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Relendo Bakhtin, v.7, n. 3, out.
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AUTORIA E RESPONSIVIDADE DE JESUS CRISTO EM “A PARÁBOLA DO
SEMEADOR” A PARTIR DA ESCRITURA DO EVANGELISTA MATEUS
Authorship and responsieness of Jesus Christ in "The parable of the sower" from
the scripture of the Matthew evangelist
WILDER KLEBER FERNANDES DE SANTANA
1
RESUMO: Este trabalho especifica como
objeto de análise algumas enunciações de
Jesus Cristo presentes no relato do
evangelista Mateus, capítulo 13 (edição
Almeida Clássica (2012) blia de Estudo
DAKE). Com base nos estudos
bakhtinianos, realizamos a análise
discursiva a partir de duas categorias:
autoria e responsividade. Tratamos,
também, do conceito de escritura, tendo
em vista os postulados de Barthes e
Boterró y otros. É uma análise de cunho
bibliográfico, em que os resultados
demonstram que o sujeito enunciativo
ocupa lugar em determinado espaço
social, incidindo sobre a constituição de
uma forma de subjetividade autor no
processo de enunciação.
PALAVRAS-CHAVE: Autoria.
Responsividade. Jesus Cristo.
ABSTRACT: This paper specifies as
object of analysis some statements of
Jesus Christ present in the account of the
evangelist Matthew, chapter 13 (DAKE
Bible Study). Based on the Bakhtinian
studies, we conducted the discursive
analysis from two categories: authorship
and responsiveness. We also deal with
the concept of writing, in view of the
postulates of Barthes and Boterró et al. It
is a bibliographical analysis, in which the
results demonstrate that the enunciative
subject occupies place in a certain social
space, focusing on the constitution of a
form of subjectivity - author - in the
process of enunciation.
KEYWORDS: Authorship.
Responsiveness. Jesus Christ.
SANTANA, W. K. F. de. Autoria e responsividade de Jesus Cristo em “A parábola
do semeador” a partir da escritura do evangelista Mateus. In. Revista Diálogos,
v. 7, n. 3, out.-dez., 2019.
1
Doutorando em Linguística (Proling - UFPB, 2018); Mestre em Linguística (Proling - UFPB,
2016); Mestre em Teologia (Faculdade Teológica Nacional, 2016); Mestrando em Arqueologia
Bíblica (Faculdade Teológica Nacional, 2017); Especialista em Gestão da Educação
Municipal (UFPB, 2017). Poeta e Escritor Paraibano. wildersantana92@gmail.com
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INTRODUÇÃO
O presente artigo delimita como objeto de estudo as enunciações de
Jesus Cristo na Parábola do Semeador (seu dirigir-se a outros), a partir da
escritura do evangelista Mateus, registrada na edição Almeida Clássica (2012)
Bíblia de Estudo DAKE. A escolha dessa edição bíblica deve-se à presença de
comentários, atlas, concordâncias e outras produções extra-bíblicas pertinentes à
composição de suas notas explicativas, oferecendo, assim, fundamentos para
esta proposta de estudo. O corpus constitui-se de 20 (vinte) versículos bíblicos
relatados por Mateus em seu evangelho acerca de palavras de Jesus. Trata-se,
portanto de uma produção de cunho qualitativo-interpretativo.
Daremos visibilidade analítica aos fenômenos da autoria e da
responsividade, o primeiro consistindo em um modo particular da relação entre
sujeito e linguagem, concebida aqui numa perspectiva enunciativa. Nos termos de
Francelino (2007), esse tipo de abordagem permite-nos apreender a relação
sujeito-linguagem no processo de enunciação, observando-se os procedimentos
de formulação do discurso no processo de tessitura e não apenas no enunciado
acabado (produto deste ato). Desse modo, nosso olhar estará para além das
posições sócio-historicamente pré-determinadas que o sujeito ocupa em
determinado espaço social, incidindo sobre a constituição de uma forma de
subjetividade autor no processo de enunciação.
