Foucault (2008) considera a flexibilidade da formação discursiva, assim como o
discurso, possibilitando entendê-la como vinculada à temporalidade de emergência de um
determinado discurso. Importante destacar, nesse contexto, os acontecimentos, nos quais os
discursos se formam e as formações discursivas elencadas. É possível compreender que
uma formação discursiva está intimamente ligada ao contexto histórico, fator que
possibilita sua emergência, estando vinculada aos fenômenos constitutivos dos discursos.
Os discursos se constituem por uma rede de ligações. Porém, não são repetitivos,
pois cada “já dito” se manifesta como um “não dito”, bem como defende Foucault (2008,
p. 28, grifo do autor), afirmando que:
[...] todo discurso manifesto repousaria secretamente sobre um já-dito; e
que este já-dito não seria simplesmente uma frase já pronunciada, um
texto já escrito, mas um "jamais-dito", um discurso sem corpo, uma voz
tão silenciosa quanto um sopro, uma escrita que não é senão o vazio de
seu próprio rastro. Supõe-se, assim, que tudo que o discurso formula já se
encontra articulado nesse meio-silêncio que lhe é prévio, que continua a
correr obstinadamente sob ele, mas que ele recobre e faz calar.
Essas considerações demonstram que um discurso está sempre em consonância com
outro(s), isto é, um “já dito” em algum momento na história. Porém, vale ressaltar, de
acordo com as palavras do autor, é que esse discurso ganha sentido novo, de acordo com o
momento histórico que é produzido, não simplesmente repetindo o que já foi dito. Além
disso, considera-se que o sujeito fala de algum lugar social, fator que o influencia
diretamente na emergência de seus discursos.
Nesse contexto, vinculado ao social, a produção do discurso obedece a uma ordem,
envolvendo tanto fatores externos quanto internos a ele, como meios de controle, como se
percebe a seguir. Entende-se por exclusão esse processo de seleção, tendo em vista que sua
produção obedece a um período histórico que permite dizer algo, bem como sua
acessibilidade em relação aos sujeitos receptores. Por outro lado, o sujeito do discurso deve
possuir autoridade (saber) para produzir tal discurso de acordo com sua classificação
categórica como, por exemplo, assuntos científicos, que exigem formação na área para se
dizer sobre o tema.
Nessa perspectiva, pela ordem do discurso,
[...] suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo
tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo
número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e