secundários são aqueles oriundos dos gêneros primários, tanto de forma oral
quanto escrita. Nas palavras do autor, os gêneros secundários “absorvem e
transmutam os gêneros primários”: “[...] o romance, o teatro, o discurso científico,
o discurso ideológico, etc.” (BAKHTIN, 1997, p. 281). Os folhetos para
agricultores, enquadrados como gênero de divulgação científica, são gêneros
secundários, pois originam-se de outros gêneros, como por exemplo, trabalhos
científicos, atendimento à propriedade rural, reuniões de equipe, etc.
Para o estudo de gêneros, Bakhtin (1997) propõe três elementos a serem
observados: conteúdo temático, estilo e construção composicional. O conteúdo
temático se refere à finalidade de dado gênero em sua esfera discursiva. O estilo
corresponde aos recursos linguísticos, como o léxico e as estruturas oracionais.
Por último, a construção composicional está relacionada à forma padrão.
Entre as noções apresentadas por Bakhtin (1997; 2016) sobre o estudo de
gêneros do discurso, há sua proposta de dialogismo. Conforme Barros (2007), a
concepção de dialogismo perpassa todas as obras do teórico russo.
Especialmente nas ciências humanas, “o objeto e o método são dialógicos”
(BARROS, 2007, p. 23). Dessa forma, quando estudamos textos, não o fazemos
como um objeto isolado, mas em relação ao contexto social, histórico e cultural,
tanto pelo diálogo entre os interlocutores quanto pelo diálogo entre os textos
(BARROS, 2007). Bakhtin (1997) salienta que um texto só existe em
correspondência com outros textos, isto é, com o contexto.
Devemos mencionar que Bakhtin, ao longo de suas obras, traz reflexões
acerca dos estudos linguísticos que o precederam, principalmente em relação a
Ferdinand de Saussure. Para Bakhtin (1997), esses estudos veem os indivíduos
envolvidos no discurso como representantes de processos ativos e passivos, em
que um é o sujeito que fala, e o outro é o que escuta. Entretanto, para o autor, o
sujeito ouvinte não está em uma posição de passividade, e sim em “uma atitude
responsiva ativa” (BAKHTIN, 1997, p. 290), mesmo que essa resposta ocorra
após algum tempo, como é o caso dos discursos escritos.
Essa perspectiva a respeito do discurso, permite-nos compreender a
relação entre locutor e interlocutor. Segundo Volóchinov (2017), para que a
interação ocorra, são necessários dois sujeitos organizados socialmente. Assim,