A responsividade, por sua vez, é uma categoria utilizada por Bakhtin (1993
[1924]), inicialmente acerca do Ato e dos atos humanos [em processo], e sobre
sua linguagem e seus meios de diálogo vivo, a qual classifica como necessária à
condição concreta da vida. Consiste no agir ético em que o sujeito se
responsabiliza pelo que enuncia, projetando-se de forma clara ao(s) outro(s), e
deste modo se insere na história enquanto agente racionalmente ativo.
Nesse direcionamento, no discurso presente em “A parábola do
semeador”, cada elemento concludente se situa em zona fronteiriça com outros
elementos enunciados dialogicamente: “um ponto de vista a outro ponto de vista,
uma avaliação a outra avaliação, um acento a outro acento (e não como dois
fenômenos linguísticos abstratos).” (BAKHTIN, 2015, p. 99).
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Assim, os discursos que se encontram atravessados por diálogos alheios
não têm sentido único, mas seus sentidos múltiplos se concretizam através da
heterodiscursividade, ou a capacidade que os enunciados têm de se interligarem,
através de um processo de interpenetração. “Em cada momento concreto da
formação discursiva, os enunciados são estetificados em camadas
socioideológicas, ou seja, manifestam-se através da história e da memória
culturais (processo de estetificação).” (SANTANA, 2017, p. 237).
Objetivamos analisar os fenômenos da autoria e da responsividade em
alguns enunciados a fim de compreender como a escritura, fechada e hermética,
permite abertura (fluição semântica) no contato com o leitor, posto que este último
confere sentidos múltiplos ao texto, avaliando a arquitetônica, especificamente o
“conteúdo temático, o estilo e a construção composicional” (BAKHTIN, 2006, p.
262). Assim, pensando nesta escritura que permite a decifração e descoberta da
voz, e considerando que Zumthor (2007) trabalha com a proposição de duas teses
na sua composição e identificação, a voz constitui o lugar simbólico, o qual não
pode ser definido de outra forma que por uma relação, uma distância, uma
articulação entre o sujeito e o objeto, entre o objeto e o outro. A voz é um signo
inobjetivável. Desse modo, quando a percebemos, a voz estabelece ou
restabelece uma relação de alteridade, que funda a palavra do sujeito.
(ZUMTHOR, 2007).
Essa voz está vinculada à apresentação de uma nova possibilidade de
perspectiva autoral, ao observarmos de que forma esta se estabelece em
situações sociocomunicativas orais de uso da língua, como é o caso do gênero
exposição oral. De maneira idêntica, pretende-se afirmar a importância da
representação dialógico-discursiva do sujeito Jesus Cristo, enquanto autor de um
dizer, na medida em que este constitui o seu discurso por meio da interação com
os discursos de outrem (levando em consideração o(s) modo(s) de comunicação
alheio(s)).
A base teórica que fundamenta o nosso trabalho orientará a discussão e
análise, por um lado, na perspectiva de Barthes (1971) e Boterró y otros (1995),
acerca da noção de escritura, e, por outro lado, na abordagem da Teoria Dialógica
da Linguagem, formulada por Mikhail Bakhtin (1993 [1920-1924], 2006 [1979],
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2015 [1975], Volochínov (2017 [1929]) e seus interlocutores no cenário das
pesquisas desenvolvidas no Brasil. A Teoria Dialógica da Linguagem adquire
visibilidade num campo de investigação científica a partir de conceitos elaborados
no âmbito do pensamento do Círculo de Bakhtin e que alicerça a produção de
pesquisadores brasileiros, dentre eles, Brait (2012), Faraco (2009) Fiorin (2006),
Francelino (2013), Santana (2017), dentre outros.
Com base no exposto, selecionamos “A parábola do semeador”, proferida
por Jesus Cristo, quando estava assentado junto ao mar (Mt. 13. 1), a partir da
Escritura sinótica de Mateus. Analisamos como ocorrem os fenômenos da autoria
e da responsividade no ato discursivo de Jesus, em sua exposição oral sobre a
parábola do semeador, a partir do relato evangelístico mencionado.
