na fala e na escrita é mais
percebida. Isso ocorre, em especial, pelo fato de, no PB, ser substancial o abismo entre o uso que os falantes
fazem da língua, mesmo aqueles considerados “cultos”, e o que é prescrito pela norma-padrão, fundamentada
na tradição portuguesa, que serve de modelo sobretudo às produções escritas.
A partir dos três contextos linguísticos abordados (i) início absoluto de oração/período, (ii)
precedência de proclisador tradicional e (iii) precedência de proclisador não tradicional , verificou-se, no PE, a
ênclise como a opção não marcada, salvo diante de atratores típicos de próclise; no PB, registrou-se a forte
predominância da variante pré-verbal, à exceção dos casos nos quais o verbo hospedeiro abria a oração (ou o
período) nos gêneros escritos como mostrado no gráfico seguinte. A respeito da divisão dos pronomes
segundo esses três contextos, reitera-se que foi algo primordial para uma interpretação mais cuidadosa dos dados
coletados.
Página | 140
Gráfico 2 - Distribuição de próclise no contexto de início absoluto, nos gêneros jornalísticos, no PE e no PB
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Ao iniciarem orações/períodos, os pronomes se mantiveram categoricamente enclíticos no PE, nos
gêneros entrevista na TV, noticiário de TV e editorial. A ênclise, nesse mesmo contexto, foi semicategórica no
gênero carta do leitor, visto que, em uma carta, encontrou-se o único dado português de próclise com o verbo
posicionado no início de oração sem coincidir com o início de período.
1
Nos corpora brasileiros, em início de
oração/período, a próclise prevaleceu nos gêneros orais. Nas entrevistas, os casos de ênclise estavam
relacionados a um outro gênero inserido em umas das entrevistas uma receita culinária. O decréscimo de
próclise nos noticiários, por sua vez, pode ser associado à concepção escrita desse tipo de nero. Com a ênclise
praticamente hegemônica nas cartas e categórica nos editoriais, assinalou-se a interferência de preceitos
normativos relativos à colocação nos gêneros escritos brasileiros.
À frente de proclisadores tradicionais, nos quatro gêneros jornalísticos das duas localidades, foram altos
os índices da posição pré-verbal. No caso do PE, as marcas de próclise variaram de 95% a 98%, de acordo com
o gênero analisado, e, no PB, de 96% a 100% cf. gráfico 3.
1
Dado em questão:
Também assinei descrente a primeira petição (e não resisto a contar que sei de quem, dentro da lógica “perdido por cem, perdido por
mil”, tenha chegado a sugerir aos senhores que se julgam donos das mulheres nigerianas que “se demitissem” eles da condição humana),
me surpreendi com o seu êxito e, passados uns dias, percebi que afinal... tinha que assinar a segunda. (PE, carta, 2002).
0%
75%
0%
60%
1% 1%
0% 0%
PE PB
Próclise / Icio absoluto
Entrevista na TV Noticiário de TV Carta do leitor Editorial
Página | 141
Gráfico 3 - Distribuição de próclise no contexto de proclisadores tradicionais, nos gêneros jornalísticos, no PE e no PB
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Neste ponto, vale refletir o que os percentuais elevados da variante proclítica, em contexto fixado pela
tradição gramatical como de “atração do pronome”, denotam nas duas variedades, questão primordial diante
dos propósitos deste artigo.
No PE, uma vez que, em início de oração/período e na presença de proclisadores não prototípicos, a
ênclise foi a variante mais recorrente, parece haver obediência dos falantes à questão da atração, decorrente, para
alguns estudiosos, da própria categoria gramatical e/ou do significado do vocábulo que precede o grupo clítico-
verbo ou, para outros, de aspectos fonéticos. À vista disso, no caso da variedade europeia, faz sentido afirmar
que determinadas palavras exercem atração sobre o pronome. No âmbito do PB, por outro lado, não convém
tratar da anteposição do pronome concatenada puramente à observância a uma regra sobre a força atrativa de
certos constituintes a próclise ter ocorrido, com primazia, até mesmo na presença de elementos não
reconhecidos pela tradição como atratores do pronome, em especial nos gêneros orais, reforça essa ideia (cf.
gráfico 4). A variante pré-verbal, no contexto de proclisadores tradicionais, reproduz essencialmente a norma
objetiva e usual dos falantes do PB. O que se desviou disso, no caso, os poucos dados de ênclise verificados nos
gêneros entrevista na TV, carta do leitor e editorial, referiu-se, nas entrevistas, aos registros relacionados a outro
gênero presente em uma delas (a receita culinária); e, nas cartas e nos editoriais, aos casos de cliticização do
acusativo de 3ª. pessoa a infinitivos e aos dados com proclisador tradicional e grupo verbo-clítico não
imediatamente contíguos.
