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O GÊNERO DO DISCURSO FOLHETOS PARA AGRICULTORES
FAMILIARES: ACESSIBILIDADE TEXTUAL COMO RELAÇÃO DIALÓGICA
1
The speech genre Leaflets for family farmers: textual accessibility as a dialogical
relation
GISELLE
LIANA FETTER
2
RESUMO: Baseado nos pressupostos de
Bakhtin, este trabalho apresenta reflexões
sobre Acessibilidade Textual como prática
dialógica para construção do
conhecimento. Entende-se como
Acessibilidade Textual a adequação de
textos escritos em linguagem apropriada
às competências dos leitores-alvo. A partir
da análise do gênero de divulgação
científica Folhetos para agricultores
familiares textos divulgativos de
agropecuária , objetiva-se demonstrar a
interação entre divulgador e leitor e sua
relevância para concepção de textos
acessíveis, especialmente leitores de
escolaridade limitada. Observou-se que
contextos sociais distintos implicados na
produção desses textos. Assim, propõe-se
que a adequação dos folhetos para
linguagem acessível deve considerar o
agricultor familiar.
PALAVRAS-CHAVE: Gêneros do
discurso. Dialogismo. Acessibilidade
textual.
ABSTRACT: Based on Bakhtin’s
assumptions, this paper presents
reflections about Textual Accessibility as a
dialogical activity for the construction of
knowledge. Textual Accessibility is
understood as the suitability of written texts
in an adequate language according to
readers’ competences. From the analysis
of the genre of scientific divulgation
Leaflets for family farmers divulgative
texts about agriculture , it is intended to
demonstrate the interaction between the
science writer and the reader and its
relevance for the conception of accessible
texts, especially for readers of limited
schooling. It has been observed that there
are different social contexts implicated in
the production of these texts. Therefore, it
is proposed that the leaflets’ adequacy to
an accessible language needs to consider
the family farmer.
KEYWORDS: Speech genres. Dialogism.
Textual Accessibility.
FETTER, G. L. O gênero do discurso Folhetos para agricultores familiares:
acessibilidade textual como relação dialógica. In. Revista Diálogos, v. 7, n. 3,
out.-dez., 2019.
1
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
2
Doutoranda em Linguística da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e
Bolsista da CAPES.
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INTRODUÇÃO
Os gêneros de divulgação científica correspondem a textos em linguagem
não especializada que buscam fornecer as descobertas da ciência de maneira
acessível para um grande número de pessoas. Tais textos devem evitar o uso de
linguagem estritamente científica, ou seja, evitar o uso de tecnicismos específicos
do campo de estudos do qual o texto provém.
Bakhtin (2016), em seu escrito O texto na linguística, na filologia e em
outras ciências humanas: um experimento de análise filosófica, afirma que
qualquer sistema de signos pode ser traduzido para outros signos, inclusive,
sistemas convencionados. Essa ideia de tradução para outros signos trazida
pelo autor assemelha-se à proposta da Análise do Discurso da Divulgação
Científica (ADDC
3
), porém, nessa abordagem, os pesquisadores denominam esse
processo de recontextualização, como veremos na fundamentação teórica deste
trabalho. Conforme essa abordagem, baseada, entre outros, nos pressupostos de
Bakhtin
4
, os textos de divulgação científica tratam da transmissão de
conhecimentos da ciência em uma linguagem simplificada para um público
variado com pouca exposição à linguagem científica (CASSANY; MARTÍ, 1998),
permitindo a compreensão desses textos. Para Bakhtin (2016), a compreensão é
o ponto de partida para qualquer estudo que envolva um sistema de signos.
Oferecer textos adequados aos agricultores familiares é o principal objetivo
de nossos estudos sobre acessibilidade textual (FETTER, 2017; 2018), pois
entendemos que a informação deve estar ao alcance de todos. A Acessibilidade
Textual, como concebemos em nossas pesquisas, trata da adequação de textos
escritos em uma linguagem apropriada às competências de seus leitores-alvo. Em
outras palavras, textos em uma linguagem acessível são aqueles em que o léxico,
as estruturas oracionais e a estrutura composicional (padrões de organização e
distribuição do texto) condizem com o leitor ao qual se dirigem. No caso dos
gêneros de divulgação científica, os estudos em Acessibilidade Textual colaboram
3
Para fins de didatizarmos esse modelo teórico, denominaremos doravante, neste trabalho, a
Análise do Discurso da Divulgação Científica de ADDC.