1. BREVES INCURSÕES SOBRE O CONCEITO DE ESCRITURA
Barthes (1971) e Bottéro y otros (1995) elaboraram importantes conceitos
de escritura, ao longo da segunda metade do século XX. Na concepção de
Barthes (1971, p. 23), “entre a língua e o estilo, lugar para outra realidade
formal: a escritura.” É assim que existe “a escolha geral de um tom, de um ethos,
por assim dizer, e é precisamente nisso que o escritor se individualiza claramente
porque é nisso que ele se engaja”. (BARTHES, 1971, p. 23).
Ao refletir sobre a escritura desde a formação da inteligência na antiga
Mesopotâmia, Jean Bottéro (1995, p.15), que se debruça sobre os postulados de
J. Goody e de Lévi-Strauss, afirma que é necessário o caráter de abertura
semântica que o sujeito estabelece no contato com seu material “para avanzar en
la precisión y la capacidade de decir todo antes que limitar-se a rememorar; dicho
em ortos términos, para saltar de la mnemotécnica a la escritura...
2
” (1995, p. 15).
Nesse sentido,
A escritura é uma realidade ambígua: de um lado nasce
incontestavelmente de uma confrontação do escritor com a
sociedade; de outro lado, por uma espécie de transferência
2
Para avançar, com precisão e capacidade de dizer tudo, ao invés de limitar-se em lembranças.
Em outras palavras, para saltar da mnemotécnica da Escritura... (tradução nossa)
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mágica, ela remete o escritor, dessa finalidade social, para as
fontes instrumentais de sua criação. (BARTHES, 1971, p. 25).
Na linha interpretativa deste autor, as escrituras (e pode-se pensar nos
Evangelhos sinóticos), ainda que sejam diferentes, são comparáveis, pelo fato de
serem produzidas por um movimento idêntico, que é a reflexão do autor sobre “o
uso social da forma e a escolha que ele assume” (BARTHES, 1971, p. 24). Assim,
a escritura seria, em essência, um ato de escolha do escritor em que situa a
natureza de sua linguagem.
Dentre as três narrativas bíblicas sinóticas (Evangelho segundo Mateus,
Marcos e Lucas), optamos aqui por trabalhar com o relato de Mateus por ser esta
a narrativa mais ampla e explicativa (acerca dessa passagem), detalhada, a
conter enunciados que parecem proporcionar ao leitor maior compreensão no ato
da leitura. A escolha do escritor, para Barthes, “é uma escolha de consciência,
não de eficácia”. (BARTHES, 1971, p. 25). Adentrando nesse percurso seletivo,
podemos inferir que Barthes falava a partir de uma postura linguística pós-
estrutural.
Em abordagem discursiva, na ótica de Bakhtin, além de esses aspectos
nortearem um entorno de sentidos, “os tipos de discurso levam em conta
mudanças por culturas e épocas... seriam as condições de percepção do som, as
condições de identificação do signo, as condições da compreensão assimiladora
da palavra. (BAKHTIN, 2006, p. 369).
2. AUTORIA NA DIMENSÃO LINGUÍSTICO-ENUNCIATIVO-DISCURSIVA
De maneira concisa, traremos inicialmente uma rie de domínios,
princípios e características linguístico-enunciativo-discursivas pelos quais se
propõe que a autoria seja considerada. Francelino (2013, p. 10-17) evidencia,
mediante os elementos supracitados, como o sujeito se constitui na/pela
linguagem, representando-se como autor dos enunciados que produz, como uma
instância produtora de sentido(s). Para isso, propõe três domínios a partir dos
quais o sujeito formula seus dizeres: o enunciativo, o discursivo e o linguístico. A
partir daí, aponta princípios e características do processo autoral, conforme
apresentado no quadro a seguir.
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Quadro 1: domínios, princípios e características da autoria
AUTORIA: DOMÍNIO LINGUÍSTICO-ENUNCIATIVO-DISCURSIVO
Princípios
O autor é uma instância individual que
se constitui na alteridade
2º O autor instaura um leitor/interlocutor no
processo enunciativo
Características
1. O autor atribui um fim provisório ao
enunciado
2. O autor se manifesta nas variações que
o gênero sofre no decorrer do processo
enunciativo.
3. O autor realiza um trabalho de
seleção/combinação lexical no plano
linguístico da enunciação.