Na presença de proclisadores o tradicionais, tal como já mencionado, a ênclise e a próclise se
sobressaíram, respectivamente, no PE e no PB. Tal qual o gênero considerado, essas predominâncias foram
menos ou mais acentuadas cf. gráfico 4.
95%
96%96%
100%
98% 98%98%
99%
PE PB
Próclise / Proclisadores tradicionais
Entrevista na TV Noticiário de TV Carta do leitor Editorial
Página | 142
Gráfico 4 - Distribuição de próclise, de acordo com o contexto de proclisadores não tradicionais, nos gêneros jornalísticos,
no PE e no PB
Fonte: Adaptação de Biazolli (2016)
Segundo a norma-padrão, na ausência de atratores típicos de próclise, a posposição do pronome ao
verbo hospedeiro é a forma prescrita. A desobediência a essa prescrição no PB, particularmente mais notável
nos gêneros orais, já que na escrita a influência dos padrões é mais decisiva, evidencia, na prática, a gramática do
PB emergindo nos usos.
Tanto no PE quanto no PB, no contexto de proclisadores não tradicionais, as opções não marcadas de
cada variedade foram mais frequentes nos gêneros entrevista na TV e noticiário de TV. Nos gêneros carta do
leitor e editorial, constatou-se que a diferença entre os percentuais de próclise (e de ênclise) das duas variedades
foi menor. A aproximação (e o distanciamento) dos resultados do PE e do PB aparenta estar relacionada ao
meio, escrito ou sonoro.
5 Considerações finais
Com este artigo, espera-se contribuir para o entendimento da noção de “atração do pronome”,
assinalando que, no PE, cabe a discussão de o clítico ser atraído por certo elemento, assim como prescrito na
norma-padrão, visto que a ênclise só deixou de ocorrer, nos quatro gêneros, na presença de operadores típicos
de próclise. no PB, a ideia de atração é pouco, ou nada, efetiva. A primazia da próclise se deu tanto na presença
de proclisadores tradicionais como à frente de elementos o identificados pela tradição gramatical como
atratores do pronome de forma mais branda nas cartas e nos editoriais do que nas entrevistas e nos noticiários.
Na escrita, a influência dos padrões é mais decisiva.
Os resultados aqui apresentados, por meio do contraste entre os diferentes gêneros e os diferentes
contextos, garantem afirmar que os usuários da língua, portugueses e brasileiros, não estão se baseando somente
25%
96%
11%
87%
41%
58%
38%
71%
PE PB
Próclise / Proclisadores não tradicionais
Entrevista na TV Noticiário de TV Carta do leitor Editorial
Página | 143
pela norma-padrão, mas também pela gramática de suas variedades do português. Em consonância ao que a
literatura linguística tem assinalado quanto à colocação pronominal nas variedades em questão, os dados deste
artigo corroboram o fato de a ênclise ser a opção não marcada para os portugueses; e, a próclise, para os
brasileiros.
Conclui-se, por último, que são os olhares voltados às normas da comunidade de fala (LABOV,
2006[1966], 2008[1972]) e às normas prescritivas, no que diz respeito às suas semelhanças e diferenças, que
possibilitam profícuas discussões entre questões pertinentes à Sociolinguística Variacionista e conceitos de
normas.
Referências
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BERLINCK, R. de A.; BIAZOLLI, C. C. Clíticos e preposições: a norma e o 'normal' em jornais paulistas (1900 a 1915).
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BIAZOLLI, C. C. Posição de clíticos pronominais em duas variedades do português: inter-relações de estilo, gênero,
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BRITO, A. M.; DUARTE, I.; MATOS, G. Tipologia e distribuição das expressões nominais. In: MATEUS, M. H. M. et
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“PRONOMINAL ATRACTION”?
DISCUSSING THE EFFECT OF
“PROCLISADORES” IN EP AND BP FROM
THE PERSPECTIVE OF THE NORMS
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Abstract:
This article aims to discuss the principle of “pronominal attraction”, established by the
grammatical tradition, in regard to pronoun placement. In order to achieve it, the study
is based on the Theory of Language Variation and Change and the concepts related to
the linguistic norms. It is investigated how the expected variants (adjunct to simple
verbs, placed before or after them) are realized in four journalistic genres: interviews
on TV, news, reader’s letter and editorial. A descriptive-comparative study was
conducted between European Portuguese and Brazilian Portuguese, analyzing oral and
written texts produced in the early 21
st
century
Keywords: Pronoun attraction. Journalistic textual genres. European Portuguese.
Brazilian Portuguese. Linguistic variation and norms.
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