4
O escrito de Bakhtin utilizado como base para a ADDC foi El problema de los géneros
discursivos, da obra Estética de la creación verbal publicada em 1979.
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com a propagação de descobertas científicas, favorecendo a compreensão de
textos, especialmente, por leitores com baixa escolaridade.
Os folhetos para agricultores familiares têm por objetivo divulgar
informações referentes a técnicas agropecuárias que colaborem com o trabalho
no campo, bem como que promovam a sustentabilidade e a segurança alimentar.
Esses folhetos são produzidos pela Associação Riograndense de
Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (doravante
denominada EMATER/RS). Cabe ressaltar que a motivação da autora em estudar
esses folhetos parte de sua experiência de oito anos como empregada dessa
instituição.
Para o presente trabalho, partimos dos resultados alcançados em pesquisa
anterior sobre os folhetos para agricultores familiares (FETTER, 2017), em que
observamos o alto índice de terminologia e de estruturas oracionais complexas
para leitores de escolaridade limitada, e propomos, neste artigo, uma discussão
acerca desses folhetos como texto de divulgação científica, conforme apontado
pela ADDC, e como gênero de discurso dialógico com base na perspectiva de
Bakhtin sobre gênero do discurso em que interagem o agricultor familiar leitor-
alvo dos folhetos e o extensionista rural divulgador
5
.
Este trabalho se divide, além desta Introdução, em três seções. A segunda
seção, a seguir, corresponde à fundamentação teórica, em que discorreremos
sobre as concepções de Bakhtin a respeito de gêneros do discurso e suas
relações dialógicas, como também sobre os pressupostos da ADDC sobre os
gêneros de divulgação científica. Na terceira seção, apresentaremos o gênero
Folhetos para agricultores familiares e traremos reflexões acerca da
acessibilidade textual como relação dialógica. Por fim, na última seção,
apresentaremos algumas considerações a respeito do gênero em questão e do
desenvolvimento desta pesquisa.
5
Utilizaremos esse termo em referência a linguistas, jornalistas, publicitários e profissionais em
geral que lidam diretamente com a produção e escrita de gêneros de divulgação científica.
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os pressupostos teóricos discutidos, nesta seção, partem dos estudos do
teórico russo Mikhail Bakhtin sobre a concepção de gêneros do discurso e a
relação dialógica neles presente. Além disso, apresentamos também a ADDC
que, como mencionamos na Introdução, tem por base as perspectivas de Bakhtin,
e que compreende os gêneros de divulgação científica como um processo de
interação entre leitores e divulgadores.
2.1. Gêneros do discurso
Iniciamos essa fundamentação teórica com o conceito de gênero do
discurso trazido por Bakhtin (1997, p. 279): “Qualquer enunciado considerado
isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora
seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos
gêneros do discurso”. Segundo o autor, os gêneros do discurso possuem uma
ilimitada variedade, que se justifica pela também vasta variedade de atividades
humanas vinculadas à utilização da língua. A partir dessa concepção, podemos
compreender que a utilização da língua se dá por meio de enunciados e está
condicionada aos domínios da atividade humana. Para o autor, os enunciados
são “a unidade real da comunicação verbal” (BAKHTIN, 1997, p. 293), ou seja,
através dos enunciados, podemos observar as especificações de cada um dos
domínios que circundam a sociedade como um todo. O enunciado, aponta
Bakhtin (1997), é de caráter individual, pois representa o estilo daquele que
escreve/fala. os gêneros do discurso não podem ser vistos, em sua totalidade,
como um estilo individual, pois muitos são produtos de uma relação formal que
não viabiliza o aspecto individual do enunciado.