Elaboração nossa a partir das ideias de Francelino (2013)
Em relação ao primeiro princípio, o autor é um sujeito singular, único, mas
que se constitui como tal em função da alteridade que lhe funda, isto é, todos
os seus enunciados se banham no imenso fluxo da atividade verbal em que o
outro está, necessariamente, presente. O segundo princípio, por sua vez, também
diz respeito a um aspecto inerente à posição de autor, que é o fato de este
sempre partir de e dirigir-se a alguém, que vai desde o interlocutor virtual, aquele
que está no horizonte discursivo do autor, quanto o interlocutor real, concreto,
presente na interação face a face.
No que concerne às características da autoria, recorremos a alguns
postulados da própria noção de gênero discursivo. Na primeira, compreendemos
o autor como aquele que atribui, provisoriamente, um fim ao enunciado,
considerando que este é sempre aberto, podendo suscitar réplicas, entonações,
valorações axiológicas, a depender dos elementos do contexto enunciativo, como
a esfera discursiva, o projeto enunciativo do autor, dentre muitos outros.
A segunda característica concerne ao fato de o autor poder imprimir ao
gênero discursivo certas nuances que o tornam flexível, instável. Não postulamos
aqui que o sujeito tenha, ele próprio, sozinho, poder de modificar o gênero,
alterando sua configuração linguístico-enunciativo-discursiva, mas, no processo
enunciativo, a depender do contexto comunicativo, o gênero pode sofrer certas
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variações por parte do autor. Por fim, a terceira característica diz respeito às
escolhas linguísticas operadas pelo autor para a formulação de seus enunciados.
A língua coloca à disposição do sujeito um arsenal de formas que ele poderá
utilizar a serviço de seu projeto enunciativo, sendo isso o que configura, na nossa
concepção de autoria, o trabalho do autor com a língua, considerada aqui como
viva, concreta, real.
Diante do quadro acima representado, salientamos que, para a realização
da análise, centraremos nossa atenção apenas na terceira característica,
segundo a qual o autor realiza um trabalho de seleção/combinação lexical no
plano linguístico da enunciação, uma vez que a demanda principal de discussão
da análise gira em torno deste eixo: o sujeito Jesus Cristo, em suas enunciações,
profere-as por um querer-dizer, por escolha. De acordo com Bakhtin (1997, p.
301),
O querer-dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha de
um gênero do discurso. Essa escolha é determinada em função
da especificidade de uma dada esfera da comunicação verbal, das
necessidades de uma temática (do objeto do sentido), do conjunto
constituído dos parceiros, etc. (BAKHTIN, 2006, p. 301) (Grifos do
autor).
Medviédev (2016 [1928])
3
, outro estudioso e integrante do Círculo de
Bakhtin, fornece informações valiosas para uma concepção de gênero na
perspectiva de que a linguagem se materializa por meio de enunciados concretos,
articulando interior e exterior, “viabilizando a noção de sujeito histórica e
socialmente situado” (BRAIT, 2012, p. 373).
Mesmo em se tratando aqui do gênero exposição oral, o qual apresenta
especificidades semânticas (como o ato discursivo e a situação comunicativa),
perceberemos que tal gênero abriga outros, como é o caso da parábola, que
aparece na exposição oral elaborada por Jesus na situação comunicativa em
análise.
3
Especificamente na obra “O método formal nos estudos literários: uma introdução crítica a uma
poética sociológica”, no capítulo “Os elementos da construção artística/O problema do gênero”.
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Vejamos, primeiramente, o contexto em que se encontrava Jesus Cristo,
no momento em que começou a expor, oralmente, “A parábola
4
do semeador”. De
acordo com o capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus, após sair de casa,
estava Jesus assentado junto ao mar (v. 1). Então, conta-nos o escrito que se
ajuntou uma grande multidão ao dele (próximo a ele), até que este entrou num
barco e se assentou, enquanto a multidão permaneceu em na praia (v. 2). A
partir do versículo 3, encontramos o seguinte registro:
Quadro 2: Primeira Instância expositiva da parábola
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS, CAPÍTULO 13
v. 3
E falou-lhes de muitas coisas por parábolas, dizendo: eis que o
semeador saiu a semear.
v. 4
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao caminho, e vieram
aves, e comeram-na.
v. 5
E a outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e
logo nasceu, porque não havia terra funda.
v. 6
Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
v. 7
E a outra caiu em espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
v. 8
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, e outro a sessenta, e
outro a trinta.
