de linguagem exterior ou interior) não pode, em nenhum caso, ser atribuída a um
sujeito individual considerado isoladamente”.
De acordo com Barros (2005), Bakhtin insiste na questão da variação
linguística, funcional, discursiva, facetas da heterologia ou pluridiscursividade, que
para ele são características do discurso. Ele se preocupa com a diversidade de
vozes, das línguas e dos tipos discursivos.
O termo heterologia, embora em princípio se aplique à diversidade
de tipos discursivos, é empregado, muitas vezes, nos escritos de
Bakhtin, para a diversidade em geral dos diferentes elementos
que caracterizam o discurso: de gênero (tipos discursivos), de
profissão, de camada social, de idade e de região (dialetos).
Todos esses elementos de variação devem ser considerados
quando se pensa em comunicação verbal entre seres humanos.
(BARROS, 2005, p.30/31)
Os estudos a respeito da interação verbal estão relacionados a uma
proposta mais “humanizante” da comunicação. Na perspectiva de Bakhtin, o
termo mais indicado seria “sociologizante”. É a partir dessa visão que se
fundamenta a segunda concepção de Bakhtin a respeito do dialogismo: o diálogo
entre discursos. Para ele, o discurso não é individual porque é construído pelo
menos por dois interlocutores, inseridos num âmbito social. É construído como um
diálogo entre discursos, já que mantém relações com outros discursos.
Três pontos devem ser esclarecidos: em primeiro lugar é preciso
observar que as relações do discurso com a enunciação, com o
contexto sócio-histórico ou com o “outro” são, para Bakhtin,
relações entre discursos-enunciados; o segundo esclarecimento é
o de que o dialogismo tal como foi concebido define o texto como
um “tecido de muitas vozes” ou de muitos textos ou discursos, que
se entrecruzam, se completam, respondem umas às outras ou
polemizam entre si no interior do texto; a terceira e última
observação é sobre o caráter ideológico dos discursos assim
definidos. (BARROS, 2005, p.33)
O dialogismo é uma interação constante entre os diversos discursos que
fazem parte de uma sociedade, uma comunidade, uma cultura. Na linguagem,
dialógica e complexa, as relações dialógicas dos discursos são expressas
historicamente através do seu uso. A palavra é sempre atravessada pela palavra