Bakhtin (1997) classifica os gêneros do discurso de duas maneiras:
gêneros primários e gêneros secundários. Os gêneros primários são classificados
como simples, segundo o autor, são gêneros presentes na vida cotidiana:
“linguagem das reuniões sociais, dos círculos, linguagem familiar, cotidiana,
linguagem sociopolítica, filosófica, etc. (BAKHTIN, 1997, p. 285). Os gêneros
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secundários são aqueles oriundos dos gêneros primários, tanto de forma oral
quanto escrita. Nas palavras do autor, os gêneros secundários “absorvem e
transmutam os gêneros primários”: “[...] o romance, o teatro, o discurso científico,
o discurso ideológico, etc.” (BAKHTIN, 1997, p. 281). Os folhetos para
agricultores, enquadrados como gênero de divulgação científica, são gêneros
secundários, pois originam-se de outros gêneros, como por exemplo, trabalhos
científicos, atendimento à propriedade rural, reuniões de equipe, etc.
Para o estudo de gêneros, Bakhtin (1997) propõe três elementos a serem
observados: conteúdo temático, estilo e construção composicional. O conteúdo
temático se refere à finalidade de dado gênero em sua esfera discursiva. O estilo
corresponde aos recursos linguísticos, como o léxico e as estruturas oracionais.
Por último, a construção composicional está relacionada à forma padrão.
Entre as noções apresentadas por Bakhtin (1997; 2016) sobre o estudo de
gêneros do discurso, sua proposta de dialogismo. Conforme Barros (2007), a
concepção de dialogismo perpassa todas as obras do teórico russo.
Especialmente nas ciências humanas, “o objeto e o método são dialógicos”
(BARROS, 2007, p. 23). Dessa forma, quando estudamos textos, não o fazemos
como um objeto isolado, mas em relação ao contexto social, histórico e cultural,
tanto pelo diálogo entre os interlocutores quanto pelo diálogo entre os textos
(BARROS, 2007). Bakhtin (1997) salienta que um texto existe em
correspondência com outros textos, isto é, com o contexto.
Devemos mencionar que Bakhtin, ao longo de suas obras, traz reflexões
acerca dos estudos linguísticos que o precederam, principalmente em relação a
Ferdinand de Saussure. Para Bakhtin (1997), esses estudos veem os indivíduos
envolvidos no discurso como representantes de processos ativos e passivos, em
que um é o sujeito que fala, e o outro é o que escuta. Entretanto, para o autor, o
sujeito ouvinte não está em uma posição de passividade, e sim em “uma atitude
responsiva ativa” (BAKHTIN, 1997, p. 290), mesmo que essa resposta ocorra
após algum tempo, como é o caso dos discursos escritos.
Essa perspectiva a respeito do discurso, permite-nos compreender a
relação entre locutor e interlocutor. Segundo Volóchinov (2017), para que a
interação ocorra, o necessários dois sujeitos organizados socialmente. Assim,
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o locutor responsável pela enunciação e o interlocutor para quem a
palavra é dirigida. Como explica Sobral (2010), o texto origina sentidos que se
concretizam apenas pela interação entre os sujeitos. A partir dessa relação, a
compreensão responsiva ativa remete a atitude responsiva ativa citada por
Bakhtin (1997), em que o interlocutor responde de acordo com sua compreensão,
como podemos observar na citação a seguir:
Todo enunciado [...] comporta um começo absoluto e um fim
absoluto: antes de seu início, os enunciados dos outros, depois
de seu fim, os enunciados-respostas dos outros [...]. O locutor
termina seu enunciado para passar a palavra ao outro ou para dar
lugar à compreensão responsiva ativa do outro (BAKHTIN, 1997,
p. 294).
Bakhtin (1997) apresenta três fatores relacionados ao enunciado: o
tratamento exaustivo do objeto do sentido (tema); o intuito; e as formas típicas de
estruturação do gênero do acabamento. O tratamento exaustivo está relacionado
à abordagem e à delimitação do assunto, isto é, o quão padronizado pode ser o
discurso. Porém, também os gêneros em que o tratamento exaustivo é
relativo, que permitem o uso da criatividade de seu locutor. A intenção do locutor
o intuito , por sua vez, está subordinado ao tratamento exaustivo, visto que os
gêneros do discurso possuem características estruturadas que delimitam o
querer-dizer do locutor. Por último, as formas típicas de estruturação, que
estão relacionadas à escolha de um gênero, “determinada em função da
especificidade de uma dada esfera da comunicação verbal, das necessidades de
uma temática (do objeto do sentido), do conjunto constituído dos parceiros, etc.”