Elaboração nossa.
A partir do contexto acima, percebemos que o princípio da seleção
enunciativa é manifestado pelo sujeito falante Jesus Cristo a partir do momento
em que seleciona uma combinação de palavras da língua em que enuncia: tanto
em seus discursos face a face quanto nas pregações, Jesus falava normalmente
em aramaico, que era o idioma comum para o uso diário entre os judeus da
Galiléia. Atesta-se isso na versão grega dos Evangelhos, em que algumas
palavras ou expressões são atribuídas a Jesus em aramaico: talitha qum/ Talita
cumi [Menina, eu te ordeno, levanta-te] (Mc 5.41), corbán [oferta ao Senhor] (Mc
7.11), effetha/efatá [abre-te] (Mc 7,34), abbá/Aba [paizinho, indicação de
intimidade] (Mc 14.36), Eloí, Eloí, lamá sabactani [Deus meu, Deus meu, porque
4
No contexto bíblico cristão, entende-se por parábola “Uma comparação, um paralelo: uma
narração curta para ensinar uma verdade moral ou espiritual... A parábola ensina verdades
celestiais” (BOYER, 2009, p. 401). Assim, “como figura de linguagem, é uma narração alegórica
que contém algum preceito moral... uma história que, por meio de um palavreado simbólico, serve
para ilustrar uma verdade, seja de ordem moral ou espiritual. Jesus utilizou-se muito desse
recurso em suas falas” (SABBAG, 2009, p. 387).
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me desamparaste?] (Mc 15.34). Esse ato seletivo, por parte do sujeito, -se em
função de alguns aspectos, tais como: (i) as condições amplas e imediatas da
enunciação, ou seja, para que(m) eu falo, com que intuito eu falo, que papel(is)
social(is) desempenha(m) meu(s) interlocutor(es) no processo enunciativo; (ii) e o
gênero discursivo nos quais se integram as interações.
No caso do sujeito Jesus Cristo, ele precisou estar de acordo com as
condições emergentes do seu discurso. Como falaria? A quem e de que forma
falaria, se havia uma multidão assentada aos seus pés? Caso seja feita uma
leitura completa não deste capítulo, mas também dos circundantes, veremos
que a enunciação não apenas é dirigida (por Jesus) a uma multidão, mas
especificamente a seus discípulos, de acordo com o texto de Mt 13. 10. Isso
muda totalmente o percurso interpretativo, pois nos permite entender o porquê de
Jesus lhes falar por parábolas. Vejamos outro segmento dessa narrativa.
Quadro 3: Segunda Instância expositiva da parábola
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS, CAPÍTULO 13
v. 10
E acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por
parábolas?
v. 11
E ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado o conhecer o
mistério do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
v. 13
Por isso lhes falo por parábolas. Porque eles, vendo, não veem, e
ouvindo, não ouvem nem compreendem.
Elaboração nossa.
Nesse fragmento, o sujeito falante Jesus Cristo teve o intuito de enunciar
por parábolas para que apenas alguns dos interlocutores a compreendessem,
almejando descobrir em momentos vindouros quem (entre a multidão) quereria
escutar o significado da parábola. Com isso, entendemos que existe um querer-
dizer por parte do enunciador, e ao mesmo tempo um querer-ocultar através de
seu dizer, ou seja, projetou seu discurso na formulação de algumas palavras
seletas e ocultou outras para que as pudesse explanar pouco tempo depois.
Neste momento em que Jesus enunciou sua parábola, vários enunciados
ficaram permeáveis à sua expressividade, ou seja, seu discurso poderia ter mais
de um sentido [a depender de como foi recebido por cada destinatário o(s)
outro(s)]. Como afirma Bakhtin (1997. p. 318):
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[...] em todo enunciado, contanto que o examinemos com apuro,
levando em conta as condições concretas da comunicação verbal,
descobriremos as palavras do outro ocultas, ou semi-ocultas e
com graus diferentes de alteridade. Dir-se-ia que um enunciado é
sulcado pela ressonância longínqua e quase inaudível da
alternância dos sujeitos falantes e pelos matizes dialógicos, pelas
fronteiras extremamente tênues entre os enunciados e totalmente
permeáveis à expressividade do autor. (BAKTHIN, 2006, p. 318.)
É nessa rede dialógica o discurso que se instituem sentidos que o
são originários do momento da enunciação, mas que fazem parte de um
continuum. Então, onde está o princípio dialógico neste ato enunciativo? Como
constataremos mais à frente, a dialogicidade deste discurso ocorrerá na própria
explicação da parábola, o que selecionamos aqui como um segundo momento da
exposição oral. Quando adentramos nesse segundo instante, entendemos que o
discurso é esclarecido para todos os que quiseram compreender a parábola. Para
Bakhtin (2006, p. 311), [...] quando escolhemos uma palavra, durante o processo
de elaboração de um enunciado, nem sempre a tiramos, pelo contrário do sistema
da língua, da neutralidade lexicográfica. Sempre costumamos tirá-la de outros
enunciados... (grifos do autor).
Percebemos essa retomada enunciativa quando Jesus se reporta ao
escrito messiânico de Isaías. Quando profere Mt 13.14 (“E neles se cumpre a
profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e não compreendereis, e vendo,
vereis, mas não percebereis)” está retomando Is 6.9 (Então disse ele: Vai, e dize
a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis: e vedes, em verdade, mas não
percebeis) para justificar o fato de grande parte da multidão não compreender a
parábola.
Segundo a narrativa Bíblica, no ano em que morrera o rei Uzias (rei de
Judá, filho de Azarias, II Reis 15. 1-13), foi dada uma ordem por Deus ao profeta
Isaías para que este repreendesse o povo, pois o coração das pessoas estava
endurecido e elas fecharam os olhos para que não pudessem entender com o seu
coração (conforme relato de Is 6.1 e 10). Jesus, então, ressignifica esta
passagem no Novo Testamento, dando-lhe uma nova significação, com sentido
semelhante.
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A não compreensão por parte do povo se dava por dois motivos
específicos: o primeiro, porque os discípulos vinham sendo instruídos por seu
Mestre
5
mediante uso de pabolas, ou seja, estavam acostumados com este tipo
de linguagem, diferentemente da multidão. O segundo motivo ganha
materialidade pelo que lemos em Mt 13. 15: “Porque o coração deste povo está
endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos,
para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, e não
compreendam com o coração....”
Ou seja, o povo não deu o valor necessário à parábola, gênero este que
requer bastante atenção, tanto por se constituir de sentidos múltiplos, quanto por
ser caracterizado por uma heterogeneidade discursiva, dentre outros aspectos,
como, em muitas vezes, a linguagem figurada, cifrada. Nesse instante, podemos
dizer que não estava acontecendo interação em sentido pleno entre o locutor e
(parte dos) seus interlocutores, pois o significado das palavras estava flutuando.
Segundo Francelino (2013, p. 17), “se a cada momento que utilizássemos a
palavra seu significado flutuasse, não haveria comunicação entre os sujeitos
falantes”.
Quadro 4: Explicação da parábola.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS, CAPÍTULO 13
v. 18
Escutai vós, pois, a parábola do semeador.
v. 19
Ouvindo alguém a palavra do Reino, e não entendendo, vem o maligno,
e arrebata o que foi semeado em seu coração; este é o que foi semeado
ao pé do caminho.
v. 20
Porém, o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra e logo
a recebe com alegria.
v. 21
Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada
a hora da angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se
ofende.
v. 22
E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os
cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas, sufocam a palavra, e
fica infrutífera.
v. 23
Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a
palavra; e dá fruto, e produz um cem, outro sessenta, e outro trinta.
Elaboração nossa.
5
Os discípulos se dirigiam a Jesus, muitas vezes, chamando-o de Rabi ou de Mestre.