(BAKHTIN, 1997, p. 301).
Conforme Bakhtin (1997), nosso discurso organiza-se em função dos
gêneros, mas também da palavra do outro. Por conseguinte, podemos delimitar o
tema, nossas intenções, a estrutura de nossas enunciações, todos esses
aspectos em uma relação dialógica. Como demonstra Sobral (2010, p. 11, grifo do
autor):
O texto é um conjunto de potenciais de sentidos, realizados
apenas na instauração do discurso; o discurso vem de alguém e
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dirige-se a alguém [...], ao mesmo tempo em que remete a uma
compreensão responsiva ativa da parte do seu interlocutor típico
nos termos do gênero no qual se insere.
Partindo dessas breves concepções a respeito de gêneros do discurso
propostas por Bakhtin, há a questão do domínio da língua trazida pelo autor.
Como demonstraremos na seção A relação dialógica e a acessibilidade textual
dos folhetos para agricultores familiares, verificamos que os extensionistas rurais
dominam a linguagem científica, mas desconhecem a linguagem dos gêneros de
divulgação científica. Segundo Bakhtin (1997), muitas pessoas dominam sua
língua, porém, desconhecem as formas de um gênero. Mesmo dentro de sua
esfera comunicativa, essas pessoas não possuem facilidade para saber o
“momento certo, de começar e terminar no tempo correto” (BAKHTIN, 1997, p.
304). Através do domínio dos gêneros, é que Bakhtin defende a capacidade de
sabermos refletir sobre nosso discurso.
2.2. Análise do Discurso da Divulgação Científica
A abordagem discursiva, conforme aponta Calsamiglia (2008), contribui
para a compreensão dos processos de produção dos textos de divulgação
científica, pois, a partir dela, podemos estudar os diversos elementos que estão
envolvidos em um texto, especialmente em relação aos participantes desses
processos. Assim, ao trazer essa abordagem, a autora explica que podemos
observar, na divulgação científica, uma interação comunicativa entre o discurso
científico e a divulgação da ciência para o público geral.
O discurso científico é caracterizado, principalmente, pela presença de
terminologia especializada e pelo uso de padrões linguísticos estruturas
oracionais próprios da linguagem da ciência. Essa linguagem circula através de
gêneros de discurso determinados pelas instituições de pesquisa artigos, teses,
comunicações orais para a disseminação do conhecimento. Por apresentar tais
características, o discurso científico pode ser considerado complexo para pessoas
que não pertencem a instituições de pesquisa e que, além disso, possuem
escolaridade limitada. Por essa razão, Calsamiglia (2008) afirma que os
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divulgadores devem compreender as especificidades do discurso científico e
conhecer o público-alvo desses gêneros para que seja possível construir uma
linguagem mais acessível.
A ADDC, a partir de uma perspectiva mais pragmática e discursiva, propõe
denominar o processo de simplificação de textos de linguagem científica de
(CALSAMIGLIA; CASSANY, 1999) textos de linguagem científica de
recontextualização. O modelo de recontextualização faz parte do projeto Análise
do discurso da divulgação científica sob coordenação de Helena Calsamiglia da
Universidade Pompeu Fabra, na Espanha. O modelo propõe que a linguagem dos
textos científicos, que possui um alto vel cnico e formal, seja uma
reconstrução para uma linguagem mais familiar ao público em geral, em outras
palavras, em uma linguagem que considere seu interlocutor.
Os gêneros de divulgação científica são reconhecidos como um espaço em
que se encontram especialistas e não especialistas; é um espaço “interativo”
(CALSAMIGLIA, 2008, p. 75). Nesse processo social, conforme explica
Calsamiglia e Van Dijk (2004), estão envolvidos diversos participantes
pesquisadores, jornalistas, blico em geral, etc. , e seus propósitos, bem como
a importância da propagação de pesquisas para toda a sociedade.