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O segundo momento da exposição oral de Jesus é considerado aqui
como o instante em que permite a todos a explicação da parábola. Veja-se:
3. ANÁLISE(S) DA PARÁBOLA
Jesus, enquanto sujeito da enunciação, reporta-se ao seu auditório de
forma valorativa e responsável, e em meio às circunstâncias espaciais e
temporais, solicita que todos prestem atenção às significações imediatas da
parábola do semeador. Jesus, ao transgredir a Lei mosaica, postula que existem
três tipos de consciências, no que tange às pessoas que ouvem a mensagem
profética de Israel. Ao fazer isso, assume o risco de ser contrastado e provoca
reações, murmúrios, dúvidas. Responsiva e responsavelmente formula seu
discurso, quebrando a aparente expectativa de que suas palavras ficassem
flutuando (incompreensíveis).
Afirma Sobral (2009, p.84) que todo ato traz um tom avaliativo pelo qual o
sujeito se responsabiliza, envolvendo um conteúdo e um processo, “que adquirem
sentido ao ser unidos pela entoação avaliativa em sua relação com a
responsividade ativa”, ou seja, o interlocutor não é apenas um decodificador do
enunciado do outro, mas um co-produtor de sentido.
Desse modo, podemos dizer que o enunciador, apesar de recorrer a outras
vozes no elo da cadeia enunciativa, assume sua própria voz, conferindo um
caráter axiológico ao que diz, que “as seleções e escolhas são,
primordialmente, tomadas de posições axiológicas frente à realidade linguística,
incluindo o vasto universo de vozes sociais” (FARACO, 2009). Nesse
direcionamento argumentativo, o sujeito, apesar de unir atos éticos objetivados
por uma coletividade, o faz “em seus próprios termos”, pelos quais tem de
responsabilizar-se (SOBRAL, 2009, p.232).
A palavra de Jesus, impregnada de sua expressividade, foi assumida por
ele mesmo de forma bastante específica, a depender da situação. O discurso foi
enunciado, porém, não significa que todos os interlocutores o receberam da
mesma maneira.
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De acordo com a Teoria Dialógica da Linguagem, todos os enunciados no
processo de comunicação são dialógicos e isso não seria diferente com o
discurso de Jesus. No discurso sobre “A parábola do semeador”, existe uma
dialogização interna da palavra, que é perpassada pela palavra do outro. Jesus,
como enunciador, para constituir seu discurso, leva em conta o discurso de
outrem, utilizando-o no seu discurso. Essa compreensão mútua se perfaz a partir
do instante em que Jesus discursa em um plano enunciativo reconhecível por
todos, ou pelo menos, pela maior parte das pessoas. Acerca deste aspecto,
afirma Bakhtin:
Enquanto falo, sempre levo em conta o plano aperceptivo sobre o
qual a minha fala será recebida pelo destinatário; o grau de
informação que ele tem da situação, seus conhecimentos
especializados na área de determinada comunicação cultural,
suas opiniões e suas convicções... pois é isso que condicionará
sua compreensão responsiva do meu enunciado. (BAKHTIN,
2006, p. 321).
Entretanto, é preciso atentar para o fato de que “a individualidade e o
contexto imprimem seus efeitos no uso da palavra no processo da comunicação
verbal humana” (FRANCELINO, 2013, p. 17). Na ótica de Bakhtin (2006, p. 127),
“a arquitetônica do mundo da visão artística não ordena os elementos
espaciais e temporais, mas também os de sentido; a forma não é espacial e
temporal, mas também do sentido”. A arquitetônica faz referência ao todo, e
segundo Sobral, a forma arquitetônica faz referência “à superfície discursiva, à
organização do conteúdo, expresso por meio da matéria verbal, em termos das
relações entre o autor, o tópico [herói] e o ouvinte” (SOBRAL, 2009, p. 68).