Os divulgadores participam, segundo Calsamiglia e Van Dijk (2004),
ativamente na recontextualização, pois, além de adaptar a linguagem científica
para uma linguagem comum ao público, eles também podem suprimir ou incluir
informações que julguem serem apropriadas a cada gênero. Podemos encontrar,
a respeito dessa última questão, muitas críticas que partem das instituições
científicas sobre os gêneros de divulgação científica serem uma “deformação” do
discurso da ciência (CHARAUDEAU, 2016, p. 544). Contudo, a
recontextualização que propomos dos folhetos para agricultores familiares trata
da interação entre todos os agentes envolvidos no processo de produção desses
materiais, evitando, assim, desprestigiar o trabalho dos extensionistas rurais.
Para a recontextualização, o modelo em foco estabelece estratégias
divulgativas, que se tratam de recursos para tornar o texto de divulgação científica
mais acessível a seu público. Segundo Cassany e Martí (1998), as estratégias
correspondem à escolha de léxico, à organização de informações e ao tratamento
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tipográfico, porém, cabe ao divulgador decidir sobre a aplicação dessas
estratégias. Os autores ressaltam que essas estratégias são específicas da
divulgação científica, que busca empregar recursos linguísticos comuns ao
cotidiano do público em geral, de forma que o conteúdo científico seja
compreendido nos mais variados contextos sociais. Dessa forma, de acordo com
o modelo, a divulgação científica não é representada como uma hierarquia, em
que os cientistas estariam no topo e o público na base, ela é concebida como um
“circuito de saber” (CALSAMIGLIA; CASSANY, 1999, p. 175). Em outras palavras,
os gêneros de divulgação científica interagem com o interlocutor e seu contexto,
além de provocar a capacidade crítica dos indivíduos em relação às descobertas
da ciência.
Nos gêneros de divulgação científica, segundo Calsamiglia e Cassany
(1999), um intercâmbio comunicativo, ou seja, uma interação. O divulgador se
encarrega de difundir conhecimentos do discurso primário conhecimento
científico para o discurso secundário a divulgação. Assim como nas
concepções de Bakhtin (1997) sobre gênero do discurso, Calsamiglia e Cassany
(1999, p. 175) estabelecem que o divulgador, em seu domínio de gênero de
divulgação científica, deve saber encontrar “o ponto de equilíbrio” de maneira que
o texto esteja adequado a esse gênero. Como descrevemos anteriormente sobre
os folhetos para agricultores familiares, os gêneros de divulgação científica não
estão desvinculados dos indivíduos ou de seus interesses, “pelo contrário, [são] o
resultado da negociação entre seus interlocutores” (CASSANY; LÓPEZ; MARTÍ,
2000, p. 3).
A partir dessa perspectiva defendida pela ADDC, de que devemos
considerar o interlocutor para produção dos gêneros de divulgação científica, e
dos estudos de Bakhtin (1997; 2016) acerca dos gêneros do discurso,
apresentamos, a seguir, o gênero do discurso Folhetos para agricultores
familiares.
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3. A RELAÇÃO DIALÓGICA E A ACESSIBILIDADE TEXTUAL DOS
FOLHETOS PARA AGRICULTORES FAMILIARES
A EMATER/RS é uma instituição de referência para a extensão rural do Rio
Grande do Sul. Ela atua pelo Estado do Rio Grande do Sul em 493 municípios,
através de seus escritórios municipais, doze escritórios regionais e o escritório
central na capital de Porto Alegre. Utilizamos uma amostra de 30 folhetos
produzidos entre os anos de 2011 e 2015. Abaixo, apresentamos, na Figura, um
exemplo de folheto da amostra.
Figura 1 Folheto Pomar Doméstico
Fonte: EMATER-RS/ASCAR, 2014.
Os gêneros de divulgação científica, como os folhetos para agricultores
familiares, buscam propagar o conhecimento em uma linguagem acessível e,
portanto, afastam-se do discurso científico e aproximam-se de seu interlocutor. A
EMATER/RS presta serviços de extensão rural a milhares de famílias rurais, o
que exige demasiado tempo e dedicação dos extensionistas. Por essa razão, os
folhetos são um meio de se aproximar dos agricultores familiares, de maneira que
o trabalho desses extensionistas seja complementado pelos folhetos. Contudo,
observamos que os enunciados remetem ao discurso científico, tanto em relação
à terminologia empregada quanto às estruturas oracionais.
Tendo em vista os estudos sobre gêneros do discurso de Bakhtin (1997;
2016) e, mais especificamente, da noção de compreensão responsiva ativa,
podemos observar que, nos folhetos para agricultores familiares, uma vez que
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eles são considerados complexos para seus leitores como demonstramos em
pesquisas anteriores (FETTER, 2017; 2018) , não há, em tese, sua completa
compreensão. Consequentemente, eles deixam de ser efetivos e de cumprir seu
objetivo: divulgar cnicas e práticas agropecuárias. Assim, considerando ainda
que os folhetos se caracterizam como um dos meios de propagar os serviços de
extensão rural, ou seja, como um meio de comunicação com os agricultores
familiares, se a compreensão responsiva ativa, mesmo em sua ação retardada,
não ocorre, vemos que não há uma recontextualização adequada aos leitores.
Segundo Bakhtin (2016, p. 74), “cada texto pressupõe um sistema
universalmente aceito de signos, uma linguagem”. Esse sistema diz respeito ao
que é convencional em um certo grupo. Os extensionistas rurais fazem uso de
uma linguagem que é comum a eles a linguagem científica advinda de sua
formação acadêmica e propagada nas instituições em que trabalham. Os
agricultores familiares, por sua vez, fazem uso de uma linguagem própria de seu
meio, que não é acadêmico per se, que não se trata de um campo
propriamente científico como estabelecido em nossa sociedade, mas que advém
de conhecimentos adquiridos na prática diária de suas atividades na zona rural e
consagrado ao longo do tempo. Os folhetos destinados aos agricultores
familiares, como observamos, possuem uma linguagem que não é adequada a
esse interlocutor, ou seja, esses materiais não contemplam a prerrogativa de
Bakhtin (2016, p. 74) a respeito do “sistema universalmente aceito”, visto que a
linguagem utilizada é considerada complexa para esse grupo de leitores. Assim, o
que vemos nos folhetos é a representação do discurso científico, que circunda a
vivência dos extensionistas rurais.
Conforme Calsamiglia (2008), diferenças entre a maneira como
cientistas e público percebem os gêneros de divulgação científica. Os cientistas
preocupam-se com o objeto de estudo, enquanto o público prefere saber sobre as
aplicações, sobre os resultados. Por isso, certa preocupação, por parte dos
cientistas, de que os gêneros de divulgação científica apresentem informações
imprecisas. Essa preocupação também ocorre na EMATER/RS, delegando-se a
elaboração dos folhetos apenas aos extensionistas rurais. Na instituição,
trabalham também jornalistas e uma revisora de textos, que concentram seus
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trabalhos, respectivamente, na produção de notícias para televisão, rádio e
jornais, e na revisão gramatical e ortográfica dos materiais produzidos. Vemos
que não conscientização, por parte dos extensionistas rurais, em considerar o
conhecimento linguístico de outros profissionais que poderiam colaborar para a
produção dos folhetos. Podemos observar, nesse caso, a tendência apresentada
por Bakhtin (2016) de que os gêneros científicos tendem a ser monológicos.
Quando trazemos a afirmação, apresentada por Bakhtin (2016), de que
uma tendência de os gêneros científicos serem monológicos, queremos destacar
o uso da palavra “tendência”, ou seja, essa característica não se estende,
necessariamente, a todos os textos científicos. Contudo, no caso dos folhetos
para agricultores familiares, percebemos que o discurso que predomina é o do
extensionista rural, que não percebe a influência do agricultor familiar na
produção daquele discurso. Dessa forma, como afirma Bakhtin (2016, p. 92), o
discurso monológico é visto como um discurso “que não se dirige a ninguém e
não pressupõe resposta”.
Ao ponderarmos sobre a afirmação de Bakhtin (2016) a respeito da
influência do ouvinte e de seu discurso nos gêneros, podemos afirmar que não
há, nos folhetos, a incorporação direta do discurso e dos saberes do agricultor
familiar, pois o discurso que pondera é científico e menos acessível para esse
leitor. Esse estilo está padronizado na EMATER/RS, propagando uma linguagem
inadequada a seus leitores. O que observamos é a falta de domínio desse
nero. Como explica Bakhtin (1997), ao dominarmos uma linguagem, um
gênero, é que somos capazes de refletir sobre nosso discurso. A percepção que
temos é de que os extensionistas rurais dominam o discurso científico, com o qual
estão habituados, mas não dominam o discurso dos agricultores familiares e,
consequentemente, elaboram os folhetos com linguagem complexa a esse
público.