Levando em conta as categorias bakhtinianas da palavra, e sob a ótica da
exposição oral de Jesus como um todo, somos levados a pensar o autor como
uma instância subjetiva. Jesus, apesar das coerções sócio-históricas que
perpassaram a sua formação, relaciona-se com a linguagem visando à produção
de determinado(s) efeito(s) de sentido nas situações de uso da linguagem. Em
outras palavras, ainda que, por motivos potico-sociais, o chamado Messias
estivesse enquadrado em um contexto discursivo-legal farisaico, ou seja, ainda
que estivesse em um cenário cultural em que imperavam as leis do partido dos
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fariseus, não submeteu seu discurso por completo e sua palavra esteve revestida
de um querer-dizer. Nas palavras de Francelino,
O autor, nesse aspecto, é aquele que trabalha num espaço em
que as palavras apresentam-se móveis, flutuantes, polissêmicas,
ocupando este ou aquele espaço sócio-histórico e, para usar uma
tese bakhtiniana, refletindo e refratando tal espaço. O autor
institui-se como tal nessa instância saturada pelos enunciados
outros, constituindo-se singular em meio à pluralidade e à
diversidade. (FRANCELINO, 2013, p. 18).
Por fim, podemos constatar que a individualidade de Jesus, como autor, é
marcada na expressão de seu querer-dizer, de sua projeção discursiva, e
finalmente, de sua potencialidade para o diálogo. O discurso sobre a parábola do
semeador é ressignificado pelo sujeito autor, no contato que estabelece com a
realidade sócio-histórica dos interlocutores que o recebem. Assim entendemos
Jesus Cristo como responsável linguística e enunciativamente por seu discurso
sobre a pabola do semeador, configurando-se autor de um enunciado
visivelmente dialógico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme se demonstra na análise, a autoria, entendida aqui como uma
função enunciativo-discursiva do sujeito (neste caso, Jesus Cristo), é passível de
ser apreendida na materialidade linguística do enunciado (no processo da
enunciação), ou seja, quando nos reportamos a sua exposição oral acerca da
parábola do semeador, observamos o enfoque dialógico do discurso presente nos
enunciados mobilizados por Jesus em direção a seu auditório social.
Compreendemos como se manifesta a dialogicidade do discurso a partir do
instante em que são deixados rastros e pistas no fio do enunciado, conforme
aponta Volochínov (2017 [1929]). Nesse sentido, esses rastros consistem no
segundo momento de exposição da Parábola, ou seja, no momento em que o
autor, Jesus Cristo, explica ao menos parte da densidade discursiva pretendida.
É na inserção linguístico-textual e enunciativo-discursiva que o autor (da
parábola) coloca-se num terreno fluido de uso da linguagem, encontrando-se na
zona de intersecção entre a ordem do individual e a ordem do social. Em outros
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termos, o lugar da constituição/ representação de Jesus Cristo é caracterizado
pela forte tensão entre suas palavras e o dizer (o silêncio é uma forma de dizer
algo) do outro. Em linhas finais, vale salientar que a compreensão do universo
discursivo deste sujeito autor se dá na relação que mantém com o outro.
A fim de averiguarmos as categorias autoria e responsividade nas
enunciações de Jesus Cristo, através da escritura de Mateus, apoiados nas
formulações bakhtinianas, identificamos marcas enunciativas responsáveis pela
análise dialógica de um discurso crítico sobre um cenário legalmente religioso.
Nessa perspectiva, compreende-se que uma construção enunciativa não
pode manter relação axiológica nem responsiva consigo mesma, “como um
castelo imanente. Enquanto houver enunciados que se voltam para si mesmos,
para as suas instâncias morfossintáticas ou plástico-picturais em auto-confissão,
não podem ser cronotopicamente nem esteticamente significativos nem
condensados” (SANTANA, 2017, p. 246). Na tentativa de criar um álibi na
existência, e de inibir os entornos de um acontecimento pleno, “a ausência de
suas instâncias verboideológicas e culturais concretas cegam o discurso de tal
forma que se torna um sacrifício morto, vencido”. (SANTANA, 2017, p. 246).
Em linhas inacabadas, corroboramos com as construções bakhtinianas de
que todo enunciado é responsivo, porque evoca, no elo da cadeia discursiva, uma
resposta a partir de uma dada posição social, e responsável, uma vez que todo
ato traz um tom avaliativo sobre o qual o sujeito se responsabiliza. A escritura de
Mateus, de forma singular, registra as assinaturas de Jesus, em que assume seu
dizer. Seu discurso não é unívoco sobre o contexto em que se insere, mas
reafirma-se enquanto Ser-evento no mundo.
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