Essa complexidade pode estar relacionada ao fato de os folhetos para
agricultores familiares serem produzidos com base em um padrão de formatação
que os caracteriza. Essa formatação dos folhetos corresponde tanto aos padrões
gráficos quanto às escolhas e aos recursos textuais empregados pelos
divulgadores. Observamos que essa padronização é aplicada a todos os folhetos
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da amostra, o que nos leva a supor que a instituição implementa aos
extensionistas rurais um padrão de folheto a ser seguido. Esse aspecto nos
demonstra que o tratamento exaustivo é delimitado, proporcionando pouca
criatividade ao extensionista rural. Apesar de o tratamento exaustivo dos folhetos
estar delimitado por uma padronização, percebemos que o intuito do extensionista
rural não está condicionado a essa padronização, mas à sua falta de habilidade
em recontextualizar o discurso científico.
Conforme a ADDC, dentre as estratégias divulgativas para elaboração de
gêneros de divulgação científica estão as escolhas que podem ser feitas em
relação ao léxico e às estruturas oracionais. Da mesma forma, Bakhtin (1997)
trata das escolhas de determinados tipos de orações com base nas intenções do
autor e no gênero ao qual está vinculado. Assim, os extensionistas rurais, por não
dominarem o gênero de acordo com o discurso dos agricultores familiares, fazem
escolhas linguísticas que não são adequadas à função do folheto.
Dentre alguns indicativos sobre as escolhas dos extensionistas rurais que
podemos citar, baseados em pesquisa anterior (FETTER, 2017), estão as orações
imperativas. Esse tipo de oração teve um alto índice de ocorrência na amostra.
No caso dos folhetos, que possuem um enfoque informativo, o uso de orações
imperativas demonstra que os extensionistas rurais utilizam uma linguagem mais
voltada para comandos do que para recomendações. Esse é outro fator sobre as
orações imperativas que denota complexidade (LASSEN, 2013). Ao se deparar
com esse tipo de oração, o leitor, em tese, não possuiria convicção de como
reagir àquela estrutura, ou seja, não saberia determinar se ela corresponderia a
um comando ou a um conselho. De um modo geral, observamos que os folhetos
impõem as técnicas apresentadas ao agricultor familiar, de certa maneira,
persuadindo-o. Nesse ponto, percebemos o caráter dominante do discurso
científico dos folhetos, em que as orações imperativas correspondem a
comandos, que posicionam o agricultor em uma relação hierarquizada.
Nos folhetos da amostra, também verificamos a ausência de sequência
narrativa. Segundo a ADDC, as sequências narrativas são estratégias linguísticas
que servem para explicar sobre um conhecimento científico com escolhas típicas
dos gêneros narrativos, que geralmente fazem parte do cotidiano dos leitores e
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atraem para a leitura. Identificamos, no folheto exemplificado, a presença da
sequência: “A tendência em todo o mundo é por uma procura cada vez maior por
alimentos naturais” (EMATER/RS, 2014). Nessa sentença, a afirmação de que
uma “tendência em todo o mundo” chama a atenção do leitor para as informações
que virão em seguida.
Podemos verificar, a partir do folheto da Figura 1, alguns aspectos em
relação ao assunto nele tratado. Vários folhetos abordam temas de grande
amplitude dentre as cnicas e práticas agropecuárias. O folheto Pomar
Doméstico, por exemplo, traz informações tanto nutricionais quanto sobre o
cultivo de frutas. Ao considerarmos a variedade de frutas que podem ser
cultivadas e as escolhas de questões abordadas a respeito, verificamos que as
informações são demasiadamente sucintas. Se pensarmos no agricultor familiar
como trabalhador rural que se dedica a qualquer cultivo ou produção de maneira
ampla e aprofundada, percebemos que um folheto com essa variedade de
informações pode tornar-se menos efetivo na explicação de cnicas que
colaborem com o trabalho no campo, pois não focaliza em um único tipo de
cultivo. Os folhetos são um meio de comunicação, como mencionamos, que
complementam o atendimento do extensionista rural às famílias rurais, que nem
sempre pode ser executado presencialmente. Por isso, esses materiais precisam
apresentar informações que, muitas vezes, não o possíveis de serem tratadas
nas visitas às propriedades rurais.
Outra questão observada sobre a variedade de informações no folheto
Pomar Doméstico é o subtítulo Valor Nutricional, que menciona o fato de as frutas
serem ricas “em vitaminas e minerais”. O objetivo desse folheto é fornecer
algumas instruções a respeito do plantio de um pomar. A afirmação a respeito dos
nutrientes das frutas não tem relação com o restante do folheto. O interlocutor é o
agricultor familiar - trabalhador interessado no cultivo como forma de renda , que
acessa os folhetos para conhecer técnicas que proporcionem o aumento e a
sustentabilidade de sua produção. Percebemos que as informações nutricionais
de frutas e hortaliças seriam mais apropriadas em um folheto voltado para o
consumo desses alimentos. Assim, entendemos que a estrutura composicional
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dos folhetos também precisa ser recontextualizada para que eles sirvam como
recurso de consulta sobre as práticas do campo.
Devemos considerar também que muitos agricultores familiares, que
buscam esclarecimentos sobre algum tema, não têm habilidades para certo tipo
de prática e, por isso, recorrem aos folhetos. Se esse gênero não apresenta
informações suficientes e, além disso, emprega poucas estratégias linguísticas
que favoreçam a acessibilidade textual, a compreensão fica limitada apenas aos
agricultores que possuem mais conhecimento sobre dada prática. Dessa forma,
os folhetos, que deveriam divulgar sobre as técnicas agropecuárias, passam a
cumprir somente uma função ilustrativa.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos, neste artigo, algumas reflexões sobre as relações
dialógicas que devem ser consideradas para a acessibilidade textual dos folhetos
para agricultores familiares. Demonstramos que a acessibilidade textual só ocorre
se pensarmos no interlocutor. A recontextualização dos folhetos propõe aproximar
os extensionistas rurais dos agricultores familiares de forma que tenhamos uma
linguagem na qual locutores e interlocutores se identifiquem.
Conforme a ADDC, os gêneros de divulgação científica se configuram
como uma reelaboração ou, para usar termos dessa abordagem, ele é uma
recontextualização da linguagem científica. Contudo, os folhetos, apesar de
serem considerados um gênero de divulgação científica, possuem uma relação
muito próxima aos textos científicos, configurando-os como pouco acessíveis para
o agricultor familiar, que geralmente é um leitor de escolaridade limitada.
Podemos considerar que a complexidade dos folhetos pode estar
relacionada com a vivência dos extensionistas rurais. Esses divulgadores
possuem formação estritamente científica e pouca familiaridade com os gêneros
de divulgação científica, visto que o acesso a esses gêneros é bastante limitado
dentro das instituições acadêmicas. Além disso, o desconhecimento de tais
gêneros impossibilita os extensionistas rurais de considerar a importância da
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acessibilidade textual dos folhetos, pois, possivelmente, entendem que o discurso
apropriado é o da ciência.
Observamos alguns aspectos que tornam o texto mais complexo. Entre
eles, estão o uso de orações imperativas, a ausência de sequências narrativas e
a extensão dos folhetos em relação à técnica agropecuária apresentada. Tal fator
não nos possibilitou observar as formas típicas dos gêneros de divulgação
científica, visto que a especificidade dos folhetos difere daquelas empregadas em
textos desse gênero. Assim, esses indicativos demonstram que os folhetos para
agricultores familiares precisam ser recontextualizados.
Demonstramos, através dessas reflexões, que temos contextos sociais
diferentes envolvidos nos folhetos. Por se tratar de um gênero de divulgação
científica, entendemos que a recontextualização desses folhetos esta
adequada a seus leitores, se os extensionistas rurais conhecerem as estratégias
apropriadas para esse tipo de texto e, especialmente, considerarem o contexto do
agricultor familiar. Por essa razão, pretendemos, no desenvolvimento deste artigo,
considerar o agricultor familiar com base em estudos sobre compreensão leitora
e, consequentemente, propor a recontextualização dos folhetos para que estes
estejam adequados a seus leitores.
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